A singularidade da dor de pacientes oncológicos em cuidados paliativos
A dor que pacientes oncológicos vivenciam se faz presente em vários momentos de suas vidas, seja em virtude dos tratamentos, pela localização da neoplasia, pelo quadro clínico no qual o paciente se encontra. Quando o adoecimento chega em um estágio avançado, em que não há mais possibilidades curativas, o tratamento para estes pacientes passa a ser paliativo. A dor faz parte do cotidiano desses sujeitos com câncer e em Cuidados Paliativos. Alguns pacientes, apesar de terem suas dores minimizadas com o uso de opióides e diversos tratamentos para analgesia, apresentam dor crônica refratária, o que torna o momento de internação hospitalar doloroso e de difícil atravessamento. Atualmente, a dor tem sido estudada para além de seus sintomas físicos, e compreendida como um fenômeno multidimensional, incluindo as esferas sociais, espirituais, psíquicas. Este trabalho teve como objetivo principal compreender a vivência da dor de pacientes oncológicos que estão sob tratamento paliativo e apresentam dor crônica e, como objetivos específicos, analisar as repercussões da dor na vida dos pacientes, identificar os recursos de enfrentamento e identificar como eles descrevem sua dor. Participaram da pesquisa duas pacientes que apresentavam dor crônica e que estavam internadas na Clínica de Cuidados Paliativos Oncológicos de um hospital público de Belém (Pará) e que assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Para coleta de dados, foram utilizadas entrevista semiestruturada e o diário de campo. A abordagem qualitativa foi eleita como proposta de investigação do estudo, tendo a Análise de Conteúdo para a análise dos dados obtidos. Como resultados, a partir dos discursos coletados pelas entrevistas e pelas anotações no diário de campo, a dor mostrou-se como uma perturbação para além do corpo, sendo um incômodo psíquico e existencial, que impede a rotina da vida, a realização dos desejos e se aproxima de uma amarga angústia e traz consigo um luto imposto por ela e pelo processo de adoecimento. A religiosidade e a espiritualidade, bem como a dificuldade de deparar-se coma dor e falar dela, são resultados de como as participantes enfrentavam este momento de suas vidas.
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1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.8 Cuidados Paliativos
Hospital Ophir Loyola - Pará - Brasil
Vitória Cordovil de Almeida, Janari da Silva Pedroso, Elvira Silvestre Chaves Gama, Patrícia do Socorro Nunes Pereira