A clínica psicológica em Unidades de Tratamento Intensivo
Taynara Gomes do Vale (Moderadora)
Título: A entrevista clínica psicanalítica na UTI
Resumo: O psicanalista atuante em ambientes divergentes do consultório tem maior possibilidade de rever a sua práxis. Eventualmente, a instiga e a inquietação são manifestadas quando da exploração da teoria e da prática nestes novos campos. A mudança sucedida pode ser comparada aos estudos iniciais de Sigmund Freud no período da formulação da psicanálise (Moura, 2000). Dessa forma, o trabalho do psicanalista em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é considerado um lugar no qual a clínica se faz presente de maneira, por vezes, inusitada, criativa e única em um ambiente considerado crítico e de urgência, onde o Kronos é restrito e minguante e o Kairós intenso e condensado. A problemática emerge no questionamento sobre a atuação do psicanalista, na qual a palavra não está presente e o sujeito está diante do Real, indaga-se se há a possibilidade de estabelecimento de um processo analítico ou um espaço de escuta. Por conseguinte, este trabalho tem por objetivo explicitar, por meio do relato de experiência, a clínica psicanalítica em uma UTI, além de elucidar a elaboração de uma entrevista clínica semiestruturada voltada a estes pacientes.
Hélcio dos Santos Pinto
Título: O paciente internado em UTI
Resumo: O ambiente hospitalar possui diversos níveis de atenção ao paciente internado. Aliado a isto tem-se que cada paciente possui a sua singularidade e que esta estará implicada na forma como cada sujeito vivenciará o período de internação. Um destes espaços são as Unidades de Terapia Intensiva, responsáveis pelo suporte avançado de vida aos pacientes. Dessa forma, este trabalho tem por objetivo discutir, por meio de relato de experiência, as possibilidades de atendimento psicológico sob orientação psicanalítica com pacientes internado sem Unidade de Terapia Intensiva de um Hospital Escola do Paraná, entendendo que os atendimentos psicológicos em ambiente hospitalar se caracterizam sem o propósito de iniciar uma análise, como apontado por Simoneti (2004). Porém, é pertinente pensarmos nos impactos que estas unidades trazem aos sujeitos, mobilizando questões de destituição de sua realidade factual, além de perda de imagem corporal, sendo a partir deste lugar que o psicólogo pode contribuir com a possibilidade de escuta para as questões que forem surgindo diante desta quebra de rotina e adoecimento (Moura, 2000).
Stephanie Cristin Otto
Título: Na saúde e na doença: Atendimento aos familiares de pacientes internados em UTI’s
Resumo: Unidades de Tratamento Intensivo são lugares de intensidade, que se traduz não apenas nos cuidados para com o físico do paciente, mas também, no abalo emocional decorrente do processo de internação (SIMONETTI, 2011). Neste ambiente, pacientes, equipe e familiares vivenciam de perto a díade vida e morte. O paciente é considerado crítico e cada minuto traz um impacto nos que vivenciam este processo. Por este motivo, a abertura de um espaço de escuta com os familiares se faz, também, primordial. Possibilitar por meio da palavra a expressão das angústias, dúvidas e anseios da família permite uma elaboração desta trajetória e um consequente rearranjo familiar. Neste sentido, o objetivo deste trabalho é o de compartilhar a prática realizada por uma equipe de psicologia com familiares em Unidades de Terapia Intensiva em um Hospital Escola do Estado do Paraná. Este trabalho se realiza por meio do atendimento clínico em horários de visita; reuniões de Gravidade, Terminalidade, Cuidados Paliativos e Limitação de suporte; visitas infantis programadas e acolhimento ao luto. Entendemos que o trabalho de escuta aos familiares se faz tão importante como o realizado aos pacientes, uma vez que a elaboração deste processo pela família permite uma relação mais genuína entre familiares, com menos ruídos e mais compreendida nela mesma.
Henrique Shody Hono Batista
Título: O que é o "paliativo" em UTI?: Discursos, reflexões e desafios a partir da prática.
Resumo: As Unidades de Tratamento Intensivo (UTI's) caracterizam-se como locais de maior expressão da racionalidade médica, marcado pelo uso de extensa tecnologia e alta complexidade de procedimentos. Além disso, qualifica-se como um local de prevalência de abordagens curativas que ajudam os pacientes na luta pela vida, mas ainda falha na promoção de qualidade de término (Rubens, Costa & Mesquita, 2010), ou seja, a "boa morte". Neste sentido, os cuidados paliativos têm surgido como alternativa de abordagem terapêutica e complemento da já conhecida medicina curativa. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os Cuidados Paliativos tem por objetivo promover a qualidade de vida para pacientes, e seus familiares, cuja doença esteja fora de possibilidade de cura, por meio de controle e alívio de sintomas e cuidado integral nas diversas dimensões da vida humana (Matsumoto, 2012). No contexto das UTI's, a implementação dos cuidados paliativos tem aparecido como um desafio, uma vez que as dificuldades inerentes ao trabalho neste setor são atravessadas pelas angústias, medos e desconhecimento dos próprios profissionais. Deste modo, por meio do compartilhamento de experiências vividas em um hospital público de Curitiba - PR, torna-se necessário revisitar as noções de terminalidade e cuidados em fim de vida, a fim de possibilitar uma quebra dos preconceitos sobre o processo de finitude.
5. Novas Tecnologias, Gestão e Formação em Psicologia Hospitalar e da Saúde - 5.4 Implantação de Serviços de Psicologia no Hospital Geral
Hospital de Clínicas - Universidade Federal do Paraná - Paraná - Brasil
Taynara Gomes Do Vale, Hélcio Dos Santos Pinto, Henrique Shody Hono Batista, Stephanie Cristin Otto