Título

Proposta de entrevista clínica psicológica ao paciente de UTI – Aspectos estruturais

Resumo

A entrevista clínica é um conjunto de técnicas de investigação, dirigido por um entrevistador treinado e que possua conhecimento em aspectos psicológicos. A entrevista tem por objetivo avaliar e descrever aspectos sistêmicos, pessoais ou relacionais do sujeito, visando realizar encaminhamentos, recomendações ou alguma terapêutica interventiva (Tavares, 2007). A entrevista clínica proposta visa ser uma fonte de coleta de dados, além de um instrumento para promover suporte emocional aos pacientes internados em uma Unidade de Terapia Intensiva, visto que esta tem por finalidade oferecer um suporte avançado e um cuidado contínuo aos pacientes críticos e com risco de óbito. Quando o sujeito é internado em uma UTI, ele sofre uma ruptura do seu modo de viver, de suas relações e de seu espaço de convívio, afetando diretamente a sua identidade (Silva, 2010). Este trabalho propõe construir uma avaliação psicológica, voltada a pacientes críticos, internados em uma Unidade de Terapia Intensiva de um Hospital Escola do Paraná. A entrevista ocorreu nos primeiros dias da internação e utilizou-se de um roteiro semiestruturado que comporta as seguintes temáticas: (1) compreensão do paciente sobre seu estado de saúde e motivo da internação; (2) investigação de rede de suporte emocional; (3) dinâmica familiar; (4) dados sociodemográficos e; (5) aspectos da semiologia psiquiátrica. Observou-se que esta metodologia não é eficiente no manejo de pacientes em delirium; em Intubação Oro Traqueal ou Traqueostomia associado com astenia; com dores intensas; sobre efeito de medicação sedativa; com algum prejuízo neurológico; em surto psicótico ou maníaco e; em abstinência por uso de alguma substância psicoativa. A entrevista clínica proposta se utiliza de um modelo estrutural que tem por principal função obter informações pertinentes do paciente crítico internado em UTI. Durante prática hospitalar observou-se que estas perguntas ajudaram o psicólogo a: a) delimitar frentes de intervenção ao caso; b) promover estratégias para manejo de possíveis intercorrências clínicas; c) realizar orientações ao paciente e à família sobre o internamento e possibilidades de atuação; d) fornecer dados psicológicos relevantes à equipe assistencial; e) mediar possíveis falhas de comunicação entre paciente e equipe e; f) proporcionar um espaço de escuta voltada à urgência psicológica de cada um. Esta ferramenta foi construída a partir da experiência clínica dos autores em sua prática. Observa-se que o roteiro elaborado não deve seguir uma ordem de aplicação, cabendo ao profissional ater sua escuta a estes aspectos durante o decorrer da fala do paciente e de seus familiares, pois neste momento o vínculo terapêutico pode ser formado e a transferência estabelecida.

Referências Bibliográficas

Silva, M. J. P. da (2010); et al. Humanização em UTI. In: Padilha, K. G et al. Enfermagem em UTI: cuidado do paciente crítico. 1ª Edição. Manole: Barueri/SP. pp. 1324-1366
Tavares, M (2007). A entrevista clínica. In: Cunha, J. A. Psicodiagnóstico. 5ª Edição. Artmed: Porto Alegre/RS. pp. 45-56.