DIAGNÓSTICO DO ESTRESSE DE DOENTES RENAIS CRÔNICOS: serviço de psicologia e hemodiálise.
Introdução: A doença renal crônica dialítica afeta a qualidade de vida do paciente, por vezes de maneira mais intensa que outras doenças crônicas. No Brasil, bem como a nível mundial, a modalidade terapêutica para doentes renais crônicos passa a ser vista como um problema de saúde pública, já que muitos dos doentes são hipertensos e apresentam variações patológicas da frequência da variabilidade cardíaca. Desde 2003, observa-se que, 60% dos pacientes renais crônicos têm como causa da falência renal, diabetes mellitus e outras doenças que aumentam o risco cardiovascular mesmo antes destes pacientes iniciarem a terapia renal substitutiva. Esta é uma das razões pela qual o estresse é incluído como fator de risco à saúde, uma vez que, a longo prazo, esse aumento da pressão arterial contribui para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Diante de tal realidade clínica, os pacientes tendem a manifestar queixas de estresse. O diagnóstico dos sintomas do estresse pode ser facilitado por tecnologias avançadas e proporcionar diagnósticos mais precisos. Entre os métodos computacionais usa-se o cardiofrequencimetro para mensurar a variabilidade da frequência cardíaca. O índice de produção do hormônio cortisol em amostras plasmáticas ou salivares também são considerados bons marcadores biológicos, adequados para mensurar o estresse físico. A colheita da amostra salivar não é invasiva como a plasmática, e as amostras podem ser colhidas sem procedimentos estressores. Além destes, o instrumento psicométrico Inventário de Stress – ISSL possibilita o diagnóstico de ocorrências de sintomas de estresse físico e psicológico. Objetivo: Diagnosticar o nível de estresse físico e psicológico dos doentes renais crônicos em hemodiálise. Método: Pesquisa quantitativa e qualitativa considerando aspectos psicológicos e comportamentais. Instrumentos: cardiofrequencímetro, ensaio imunoenzimático (ELISA), para análise do cortisol salivar e inventário de sintomas do stresse – ISSL; Participantes: 38 adultos, em hemodiálise, Local: Instituto de nefrologia, no interior do Mato Grosso do Sul. Resultados: Há maior incidência de doentes do gênero masculino, com idade entre 35 – 65 anos, os sintomas de estresse são mais frequentes nos homens. Durante a coleta de dados quatro participantes tiveram morte súbita. Discussão: Segundo análise estatística dos dados, não há diferença significativa do nível de estresse, considerando distância no domicílio até o Instituto de hemodiálise. O inventário de sintomas do estresse - ISSL apontou sintomas psicológicos e físicos, que foram parcialmente confirmados nos marcadores: digital–variabilidade da frequência cardíaca e biológico–cortisol salivar. Do ponto de vista do paciente, há várias queixas estressoras: vivências pessoais, a doença, tratamento, serviço psicossocial insuficiente, além da orientação nutricional insatisfatória. O atendimento médico e da enfermagem são considerados satisfatórios. Considerações finais: Os dados desse estudo corroboraram com o Censo brasileiro de Nefrologia de 2013, isto é, as etiologias das doenças renais primárias mais frequentes foram: hipertensão arterial e diabetes, seguidos por glomerulonefrite crônica e rins policísticos; além de outros diagnósticos. A taxa anual de mortalidade bruta foi de 17,8%. Portanto, nesse estudo a falta de atendimento especializado no município de origem do doente, não foi o fator determinante para maior ocorrência de estresse.
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palavras chave: doença renal crônica, hemodiálise, VFC, cortisol, inventário de stresse
1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.5 Doença Crônica e Dor ao longo do Ciclo da Vida
Silvia Maria Bonassi, Renato Zângaro