11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

ExpoGramado – Centro de Feiras e Eventos - Gramado /RS | 30 de agosto a 02 de setembro de 2017

Dados do Trabalho


Título

Psicologia Hospitalar para que(m)?: objeto institucional e clientela.

Resumo

Na literatura e, principalmente, na prática, é possível perceber que a Psicologia Hospitalar (PH) é uma área vasta e controversa. Muitos e diferentes discursos são produzidos sob esse título. Partindo da concepção de que instituições se produzem no dizer, a pluralidade de discursos é mais do que semântica, estrutural, sendo possível identificar diferentes PHs.

O objetivo foi realizar uma análise de que maneiras a psicologia hospitalar se institui e legitima no discurso de profissionais da área.

Estudo de metodologia qualitativa, fundamentado na Análise Institucional do discurso, segundo Guirado. O trabalho aqui representado é parte de dissertação desenvolvida na Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Paraná. Coleta realizada no período de set/15 a jan/15 CAEE 50156515.2.0000.0102, por meio de entrevistas individuais, em 6 psicólogas hospitalares. Cada entrevista foi analisada separadamente com o objetivo de compreender a organização de suas marcas discursivas naquilo que trazem de singularidade e naquilo que repetem. Posteriormente agrupadas em eixos, essas análises configuram um lugar institucional para a psicologia no hospital, a partir do qual constituem seus conceitos, clientela, objeto e relação com outras áreas. Focamos, nesse trabalho, no objeto institucional da PH circunscrito nesses discursos.

Os resultados a que chegamos dialogam com temas apontados pela literatura. Na fala das entrevistadas, o objeto institucional circunscrito para a PH são as “questões emocionais em torno do adoecimento”, visto que o hospital se distingue das outras instituições de atuação do psicólogo por sua proposta de tratar o momento do adoecimento e a psicologia se diferencia das outras profissões atuantes no hospital por tratar de questões emocionais e psíquicas. As questões trabalhadas são as dos pacientes, configurados como clientela exclusiva e operando uma separação em relação à equipe.

A insuficiência das teorias aprendidas é queixa recorrente das entrevistadas. Isso está relacionado à lacunas na formação, mas também ao objeto e clientela configurados e a exclusão da equipe. Lacunas que podem ser preenchidas com estratégias para entender e intervir com os demais profissionais de saúde, como a clínica de Balint, ou a psicologia institucional, podendo passar pelas obras de Pichon-Riviere, Bleger, Lapassade, Loureau ou Foucault, que influenciou, sobretudo a estratégia de Guirado.

Ao desconstruir a diferenciação entre instituição e sujeitos que opera na fala das entrevistadas o objeto da psicologia passaria a ser as relações. Analisar a instituição é importante para analisar a clientela, entender as condições de produção dos discursos dos pacientes e familiares, que só são possíveis ali, se configuram nesse lugar.

Referências Bibliográficas

Ballint, M. (1975). O médico, seu paciente e a doença. Rio de Janeiro/São Paulo: Livraria Atheneu.

Bleger, J. (1984). Psico-higiene e Psicologia Institucional. Porto Alegre: Artes Médicas.

Foucault, M. Sujeito e Poder (1995). In Yazbek, A. C. 10 Lições sobre Foucault. Petrópolis, RJ: Vozes, 2015.

Guirado, M. (2010) Análise Institucional do Discurso como analítica da subjetividade. São Paulo: Annablume.

Lapassade, G. (1977). Grupos, Organizações e Instituições. Rio de Janeiro: Francisco Alves.

Lourau, R. (1975). A Análise Institucional. Petrópolis: Vozes.

Pichon-Rivière, E. (1996). O processo Grupal. São Paulo: Martins Fontes.

Área

1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.7 Intervenções Individuais ou Grupais no HG

Instituições

Universidade Federal do Paraná - Paraná - Brasil

Autores

Ilana Goretti Cavichiolo, Luciana Albanese