Título

Estimativa da prevalência de sofrimento psicológico e transtornos afetivos entre pacientes idosos internados em Hospital Geral (HG): resultados preliminares

Resumo

Introdução: O adoecimento não faz parte do projeto de vida, logo, é comum que cause um forte impacto à pessoa que adoece1. Na necessidade, o período de hospitalização é vivenciado pela pessoa de acordo com seus aspectos de personalidade, histórico de vida, contexto social, recursos emocionais, entre outros, podendo ser vivenciado de forma desadaptativa2. Nesse contexto, a pessoa idosa pode apresentar fragilidade emocional e menor nível de resiliência durante a hospitalização2, aumentando as chances de desenvolvimento de comorbidades psiquiátricas como ansiedade, depressão e comportamentos agressivos.3 Essa reação pode dificultar a adesão do paciente idoso ao tratamento, aumentando sua morbimortalidade e os custos de sua internação à sociedade. Objetivos: o presente estudo teve o intuito de avaliar o funcionamento de saúde mental de uma amostra de pacientes idosos internados em Hospital Geral (HG). Metodologia: estudo epidemiológico, observacional, de corte transversal, realizado com amostra probabilística composta por 68 pacientes idosos internados em uma enfermaria de clínica médica de um pronto-socorro de HG na cidade de São Paulo. Foram incluídos os pacientes que estivessem conscientes e organizados no momento da abordagem e sem diagnóstico prévio de transtorno psiquiátrico. Os pacientes foram solicitados a responder um questionário sobre características demográficas, bem como escalas para a avaliação de sua saúde mental, especificamente em relação a: (1) sofrimento psicológico (SRQ- 20); (2) estresse percebido (PSS) e (3) atividades da vida básica e instrumental (índice de Katz). O desempenho nessas escalas e outras variáveis foi comparado entre pacientes com e sem sintomas de depressão e de ansiedade, de acordo com escala específica (HAD); a diferença entre os grupos foi assumida quando p<0,05. Resultados: 21 pacientes foram excluídos da análise, a maioria devido a dificuldades cognitivas no momento da entrevista. Dos incluídos, 78,3% são homens, com idade de 69,2±8,0 anos, casados (48%) e internados na instituição há uma média de 5,7±2,4 dias. Deles, 61,9% (N=13) tinham sintomas depressivos e 47,6% (N=10) sintomas ansiosos. Todos os pacientes com sintomas ansiosos também tinham sintomas depressivos. Aqueles com algum sintoma de transtorno afetivo não diferiram dos demais quanto à idade (p=0,11), estado civil (p=0,364), dias de internação na unidade (p=0,78), na instituição (p=0,69) e tampouco quanto ao funcionamento em termos de atividades da vida diária, sejam elas básicas (p=0,57) ou da vida instrumental (p=0,19). Entretanto, esses pacientes relataram maior sofrimento psíquico (p=0,02) e maior número de sintomas de estresse (p=0,059) que seus pares que não pontuaram para qualquer tipo de sintoma psiquiátrico. Discussão dos Resultados: Pacientes idosos com transtornos afetivos podem entender a hospitalização com mais sofrimento que seus pares. A existência de transtornos afetivos pode interferir negativamente na adesão do paciente ao tratamento e, sobretudo, em seu prognóstico, causando danos aos pacientes e em seus familiares, representando alto custo à toda a sociedade. Conclusões ou Considerações Finais: os autores sugerem que transtornos afetivos sejam avaliados como parte de protocolo de rotina, desde o momento da internação do paciente, em quaisquer enfermarias de HG.

Referências Bibliográficas

1. Camon,A.W.A.,Chiattone,H.B.C.,Sebastiani,R.W. Psicologia Hospitalar Teoria e Prática. São Paulo : Cengage Learning; 2013
2. Bruscato, W.L., A psicologia na saúde: da atenção primária à alta complexidade. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2014.
3. Netto,R. et al. Ansiedade e depressão em pacientes com tumores do sistema nervoso, hospitalizados à espera da cirurgia. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, v. 11, n. 2, p. 267-284, 2009.