11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

ExpoGramado – Centro de Feiras e Eventos - Gramado /RS | 30 de agosto a 02 de setembro de 2017

Dados do Trabalho


Título

A influência da comunicação de más notícias na adesão ao tratamento de pacientes com indicativo para cuidados paliativos

Resumo

Introdução
Quando falamos de cuidados paliativos, a primeira associação feita é com a morte. Porém, cuidados paliativos são a promoção da qualidade de vida para familiares e pacientes que enfrentam uma doença ameaçadora da vida, como proposto pela OMS (2002). O pouco conhecimento faz com que, muitas vezes, a equipe paliativista de um hospital seja considerada como “anunciadora da morte”. Este comportamento vai de familiares e pacientes a profissionais que hesitam em contatar a equipe e em comunicar as más notícias. Essa “conspiração silenciosa” (ÀRRIES, 2003) se coloca como barreira na adesão ao tratamento e na melhor oferta de apoio psicológico no ambiente hospitalar. A conspiração também é o impede a tomada de decisões do paciente, a elaboração de um plano de morte e a resolução de conflitos familiares. O estudo aqui apresentado foi desenvolvido a partir de uma pesquisa maior desenvolvida por residentes da Psicologia do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel) da qual as autoras fizeram parte na coleta de dados
Objetivo
Problematizar a contribuição da Psicologia na comunicação de más notícias com pacientes com indicativo para cuidados paliativos, considerando a realidade do HE-UFPel.
Metodologia
Realizou-se um primeiro contato com todos os pacientes oncológicos internados no período de setembro à dezembro de 2016, buscando mapear quais estavam cientes de seu diagnóstico. Estes preenchiam questionários socioeconômicos, escalas de ansiedade e depressão e modos de enfrentamento de problemas. Os demais realizavam apenas a conversa inicial após análise do prontuário médico. Posteriormente foi feita uma busca de publicações em bases de dados online (PubMed e Scielo) usando os descritores “Breaking Bad News”, “Cuidados Paliativos” e “Impactos Psicológicos”.
Resultados
Durante a pesquisa, foi possibilitado o contato com pacientes de diferentes setores do hospital. O que mais chamou a atenção e originou esta pesquisa é que em ao menos 40% dos leitos visitados por dia os pacientes que sabiam seu diagnóstico. 32% destes tinham indicativo de cuidado paliativo. Todos eles apresentavam vontade de conhecer mais o que tinham e de atendimento psicológico. Nenhum dos pacientes aqui descritos tinha perspectiva de ser avaliado pela equipe paliativista. Foram encontradas 20 publicações que contemplavam os descritores procurados.
Discussão
Falar sobre morte é um dilema na nossa sociedade, gerando desconforto, não só para pacientes e familiares, como para profissionais da área da saúde. Porém muitas vezes o paciente reconhece que está gravemente doente e espera da equipe a certeza de que ela fará todo o possível para minimizar sua dor e lhe propiciar um tratamento adequado, como defende Kübler-Ross (2012). Muitos dos pacientes aqui apresentados tinham indicativo de Cuidados Paliativos, mas nem tinham conhecimento da doença.
Conclusão
O contato com a equipe paliativista pode impactar na promoção da qualidade de vida do mesmo. A falta de comunicação equipe-paciente pode influenciar na quebra da confiança no profissional. O que fica claro a partir deste estudo ainda inicial é que profissionais da psicologia podem auxiliar na mediação da comunicação das más notícias contribuindo para a criação de vínculo equipe-paciente-família, facilitando a adesão ao tratamento.

Referências Bibliográficas

ARRIÈS, Phillippe. História da morte no ocidente: da idade média aos nossos dias. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003.

KÜBLER-ROSS, Elisabeth. Sobre a Morte e o Morrer: o que os doentes terminais têm para ensinar a médicos, enfermeiras, religiosos e aos seus próprios parentes. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes,3ª tiragem, 2012.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Palliative care definition. Geneva: WHO, 2002. Acessado em 09 ago 2016. Online. Disponível em:http://www.who.int/cancer/palliative/definition/en/

Área

1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.8 Cuidados Paliativos

Instituições

Universidade Federal de Pelotas - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Sylvia Tavares Barum, Morgana Nunes