Título

AS EXPERIÊNCIAS DA MATERNIDADE FRENTE À INTERNAÇÃO DE LONGA DURAÇÃO NAS GESTAÇÕES DE ALTO RISCO E A ATUAÇÃO DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL

Resumo

Introdução: O ciclo gravídico-puerperal é definido como um momento que envolve transformações físicas, psicológicas e sociais, que se inicia no momento da fecundação até o puerpério, e é marcado por diferentes percepções por parte da mulher, e por isso, é de fundamental importância que ocorra um cuidado e uma atenção especializada nesse momento.
Muitos autores trazem a gravidez como uma experiência marcada pelas ansiedades e preocupações, que podem ser intensificadas quando ocorre o diagnóstico de Alto Risco, podendo acarretar em distúrbios emocionais, reforçando a fragilidade e vulnerabilidade que a mulher se encontra. As mulheres que vivenciam as gestações de alto risco apresentam diferentes sentimentos, como medo, tristeza, dúvidas, desânimo e preocupação com a própria vida e a vida do bebê. Gestação de Alto Risco é “[...] aquela na qual a vida ou a saúde da mãe e/ou do feto e/ou do recém-nascido têm maiores chances de serem atingidas que as da média da população considerada”. A hospitalização pode alterar o ritmo familiar, provocando um distanciamento da família e do trabalho, intensificando as ansiedades e medos, apresentando também uma perda da autonomia da mulher em relação ao seu corpo e à gravidez.
Objetivos: Compreender as percepções de maternidade das gestantes frente às situações de risco e às internações, além de Compreender os sentimentos que surgem em relação ao diagnóstico de gestação de alto risco; Apreender as vivências das gestantes frente às internações; Entender o que as gestantes acreditam que possa ajudá-las no enfrentamento dessa situação.
Metodologia: Tratou-se de um estudo qualitativo que se utilizou de entrevistas semiestruturadas com 18 gestantes internadas. A metodologia utilizada foi a Análise de Conteúdo. Resultados: A média de idade foi de 31,27 anos e todas elas apresentavam uma relação estável com o companheiro, Dentre as entrevistadas 38% já havia vivenciado uma gestação de alto risco. Os principais sentimentos apresentados foram: medo, tristeza, ansiedade e esperança. Discussão dos Resultados: A partir dos dados coletados, pudemos perceber que essas mulheres vivenciam esse momento da internação de formas variadas, apresentando sentimentos bastante diversos. Aquelas que já haviam vivenciado uma gestação de alto risco apresentavam maior facilidade em lidar tanto com o diagnóstico quanto com a internação, trazendo o conhecimento prévio da doença como um fator para análise. Em relação à atuação da equipe, todas apresentaram uma boa relação com a equipe que realizava os cuidados, e trouxeram a importância que os grupos e as atividades exercem nas suas relações com a internação e com a vivência da gestação de alto risco. Conclusões: Os resultados encontrados confirmam o quanto esse período do ciclo gravídico-puerperal é fundamental para a reorganização das vivências para a mulher, ajudando a equipe a compreender e melhor atendê-las durante o seu período de internação. A equipe de saúde deve estar preparada para enfrentar quaisquer fatores que possam afetar adversamente a gravidez, sejam eles clínicos, obstétricos, ou de cunho socioeconômico ou emocional, assim, a partir do estudo podemos refletir e pensar as estratégias de cuidado com essas gestantes.

Referências Bibliográficas

1. Instituto Brasileiro de Psicologia Perinatal (Brasil). O que é psicologia perinatal: definição de um campo de estudo e atuação. [acesso em 26 set 2016]. Disponível em: http://www.institutogerar.com.br/artigos/33_ARTIGO_PSICOLOGIA%20PERINATAL%20defini%C3%A7%C3%A3o%20de%20um%20campo.pdf.


2. Caldas DB, Silva ALR, Böing E, Crepaldi MA, Custódio ZAO. Atendimento psicológico no pré-natal de alto-risco: a construção de um serviço. Psicol. hosp. 2013, 11 (1), 66-87.


3. Maldonado MT. Psicologia da gravidez: parto e puerpério. 17a ed. São Paulo: Saraiva; 2000. 230p.


4. Silva MRC, Vieira BDG, Alves VH, Rodrigues DP, Vargas GS, Sá AMP. A percepção de gestantes de alto risco acerca do processo de hospitalização. Rev. enferm. UERJ. 2013; 21(esp.2): 792-7.


5. Ministério da Saúde (Brasil), Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Manual Técnico Gestação de Alto Risco. 5a ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. 302p.


6. Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Diabetes mellitus gestacional. Rev Assoc Med Bras 2008; 54(6): 471-86. [acesso em 26 set 2016]. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ramb/v54n6/v54n6a06.pdf.


7. Santana DSN, Maia Filho NL, Mathias L. Conceito, diagnóstico e tratamento de placenta prévia acreta com invasão de bexiga: revisão sistemática da literatura. FEMINA. 2010. Março; 38 (3): 147-153.


8. Facca TA, Kirsztajn GM, Sass N. Pré-eclâmpsia como indicador de doença renal crônica: da gênese aos riscos futuros. J Bras Nefrol 2012;34(1):87-93.


9. Silva GSJ, Moreira SR, Nishida SK, Sass N, Kirsztajn GM. Avaliação de alterações urinárias e função renal em gestantes com hipertensão arterial crônica. J Bras Nefrol 2016;38(2):191-202.

10. Santos PB, Maternidade ameaçada: Vivências Psíquicas em Gestantes de Risco [dissertação]. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; 2005. 136p. [acesso em 26 set 2016]. Disponível em: https://tede2.pucsp.br/handle/handle/15788.


11. Ministério da Saúde (Brasil). Secretaria de Vigilância à Saúde, Secretaria da Atenção à Saúde. Política Nacional de Promoção da Saúde. 3ª ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. 60p.


12. Fontanella BJB, Ricas J, Turato ER. Amostragem por saturação em pesquisas qualitativas em saúde: Contribuições teóricas. Cad. Saúde Pública. 2008; 24 (1): 17-27.


13. Rezende GL, Souza JC. Qualidade de vida das gestantes de alto risco de um centro de atendimento à mulher. Psicólogo informação. 2012; 16 (16): 45-69.

14. Moraes R. Análise de conteúdo. Revista Educação. 1999; 22(37): 7-32.

15. Mozzato AR, Grzybovski, D. Análise de Conteúdo como Técnica de Análise de Dados Qualitativos no Campo da Administração: Potencial e Desafios. RAC. 2011; 15(4): 731-747.


16. Bardin L. Análise de conteúdo. 1ª ed. Brasil: 70 edições; 2011. 280p.