11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

ExpoGramado – Centro de Feiras e Eventos - Gramado /RS | 30 de agosto a 02 de setembro de 2017

Dados do Trabalho


Título

A ESPIRITUALIDADE COMO ESTRATÉGIA DE ENFRENTAMENTO PARA MÃES DE CRIANÇAS EM CUIDADOS PALIATIVOS ONCOLÓGICOS.

Resumo

Introdução: A fase da terminalidade de uma doença é um momento muito delicado para o paciente e para aqueles que rodeiam, a sensibilização e fragilidade se intensificam quando esse é pediátrico, devido aos estigmas ainda presentes no adoecer e morrer nesta faixa etária. Todo este processo da enfermidade é árduo e doloroso, visto que os cuidados já não tem mais o foco curativo e a criança não adoece sozinha. As mães vivenciam este momento de paliação de diferentes maneiras, precisando, porém, assumir um papel de conforto e suporte para seus filhos. A partir disso, objetivando reduzir a dor ou aliviar o nível de estresse neste período, utilizam-se diversas estratégias de enfrentamento como suporte e a espiritualidade tem contribuído para elaborar o sofrimento na busca por um sentido para esta vivência. Objetivos: Compreender a espiritualidade como estratégia de enfrentamento para mães de crianças em cuidados paliativos oncológicos. Metodologia: O estudo foi de natureza qualitativa com mães de crianças em cuidados paliativos no setor de oncologia pediátrica num hospital de referência de Recife-PE. Como instrumento foi utilizada um roteiro de entrevista semidirigida e os dados foram analisados de acordo com a Técnica de Análise de Conteúdo de Minayo. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Faculdade Pernambucana de Saúde através do CAAE nº 60183416.9.0000.5569. Resultados: Participaram da pesquisa onze mães, com idade variando entre 18 a 53 anos, em relação às crianças, a maioria eram do sexo masculino com idade variando entre 1 e 16 anos havendo seis diagnósticos principais: Neuroblastoma, Tumor Sistema Nervoso Central, Leucemia Mielóide Aguda, Leucemia Linfóide Aguda, Linfoma de Hodgkin e Meduloblastoma. O tempo de admissão em cuidados paliativos variou de três dias a dois anos. Entre as entrevistadas, seis estavam casadas. No que se refere à escolaridade, a maioria possuía ensino médico completo. Em relação à religião, a maioria das mães eram evangélicas. Discussão dos resultados: Durante as entrevistas realizadas, tornou-se possível identificar o sofrimento que perpassa essa vivência, seja verbalmente ou não. Como estratégia de enfrentamento visualizou-se majoritariamente a presença da espiritualidade como instrumento de sustentação, aceitação ou resposta para este período marcante, o artifício da fé aparecia constantemente durante o discurso das mães. As mães em sua maioria afirmaram ter uma religião a qual servia como suporte, todavia mesmo aquelas que não eram ligadas a uma crença, apresentavam espiritualidade, ou seja, tornou-se claro a diferença entre religiosidade e espiritualidade, onde está fé que transcende qualquer ligação religiosa, era utilizada na busca pelo consolo e esperança, funcionando como uma estratégia de enfretamento neste processo de adoecimento e paliação de seu filho. Considerações finais: A espiritualidade como instrumento de sustentação, cada vez mais tem sido sinalizado em pesquisas no âmbito hospitalar, sobretudo quando se trata de uma doença crônica ou degenerativa. Através dos relatos maternos percebeu-se que a espiritualidade esteve presente constantemente, sendo relatada pelas mães como o apego que lhes dava forças para passar por este momento, funcionando efetivamente como estratégia de enfrentamento.

Referências Bibliográficas

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Área

3. Intervenções Psicológicas na Rede de Atenção à Saúde - 3.2 Espiritualidade na Saúde

Autores

Caio Jerônimo Albuquerque Silva, Jullyane Renata Lopes Félix, Juliana Monteiro Costa, Ana Paula Amaral Pedrosa, Thaís Ferreira Pedrosa