Título

A INTERCONSULTA PSICOLÓGICA NA ATENÇÃO AO PACIENTE EM CUIDADOS PALIATIVOS ONCOLÓGICOS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA.

Resumo

Introdução: Entende-se por cuidados paliativos, a assistência integral e interdisciplinar aos pacientes e familiares com doença progressiva, irreversível e não responsiva a terapêuticas curativas. Nesse sentido, a abordagem em cuidados paliativos deve incorporar um leque de intervenções que possibilitem a prevenção e alívio do sofrimento físico, psíquico, social e espiritual. Entre as possíveis condutas de manejo psicoterapêutico, a interconsulta se destaca enquanto um instrumento metodológico utilizado pelo psicólogo na atenção ao paciente hospitalizado mediante a solicitação de outros profissionais. De acordo com Rossi (2008 apud GAZOTTI; PREBIANCHI, 2014), “a interconsulta psicológica tem como objetivos auxiliar profissionais de outras áreas no diagnóstico e tratamento de pacientes com problemas psiquiátricos ou psicossociais (situações emocionais emergentes) e intermediar a relação entre os envolvidos na situação (equipe de saúde, pacientes e familiares), facilitando a comunicação, a cooperação e a elaboração de conflitos”. Objetivo: Discutir acerca da interconsulta psicológica enquanto técnica de intervenção para o manejo psicoterapêutico do paciente hospitalizado sob os cuidados paliativos oncológicos. Metodologia: Este trabalho se caracteriza por um relato de experiência realizada em hospital universitário público em Belém-PA, no ano de 2016. Foi realizada experiência de interconsulta psicológica em uma enfermaria de pneumologia envolvendo os psicólogos do respectivo setor e do serviço de cuidados paliativos oncológicos. Foram realizados atendimentos psicológicos individuais a pacientes e abordagens junto à família e equipe de saúde. Resultados: As demandas mais significativas e elegíveis para intervenções sob a facilitação de um psicólogo interconsultor, vinculado a uma equipe especializada, estavam relacionadas ao comportamento queixoso dos pacientes que apresentavam quadro de dor e/ou se encontravam em iminência de óbito. Nesse contexto, o trabalho do psicólogo em interconsulta da equipe de cuidados paliativos manteve constante articulação com o psicólogo que compunha a equipe de referência ao paciente em enfermaria, os quais conjuntamente formularam hipóteses psicodiagnósticas e definiram focos de intervenções, estes últimos geralmente relacionados ao enfrentamento das angústias associadas aos percalços do adoecimento e processo de finitude que envolviam paciente, família e equipe. Discussão: A partir da vivência desta experiência, convém evidenciar que a interconsulta,a enquanto dispositivo metodológico e de cuidado, é eficaz para a instrumentalização e otimização da assistência psicológica, na medida em que possibilitou a ampliação da compreensão psicológica de situações específicas no que toca as repercussões emocionais da dor e da morte, favorecendo um acompanhamento psicológico em conjunto, que objetivou suprir a demanda psicológica dos envolvidos, por meio do alcance de objetivos terapêuticos previamente definidos. Conclusão: Em linhas gerais, este trabalho corrobora com o pensamento de Rossi (2008) que enfatiza a relação entre a prática da interconsulta psicológica e o contexto dos hospitais de ensino, onde tal conduta é habitual. Não obstante, é salutar o destaque para o baixo custo financeiro desta ferramenta e significativo impacto no processo de cuidado ao paciente oncológico em cuidados paliativos.

Referências Bibliográficas

Academia Nacional de Cuidados Paliativos.Manual de cuidados paliativos. Rio de Janeiro: Diagra-
phic;2009.
GAZOTTI, Thaís de Castro; PREBIANCHI, Helena Bazanelli. Caracterização da interconsulta psicológica em um hospital geral. Revista Psicologia Teoria e Prática,  São Paulo,  v. 16, n. 1, p. 18-30, abr.  2014.   Disponível em . Acesso em  28  abr.  2017.
ROSSI, Luciene. Gritos e sussurros: a interconsulta psicológica nas unidades de emergências médicas do Instituto Central do Hospital das Clínicas. Dissertação de mestrado, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, 2008.