POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO DA PSICOLOGIA NA REDE PRIMÁRIA DE SAÚDE: VIVÊNCIAS DE ESTÁGIO NA AMAZÔNIA OCIDENTAL.
Na gestação ocorrem alterações físicas, emocionais e sociais na vida da mulher-gestante, as quais requerem intervenções que não se limitem ao acompanhamento pré-natal obstétrico, mas que englobem também as alterações biopsicossociais. Destarte, este trabalho objetiva relatar uma vivência de estágio supervisionado, desenvolvido com gestantes em acompanhamento pré-natal. Método: as intervenções foram realizadas por duas estagiárias de Psicologia e uma preceptora/psicóloga. O estágio ocorreu entre os meses de agosto e novembro de 2016 em uma Unidade Básica de Saúde do Município de Cacoal-RO; Instrumentos: seios de pano, confeccionados para ilustrar a “pega” correta para a mamada e uma boneca; Procedimentos: Orientações coletivas com duração aproximada de 30 minutos, realizadas uma vez por semana, no banco de espera para a consulta pré-natal. Os temas abordados englobavam as alterações emocionais percebidas na gestação, os aspectos psicológicos do aleitamento, os mitos sobre o parto e puerpério e o manejo com familiares. Resultados: Participaram dos encontros 54 gestantes, das quais 48% eram multíparas e estavam no terceiro trimestre; média de 30 anos de idade, 96% em união estável; 65% sem emprego fixo, 43% possui baixa escolaridade (fundamental incompleto); 22% verbalizaram sintomas de ansiedade e depressão e foram encaminhadas para atendimento psicológico individual. As intervenções realizadas, além de informativas (psicoeducação), viabilizaram momentos de escuta e diálogo entre as próprias gestantes, fomentando a aquisição de novos repertórios para manejo de situações de cobrança social, inclusive com os pais/maridos e mães/sogras. A interação das estagiárias com a equipe interdisciplinar, tanto na elaboração das orientações, quanto na troca diária de informações, possibilitou debater e compreender as demandas da unidade e intervir pontualmente. Discussão: Está experiência de estágio corrobora com a literatura da área, uma vez que reverbera a importância da atuação do profissional psicólogo na rede primária de saúde e do quanto este ambiente requer versatilidade e criatividade para manejo das demandas vigentes. Ainda em consonância com estudos sobre gestação e psicologia da saúde, as gestantes apresentaram diversas dúvidas relacionadas ao medo de perder o bebê, ansiedade e irritabilidade, medo de não ter leite, de ter complicações no parto e o excesso de “pitacos” dos familiares e de terceiros que querem “ensiná-las”; enfatizando a urgência de intervenções nesta área e despontando possibilidades de atuação para a psicologia na rede primária, dado o risco de quadros psicopatológicos na gestação e no pós-parto. Considerações: Essa experiência evidencia diversos fatores relevantes na formação de futuros profissionais psicólogos, destaca-se aqui: a urgência no delineamento de atuações na prevenção, uma vez que há predomínio de medidas interventivas; carência de profissionais hábeis no diálogo interdisciplinar - essencial na atenção primária (e em qualquer outra área); presença de preceptores in loco nos estágios como fator de aprendizagem significativa e modelo de atuação para o aprendiz/estagiário e, por fim, a necessidade de repensar o modus operandi dos psicólogos na saúde primária, considerando que novas possibilidades interventivas poderão reduzir demanda nos CAPS’s e demais serviços da rede, beneficiando a população como um todo e, consequentemente, gerando novas oportunidades de trabalho para os psicólogos.
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3. Intervenções Psicológicas na Rede de Atenção à Saúde - 3.1 Atenção Básica, Primária, Secundária e Terciária
Facimed - Rondônia - Brasil
Rayana Aparecida Santos Lima, Aneli Pereira Araújo Gois, Leila Gracieli Da Silva