O viver e o morrer sob a ótica dos pacientes em cuidados paliativos oncológicos: relato de prática profissional
Introdução: O adoecimento que acarreta numa hospitalização e que traz consigo um diagnóstico de impossibilidade de cura a uma doença avançada, causa medo e incerteza a pessoa que a vivencia, bem como aos seus familiares. Diminuir o sofrimento físico, espiritual, social e psicológico de todos os envolvidos com o fato é o básico preconizado pelo conceito de Cuidados Paliativos (CP) da Organização Mundial de Saúde. Na oncologia a área de interface entre a psicologia e a oncologia chama-se Psico-oncologia e está se expandindo em diversos espaços, como clínicas, casas de apoio, centros de saúde, hospitais. Na área hospitalar uma de suas finalidades é proporcionar apoio e oportunizar aos pacientes e familiares um espaço de expressão de suas angustias e sentimentos.
Objetivos: Este trabalho foi desenvolvido na especialização em Psico-oncologia do IPGCMMG e visa apresentar as práticas psicológicas realizadas os pacientes hospitalizados em um Hospital Geral do Vale do Itajaí/SC no setor de cuidados paliativos oncológicos no ano de 2016, com objetivo observar e investigar como estes enfrentam o pensar no processo de morrer e na sua finitude.
Metodologia: Foram realizados atendimentos individuais e a, familiares, participação em rounds de equipe multiprofissional e realização de grupo terapêutico com os familiares dos pacientes hospitalizados. Nos atendimentos individuais o objetivo foi investigar dados como composição familiar, aspectos da doença, aspectos emocionais envolvidos, enfrentamento da doença e do momento atual.
Resultados: Todos os pacientes que passaram por atendimento psicológico sabiam do estágio da sua doença e a impossibilidade de cura clínica. As principais demandas evidenciadas foram o receio de deixar os filhos, o desamparado que os mesmos possam vir a sentir no futuro, deixar os cônjuges e os pais envelhecidos.
Discussões: No nosso meio a morte é quase tida como uma situação que causa sofrimento. O psicólogo que atua em CP com formação em Psico-oncologia é o facilitador desse diálogo e que auxilia na compreensão dos temores, medos e angustias. Suas principais ferramentas de trabalho são a escuta afinada, ativa e o acolhimento empático.
Considerações finais: Pode-se evidenciar o quanto a atuação psicológica pode proporcionar ao paciente melhor percepção do seu Ser, seus temores e as relações vinculares e familiares. Sabemos que a morte faz parte da vida, porém o pensar na inevitabilidade da morte é um temor constante, que acomete a maior parte das pessoas. Ser o profissional que está presente neste momento, e muitas vezes auxiliar nessa transição e resolução de suas últimas pendências e desejos é gratificante, mas ao mesmo tempo nos confronta diariamente com a nossa própria finitude. Poder auxiliar nesses anseios é lidar muitas vezes com o indizível do ser humano, com o seu lado mais belo e também nos faz olhar para nós e nossas angustias.
Manual de cuidados paliativos ANCP. 2ª Edição. Porto Alegre: Sulina; 2012.
Nucci, N. A.G. Cuidados paliativos: Construindo significados. In: Santos F.S. Cuidados paliativos: diretrizes, humanização e alívio de sintomas. São Paulo: Atheneu, 2011. p. 609-615.
VEIT, M.T.; BARROS, L.H.C. Intervenções e, Psico-oncologia em instituições. Temas em Psico-oncologia. São Paulo: Summus, 2008.
1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.8 Cuidados Paliativos
Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais - FELUMA - Minas Gerais - Brasil
Simone de Borba Mantuani, Marlia de Aguiar