11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

ExpoGramado – Centro de Feiras e Eventos - Gramado /RS | 30 de agosto a 02 de setembro de 2017

Dados do Trabalho


Título

FALANDO SOBRE A MORTE COM ACADÊMICOS DE FISIOTERAPIA: RELATO DE INTERVENÇÃO

Resumo

O ambiente hospitalar é caracterizado pela aproximação que este tem com a morte; assim, os profissionais da área se veem, cotidianamente, deparados com o fim da vida – a vida do outro e de sua própria. Segundo Kovács (2003), os recorrentes esforços para tratar e salvar o paciente podem transformar o trabalho do profissional da saúde em algo frustrante, que desmotiva e acaba não tendo um significado. A autora destaca ainda que a formação dos profissionais da saúde pouco prepara e educa para a morte. Neste sentido, o objetivo deste trabalho é descrever uma intervenção realizada junto a acadêmicos de fisioterapia que desenvolviam suas atividades de estágio em um hospital do Vale do Sinos. A intervenção propôs um espaço para o acolhimento e ressignificação das vivências de morte experienciadas durante o estágio, buscando auxiliar na formação desses futuros profissionais. Foram realizados três encontros, todos com a mesma equipe, composta por quatro acadêmicos, de forma semanal e em grupo, trabalhando os temas “Os lutos ao longo da vida”; “Quem era meu paciente e que profissional eu fui diante dele e de sua morte” e “Rituais de despedida”. O grupo foi coordenado por duas estagiárias de psicologia. Ao longo dos três encontros foi trazido o julgamento – entre a própria equipe – sobre ter ou não uma proximidade com o paciente e sua história. Foi surgindo o reconhecimento das próprias perdas que tiveram ao longo da vida e de que forma elas foram vivenciadas. Ainda, o fato de se questionarem a respeito de que profissionais estavam se tornando diante do paciente e de sua morte fez com que surgissem discussões sobre o que representa ser, dentro do hospital, um profissional da saúde. A partir disto, foram debatidas situações de perda, emoções que emergiram e o quanto ainda não era comum pensar nas despedidas do paciente diante de sua morte, pelo fato de nunca pensarem/falarem sobre isso. No último encontro, os participantes foram percebendo o quanto está enraizada a representação do profissional que “não se importa”, que é “frio” e que “não se abala” frente à perda de um paciente. Também puderam expressar que ao longo dos encontros foram sentindo que talvez não estivessem equivocados quando seus olhares tomavam um rumo diferente daquele que é aprendido na academia, que pensar na morte era também poder pensar na vida. Considerando que o profissional de fisioterapia vive, dentro do hospital, uma relação estreita com o paciente e seu corpo, a proposta de um espaço para que o fisioterapeuta, já na sua formação, consiga enxergar sem julgamentos e questionar-se sobre as relações fisioterapeuta-paciente diante da morte foi de extrema importância. Conclui-se que é fundamental criar espaços de reflexão durante a formação dos profissionais da saúde, possibilitando novos modelos de atenção ao paciente, a partir dos pressupostos da humanização em saúde, especialmente no que tange ao paciente crítico e fora de possibilidades terapêuticas.

Referências Bibliográficas

KOVÁCS, Maria Júlia. Educação para a morte: desafio na formação de profissionais de saúde e educação. Casa do Psicólogo, 2003.

Área

2. Universalidade, Equidade e Integralidade em Saúde - 2.2 Interdisciplinaridade na Formação e Atuação Profissional

Instituições

Universidade Feevale - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Jéssica Schuster Weizenmann, Andreia Carolini Strack, Carmen Esther Rieth, Katiele Nunes, Luciana Maria Oliveira Pires