Acolher a quem cuida: grupo de acolhimento aos acompanhantes em um hospital de ensino.
INTRODUÇÃO: O cuidador tem grande importância no tratamento do paciente internado para cuidados hospitalares e nos cuidados pós-alta. Cuidar e acompanhar são atividades cotidianas repetitivas e, por vezes, desprazerosas, o que pode gerar significativa sobrecarga emocional, física e social. O cuidador, aqui é caracterizado como o acompanhante do paciente hospitalizado. O psicólogo hospitalar necessita, como um de seus objetivos voltar seu olhar e escuta também ao cuidador. A Psicologia deve oferecer aos cuidadores espaços de reflexão sobre a importância do autocuidado e sobre momentos pessoais de lazer, minimizando o isolamento social e prejuízos a saúde (OLIVEIRA e SOMMERMAM, 2008, p.133). Este trabalho apresenta o relato de experiência de um grupo de acolhimento aos acompanhantes do Hospital Santa Cruz, como tarefa integrante do Estágio Integrado em Psicologia da Universidade de Santa Cruz do Sul/RS. OBJETIVOS: Proporcionar ao cuidador momentos de conscientização sobre a importância do seu papel neste cuidado, no intuito de colaborar na recuperação e assistência prestada ao paciente, além de favorecer a expressão de sentimentos gerados pelas incertezas do diagnóstico, os medos do sofrimento e incapacidades, fantasias sobre morte, e o sofrimento frente à hospitalização. METODOLOGIA: É realizado semanalmente, nas quintas-feiras à tarde, são responsáveis os residentes e estagiários das áreas da Psicologia e Serviço Social, com a colaboração das demais áreas da Residência Multiprofissional: Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Nutrição e Odontologia. RESULTADOS: As atividades grupais permitem aos sujeitos refletir, problematizar e verem-se necessitados de cuidados. A experiência de grupo proporciona a troca de experiências e compartilhamento de conhecimentos. Percebem no outro as superações e, com isso, reconhecem suas capacidades. Paradoxalmente nas discussões a maioria não se reconhece como objeto de cuidado, mas compreendem a importância de cuidar de si, além disso, relatam suas dificuldades diárias, DISCUSSÃO DOS RESULTADOS: O campo grupal se constitui como espaço, onde cada um pode refletir e ser refletido, nos e pelos outros, e esse encontro de indivíduos se configura numa possibilidade de discriminar, afirmar e consolidar a própria identidade (ZIMERMAN e OSÓRIO, 1997, p. 30). Os grupos são realizados para que os cuidadores possam compartilhar suas experiências, angústias e expectativas. No final recebe-se o feedback espontâneo dos participantes, elogiam o trabalho prestado, agradecem pela oportunidade de serem escutados. É meio para aproximação com outra realidade do paciente: sua casa, ou seja, as relações familiares, a rede de apoio e o acompanhamento na rede de atenção básica. Através dele observam-se os cuidadores que estão em processo de adoecimento e que demandam acompanhamento psicológico individual. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Esta prática reconhece as demandas dos cuidadores em espaço adequado para suas questões, pois os acompanhantes relatam sentirem-se acolhidos em suas angústias, medos e alegrias. O trabalho da equipe multidisciplinar pressupõe o fortalecimento do autocuidado, e proporciona ao cuidador orientações sobre os procedimentos terapêuticos necessários aos cuidados do paciente, tanto no aspecto emocional quanto técnico, o que contribui significativamente para a evolução do mesmo. Portanto, o atendimento psicológico através do Grupo de Acompanhamento privilegia o atendimento integral ao paciente e seu cuidador.
OLIVEIRA, E. B. S; SOMMERMAM, R. D. G. A Família Hospitalizada. In: ROMANO, Bellkiss W. (Org.). Manual de psicologia clínica para hospitais. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2008. p. 117-143.
ZIMERMAN, David; OSORIO, Luiz C. Como trabalhamos com grupos. Porto Alegre: Artes Médicas. 1997.
1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.7 Intervenções Individuais ou Grupais no HG
Ana Julia Vognach, Simone Caldas Bedin, Aline Badch Rosa