Intervenções com agentes comunitárias de saúde em Salvador-BA
Considera-se que o conceito de ACS se refere ao profissional de saúde que desempenha o papel de mediador social, ou seja, funciona como elo entre a equipe e a comunidade, exercendo um trabalho fundamental na atenção primária. Entretanto, pesquisas relatam que tem sido encontrado um alto índice de estresse nesta categoria profissional, sendo necessárias intervenções que trabalhem aspectos emocionais e sociais deste grupo. O estresse pode ser entendido como uma resposta do organismo, decorrente de alterações psicofisiológicas, quando uma pessoa se depara com situações de irritação, medo, excitação, confusão e sentimento intenso de felicidade. Assim, em 2016 foi realizado um projeto de intervenção psicossocial com um grupo de quatro agentes comunitárias de saúde (ACS) de Salvador-BA, com o objetivo de fortalecer o vínculo entre elas, promover o autoconhecimento, ampliar a autoestima e reduzir os fatores estressores. O presente trabalho tem por objetivo apresentar os resultados qualitativos obtidos após a realização das intervenções com o referido grupo de ACS. Essas foram realizadas em seis encontros quinzenais, com a duração de 2 horas cada um, entre os meses de março e junho, nas dependências de uma escola comunitária, através de rodas de conversas e dinâmicas de grupo com atividades direcionadas para os objetivos do trabalho. Antes das intervenções houve uma avaliação de aspectos emocionais e sociais, com a aplicação do Inventário de Stress de Marilda LIPP e entrevista. Identificou-se que três das quatro agentes investigadas apresentavam um quadro de estresse em fase de resistência, além de dificuldade de relacionamento interpessoal, carências afetivas, sobrecarga laboral, sintomas de depressão e ansiedade, assim como, prejuízos no convívio social e familiar. Como resultados das intervenções verificou-se maior autonomia das agentes com relação ao estabelecimento de limites para os moradores, passando a respeitar seus horários de trabalho. Notou-se também um estreitamento dos vínculos de amizade entre as agentes, que começavam a se apoiar mais afetivamente umas nas outras no sentido de combaterem o estresse, os problemas emocionais e até os problemas referentes a organização do trabalho. O autocuidado das ACS passou a ser desenvolvido após ser ofertado esse espaço de revelação de demandas emocionais no grupo. Conclui-se que há a necessidade da realização de mais estudos voltados para esta temática, sendo extremamente importante ter uma atenção direcionada aos trabalhadores de saúde com o objetivo de desenvolver uma prática profissional mais humanizada.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Guia Prático do Agente Comunitário de Saúde: Série A. Normas e Manuais Técnicos. 2009. Disponível em:
Lipp, M. E. N., & Malagris, L. E. N. (2001). O stress emocional e seu tratamento. In B. Rangé (Org). Psicoterapias cognitivo-comportamentais: um diálogo com a psiquiatria (pp.475-490). Porto Alegre: Artmed.
Lipp, M. E. N. (2000). Manual do Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISSL). São Paulo: Casa do Psicólogo.
3. Intervenções Psicológicas na Rede de Atenção à Saúde - 3.1 Atenção Básica, Primária, Secundária e Terciária
Tamiles Cerqueira Lopes da Silva, Alessandra de Jesus dos Santos, Paula Sanders Pereira Santos