Título

A PERSPECTIVA DE NEONATOLOGISTAS SOBRE O PSICÓLOGO HOSPITALAR NA UTI NEONATAL CONTRIBUINDO PARA COMUNICAÇÃO DE ÓBITO

Resumo

Introdução: Este estudo abordou a atuação do psicólogo hospitalar, inserido no contexto da pediatria neonatal. Buscou-se aspectos científicos a respeito da Psicologia Hospitalar, da Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais (UTIN), do psicólogo na UTIN e a morte de um bebê dentro do hospital. Objetivo: Compreender, a partir da perspectiva de médicos pediatras neonatais, as contribuições do trabalho do psicólogo hospitalar no momento em que pais recebem a notícia do óbito de um filho recém-nascido. Metodologia: Com o método de pesquisa fenomenológico, Martins e Bicudo (1989), relatam que o investigador inicialmente, importa-se com a essência do que vai investigar, portanto não há um entendimento anterior do fenômeno, ou qualquer suposição que possa definir um fenômeno. Resultados: De acordo com Giorgi e Sousa (2010), depois de colhidos os dados das entrevistas e realizadas transcrições de cada sujeito em sua integralidade, o método de investigação é composto por quatro partes. Sendo eles: Estabelecer o Sentido do Todo, Determinação das Partes: Divisão das Unidades de Significado, Transformação das Unidades de Significado em Expressões de Caráter Psicológico e Determinação da Estrutura Geral de Significados Psicológico. O relevante é que a construção consequente apresente a rede fundamental das ligações entre as partes, evidenciando o significado psicológico. A fase final do método compreende uma síntese das unidades de significado psicológico. Os resultados encontrados foram os constituintes: Enfretamentos frente à finitude, Cuidados além da profissão, Pais e situações inesperadas, Ser mãe, O trabalho do psicólogo. Discussão dos Resultados: Foi realizada pelo Enfoque Fenomenológico da Personalidade desenvolvido por Forghieri (1997). Para a autora ser-no-mundo é uma condição primordial, não podendo desassociar-se em elementos ímpares. Porém, a sua constituição originária pode ser retratada em seus momentos constitutivo, apresenta-se então três aspectos de mundo: o circundante, humano e próprio, do qual foram relacionados com alguns dos Constituintes encontrados. Também dentro da perspectiva da autora, existe a ideia de Maneiras de existir, que diz respeito a uma experimentação imediata e geral que abarca a mim e os momentos, antes de virem a ser elaboradas racionalmente. Apresentou-se a maneira preocupada de existir e maneira sintonizada de existir tendo relação com alguns constituintes. Considerações Finais: Este trabalho surgiu do interesse em compreender a perspectiva de médicos pediatras neonatais que já tiveram a oportunidade de presenciar a atuação de Psicólogos. Também pensando que a morte de um bebê é algo culturalmente visto como fora de uma ordem natural da vida. Ressaltando que o psicólogo ainda não é tido como parte integrante dos profissionais dentro de muitos hospitais, cenário que vem se modificando. Aos profissionais da área saúde inseridos no hospital essa pesquisa traz contribuições pois, é possível perceber o quanto o psicólogo, assim como as outras profissões, tem seu trabalho que é ímpar. E ao somar os trabalhos oferecidos pelos profissionais, como enfermeiros, fisioterapeutas, médicos, psicólogos e outras profissões, é possível obter primazia nos serviços de saúde hospitalar, e isto fica apreciado nesta pesquisa.

Referências Bibliográficas

BOLZE, Simone D. A.; CASTOLDI, Luciana. O acompanhamento familiar antes e depois da morte da criança: uma proposta de intervenção para o psicólogo hospitalar. Aletheia, Canoas, n.21, p.79-91, jan./jun., 2005
BARBOSA, Arnaldo Prata. Terapia intensiva neonatal e pediátrica no Brasil: o ideal, o real e o possível. Jornal de Pediatria, v. 80, n. 6, p. 437-438, 2004.
BOEMER, M. R. A condução de estudos segundo a metodologia de investigação fenomenológica. Rev. Latino-am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 2, n. 1, p. 83-94, jan. 1994.
CARVALHO, Fernanda Torres de; MEYER, Laura. Perda gestacional tardia: aspectos a serem enfrentados por mulheres e conduta profissional frente a essas situações. Bol. psicol . Vol.57, n.126, pp. 33-48, 2007.
CONDE, Ana; FIGUEIREDO, Bárbara. Preocupações de mães e pais, na gravidez, parto e pós-parto. Análise Psicológica, v. 25, n. 3, p. 381-398, 2012.
FEIJOO, Ana Maria Lopez Calvo; MATTAR, Cristine Monteiro. A Fenomenologia como Método de Investigação nas Filosofias da Existência e na Psicologia. Psicologia: Teoria e Pesquisa. Vol. 30, n. 4, pp. 441-447, 2014.
FOGAÇA, Monalisa de Cássia; CARVALHO, Werther Brunow, CÍTERO, Vanessa de Albuquerque, NOGUEIRA-MARTINS Luiz Antônio. Fatores que tornam estressante o trabalho de médicos e enfermeiros em terapia intensiva pediátrica e neonatal: estudo de revisão bibliográfica. Rev Bras Ter Intensiva, v.20, n.3, p. 261-266, 2008.
GAÍVA, Maria Aparecida Munhoz; SCOCHI, Carmen Gracinda Silvan. A comunicação entre a equipe e os pais em uma UTI neonatal de um hospital universitário. Anais do, v. 8, p. 02-03, 2002.
GAÍVA, Maria Aparecida Munhoz; SCOCHI, Carmen Gracinda Silvan. A participação da família no cuidado ao prematuro em UTI Neonatal. Rev Bras Enferm, v. 58, n. 4, p. 444-8, 2005.
GIORGI, A.; SOUSA, D. Método Fenomenológico de Investigação em Psicologia. Portugal: Fim de Século Edições, agosto de 2010.
LAMY, Zeni C.; GOMES, Romeu; CARVALHO, Manoel de. A percepção de pais sobre a internação de seus filhos em unidade de terapia intensiva neonatal. Jornal de Pediatria, v. 73, n. 5, p. 293-297, 1997.
LEAL, Isabel Pereira. Psicologia da maternidade: Alguns aspectos da teoria e prática de intervenção. Análise Psicológica, v. 10, p. 229-234, 1992.
LOPES, R. D. C. S., Donelli, T. S., Lima, C. M., & Piccinini, C. A. (2005). O antes e o depois: expectativas e experiências de mães sobre o parto. Psicologia: Reflexão e crítica, 18(2), 247-254.
MARSON, Ana Paula. Narcisismo materno: quando meu bebê não vai para casa. Rev. SBPH, Rio de Janeiro, v.11, n.1, jun. 2008.
MARTINS, Joel; BICUDO, Maria Aparecida Viggiani. A Pesquisa Qualitativa em Psicologia: fundamentos e recursos básicos. São Paulo: Moraes/ EDUC. 1989.
MOLINA, Rosemeire Cristina Moretto; VARELA, Patrícia Louise Rodrigues; CASTILHO, Sonia Aparecida; BERCINI, Luciana Olga; MARCON, Sonia Silva. Presença da família nas unidades de terapia intensiva pediátrica e neonatal: visão da equipe multidisciplinar. Esc Anna Nery R Enferm, v. 11, n. 3, p. 437-44, 2007.
MOSIMANN, Laila T. Noleto Q.; LUSTOSA, Maria Alice. A Psicologia Hospitalar e o hospital. Rev. SBPH [online]. 2011, vol.14, n.1, pp. 200-232. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rsbph/v14n1/v14n1a12.pdf
MUZA, Júlia Costa; SOUSA, Érica Nascimento; ARRAIS, Alessandra Rocha; IACONELLI, Vera. Quando a morte visita a maternidade: atenção psicológica durante a perda perinatal. Revista Psicologia: Teoria e Prática. V. 15, n.3, p. 34-48. São Paulo, set.-dez. 2013.
NASCIMENTO, Carlos Alberto Domingues do; SILVA; Andréa de Brito; SILVA; Mineya Cabral; PEREIRA, Manoel Henrique de Miranda. A significação do óbito hospitalar para enfermeiros e médicos. Revista da Rede de Enfermagem do Nordeste- Rev Rene, v. 7, n. 1, 2012.
OLIVEIRA, Eliane Caldas do Nascimento. O psicólogo na UTI: reflexões sobre a saúde, vida e morte nossa de cada dia. Psicol. cienc. prof. vol.22 no.2 Brasília, 2002
PICCININI, Cesar augusto; GOMES, Aline Grill; NARDI, Tatiana; LOPES, Rita Sobreira. Gestação e a constituição da maternidade. Psicologia em estudo. v. 13, n. 1, p. 63-72, jan./mar. 2008.
RAMOS, Helena Ângela de Camargo; CUMAN, Roberto Kenji Nakamura. Fatores de risco para prematuridade: pesquisa documental. Esc Anna Nery Rev Enferm, v. 13, n. 2, p. 297-304, 2009.
SANTOS, Ana Paula et al. A importância da psicologia no atendimento a mães e pais na maternidade. Jornada de Pesquisa em Psicologia, 2011.
SOUSA, Érica Nascimento; MUZA, Júlia Costa. SOUSA, E. N.; MUZA, J. C. Quando a morte visita a maternidade: papel do psicólogo hospitalar no atendimento ao luto perinatal. Monografia de Especialização em Psicologia Hospitalar e da Saúde, Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2011.
TOREZAN, Zeila F.; CALHEIROS, Taís C.; MANDELLI, Jéssica P.; STUMPF, Vanuccy M. A graduação em psicologia prepara para o trabalho no hospital?. Psicologia: ciência e profissão Brasília, n. 1, v. 33, p.132-145, 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/pcp/v33n1/v33n1a11.pdf
VALANSI, Luciana; MORSCH, Denise S. O psicólogo como facilitador da interação familiar no ambiente de cuidados intensivos neonatais. Psicol. cienc, vol.24, n.2, pp. 112-119, 2004.