GRUPOS TERAPÊUTICOS COM PACIENTES CRÔNICOS: NOVAS ESTRATÉGIAS EM PSICOLOGIA HOSPITALAR
O presente trabalho discute a modalidade de grupo de acolhimento utilizado como ferramenta na atenção aos pacientes da Unidade de Cuidados Prolongados (UCP), na Santa Casa de Misericórdia de Campos dos Goytacazes RJ. Os pacientes hospitalizados neste setor têm em comum a cronicidade de suas patologias, o afastamento de seus familiares e a longa permanência na internação hospitalar. O grupo de acolhimento tem como principal objetivo promover ações de inclusão e pertencimento aos pacientes na tentativa de resgatar a subjetividade. Alguns autores apontam uma multiplicidade de fatores que incidem na institucionalização: o abandono por parte da família, baixa qualidade da assistência nas redes de saúde primária e secundária bem como condições econômicas precárias. O aspecto central deste modelo assistencial hospitalar (UCP) é a restrição do contato do sujeito com o mundo fora de suas paredes. Goffman (1987) ressalta a segregação e controle da vida do sujeito contribuindo para o apagamento das subjetividades. Spink (2003) comenta sobre a dissociação entre o doente e sua doença desde o momento da internação, já que nesse processo, quem é internado é a doença. O sujeito sem referência é despojado de seus símbolos de individualidade. Foucault (1979) observa que com o intuito de “cuidar” o mundo do internato segrega, restringe e controla. Tais procedimentos acabam sendo o material de trabalho do psicólogo, pois fornecem instrumentos de intervenção para sua atuação no grupo de acolhimento de maneira crítica e ética. Segundo Campos (2010) o grupo propicia um espaço de escuta e troca de experiências e funciona como suporte para os seus membros. Suporte e acolhimento refere-se à maneira como recebemos as pessoas, como recebemos suas demandas em uma atenção especial e singular mesmo ela estando no grupo. O grupo de acolhimento reúne-se duas vezes na semana numa sala anexa à enfermaria, com duração de uma hora. Os pacientes são convidados a participar e falar livremente e os assuntos trazidos pelos componentes do grupo são discutidos abertamente, proporcionando um bom nível de troca de opiniões entre os participantes. Como resultado observa-se: o interesse e cuidado uns com outros, a elaboração para enfrentar dificuldades e obstáculos, a representação de segurança para os pacientes. Nesse sentido, esses resultados mostram que o trabalho com o grupo tem contribuído para o relacionamento interpessoal, possibilitando a expressão dos pacientes quanto ao seu cotidiano, fortalecendo vínculos e tornando o ambiente hospitalar menos excludente e mais acolhedor.
CAMPOS, E. Quem cuida do Cuidador: uma proposta para os profissionais de saúde. Petrópolis: Vozes, 2005.
FOCAULT, M. Microfísica do Poder. Rio de Janeiro: Graal, 1979.
GOFFMAN, E. O Mundo do Internado. In: GOFFMAN, E. Manicômios, prisões e conventos. Tradução de Dante Moreira Leite. São Paulo: Perspectiva, 1974, p. 23-69.
SPINK, M. J. P. A construção social do paciente internado: Uma análise psicossocial. In: Psicologia social e saúde: práticas, saberes e sentidos. 3ª ed. Petrópolis: Vozes, 2003. Capítulo 8, p. 141-148.
1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.7 Intervenções Individuais ou Grupais no HG
Santa Casa de Misericórdia de Campos - Rio de Janeiro - Brasil
Viviane Maciel Gondim