11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

ExpoGramado – Centro de Feiras e Eventos - Gramado /RS | 30 de agosto a 02 de setembro de 2017

Dados do Trabalho


Título

Efeitos da Atividade Assistida por Animais e sensação de dor autorreferida em crianças e adolescentes hospitalizados

Resumo

INTRODUÇÃO: A Intervenção Assistida por Animais (IAA) é uma abordagem que vem sendo introduzida em ambiente hospitalar com objetivo de melhorar a qualidade da internação trazendo importantes benefícios no manejo de pacientes. A opção metodológica de desenvolver esse projeto vem ao encontro do interesse crescente dessas instituições em introduzir os animais durante o período de hospitalização. OBJETIVO: avaliar os efeitos da Atividade Assistida por Animais (AAA) em crianças e adolescentes hospitalizados na expressão verbal e qualidade da dor autorreferidas. MÉTODO: Casuística: 17 crianças/adolescentes hospitalizados, de ambos os gêneros, com idade a partir de 7,0 anos e queixa de dor, em hospital infantil na cidade de São Paulo. Cães co-terapeutas: dois cães (Old English Sheepdog e Shihtzu) de acordo com critérios de protocolos internacionais. Procedimento: Aplicou-se Escala Numérica de Dor e questão aberta (“Conte-me como é sua dor”), sem a presença do cão. Realizou-se AAA com duração de 05 a 10 minutos, com atividades propostas espontaneamente pelos sujeitos. Reaplicaram-se a escala e a questão aberta. Critérios de avaliação: Realizou-se análise descritiva dos dados por meio de frequências absolutas e relativas, medidas de tendência central e dispersão. Para análise inferencial, verificou-se aderência à curva normal pelo teste de Komolgorov-Smirnov da variável de desfecho e teste t-student pareado. Assumiu-se um nível descritivo de 5% (p<0,05) para significância estatística. A interpretação da questão aberta foi pautada na análise categorial que propõe reorganização do discurso pela investigação de categorias temáticas estabelecidas à posteriori de acordo com incidência e relevância. RESULTADOS: Nesta população, há evidências estatisticamente significativas de que a AAA demonstrou eficácia quanto à redução da sensação de dor dos sujeitos (p=0,004), além de reduzir aspectos emocionais indesejáveis envolvidos na hospitalização. O conteúdo da questão aberta foi classificado em quatro categorias: 1. Sensação; 2. Parte do corpo; 3. Intensidade da dor; 4. Comentários gerais. Observou-se que as respostas sugeriram diminuição da sensação de dor e melhora no bem-estar dos sujeitos. DISCUSSÃO: Os resultados indicam que AAA interferiu na diminuição da sensação de dor. Pode estar associado a efeitos metabólicos advindos desse tipo de interação, pois durante o contato humano-animal tendem a ocorrer alterações hormonais importantes como estímulo da produção de endorfina, induzindo sensação de bem-estar. Podemos considerar que o cão tem capacidade de dar continência a sentimentos e sensações negativos, neutralizá-los e potencializá-los para que o paciente se torne mais tolerante à internação, além de substituir a ausência de afeto dando contenção ao desamparo. AAA promoveu efeitos psicológicos positivos nos sujeitos como: humor/sorrisos; sociabilidade/conversas; motivação/levantar-se da cama; sentimentos depressivos/parar de chorar. A proposta não é a de indicar a IAA como opção isolada para o tratamento de dor, mas como intervenção complementar à abordagem humanizada da saúde. CONCLUSÃO: Houve diminuição significativa da sensação de dor após AAA, nesta população. Verificou-se que possivelmente há elaboração simbólica do sujeito sobre sua dor, já que o cão pode representar acolhimento e afeto no período de hospitalização.

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Área

4. Modelos de Prevenção e Promoção da Saúde em Diferentes Contextos - 4.4. Terapia assistida por animais

Instituições

PUC-SP - São Paulo - Brasil

Autores

Tatiane Ichitani, Annelisa Bruna Faccin, Glicia Ribeiro Oliveira, Raisa Schenkman Uliana, Maria Claudia Cunha