A PELE QUE HABITO: A RELAÇÃO DA DERMATITE ATÓPICA AOS FENOMENOS PSICOSSOMÁTICOS
Introdução: A dermatite atópica (DA) é definida por manifestações inflamatórias na pele. Por não possuir consenso quanto a um único critério, prevalece atualmente o exame clínico como principal determinante do diagnóstico. Sua classificação como doença sistêmica compreende entendimentos diferentes sobre seu manejo (LEITE, LEITE, COSTA, 2006), dentre eles pode-se considerar o campo da psicossomática. Entendendo a complexidade das DAs, em 2012, o Serviço de dermatologia do Hospital Evangélico em parceria com o Projeto “Escola da Atopia” criado na França pelo Laboratório La Roche Posay, iniciou um trabalho de acompanhamento e orientação à pais e crianças com diagnóstico de DA. O Projeto conta com 80 “Escolas” distribuídas em 23 países, dentre estes, a que tratamos neste estudo, situada na cidade de Curitiba, única implantada no Brasil até o momento. A partir da compreensão de que as questões emocionais estão diretamente relacionadas aos eventos físicos resultantes da DA, em 2015 levantou-se a necessidade da presença de um psicólogo integrando a equipe deste Projeto. Afim de ampliar os estudos e pesquisas, em 2017 estabeleceu-se parceria entre as Instituições e o Curso de Psicologia da FAE – Centro Universitário.
Objetivo: Identificar os fenômenos psicossomáticos relacionados ao diagnóstico de DA em crianças.
Metodologia: Este trabalho refere-se a um recorte inicial da pesquisa sobre “os fenômenos psicossomáticos relacionados ao diagnóstico de DA em crianças". Trata-se de um estudo de caráter qualitativo, baseado em um referencial psicanalítico. Os encontros com os participantes deste estudo acontecem mensalmente no ambulatório de dermatologia do Hospital Evangélico. Os participantes são encaminhados para participar do Projeto pelos serviços de dermatologia da rede pública de saúde. Os encontros iniciam-se com orientações da equipe de dermatologia sobre os cuidados e precauções necessárias para o tratamento. Na sequencia o grupo é conduzido por uma psicóloga que, a partir de um viés psicanalítico oferece escuta a estes familiares. Concomitante ao trabalho com os pais, as crianças com DA participam de atividade lúdicas.
Resultados: Durante o trabalho com o grupo observou-se que os pais atribuem a piora dos sintomas decorrentes da DA a questões emocionais. Frequentemente surge nos encontros do grupo à relação da DA com estresse, angústia, depressão, conflitos, sofrimento, etc. Estes dados reafirmam achados em outros estudos que trazem o entendimento de que o diagnóstico está relacionado ao campo da psicossomática (FACURY, 2011). Durante os encontros foram observados fatores importantes relação de pais e filhos, como excesso de controle que os pais exercem sobre a criança, interferência na interação com o desejo/posição da criança e ambivalência com alternância entre irritação/agressividade e carinhos/afagos excessivos.
Considerações finais: A DA não afeta apenas a pele daquele que com ela é diagnosticado, ela vem associada a questões psíquicas que acarretam em uma série de mudanças e adaptações ao paciente e a seus familiares. Frente a isso, faz-se importante estratégias que ofereçam escuta e apoio emocional aos envolvidos neste processo. Compreender os significados e representações das psicossomatizações contribui para as estratégias terapêuticas no tratamento da DA.
FACURY, T.C.C. A Escuta da psicanálise sobre a pele: uma abordagem psicanalítica da doença psicossomática. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2011.
LEITE, R. M. S.; LEITE, A. A. C.; COSTA, I. M. C. Dermatite atópica: uma doença cutânea ou uma doença sistêmica? A procura de respostas na história da dermatologia. An. Bras. Dermatol., Rio de Janeiro, v. 82, n. 1, p. 71-78, Fev. 2007.
1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.7 Intervenções Individuais ou Grupais no HG
FAE - Centro Universitário - Paraná - Brasil, Hospital Evangélico - Paraná - Brasil
Madalena F. Becker de LIMA, Francisleine MOLETA