O grupo multifamiliar e o testemunho da existência: um relato de experiência
O presente trabalho foi escrito a partir de uma experiência de Estágio Profissional do curso de Psicologia da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) na Unidade de Internação Clínica de Adultos e Idosos de um Hospital Público do interior do Estado do RS. Esse estudo tem por objetivo falar da vivência enquanto coordenadora de grupos multifamiliares que visam a troca de experiência, o conhecimento mútuo, e também, para que o familiar tenha um lugar de existência no hospital. Sendo um trabalho já realizado pelo Serviço de Psicologia, passou a ser coordenado pela estagiária no segundo semestre de 2016. Eram convidados, uma vez por semana, todos os acompanhantes e familiares, sendo espontânea a participação. Os grupos aconteciam em uma sala destinada ao atendimento de acompanhantes, e em média, participavam de 7 a 10 pessoas, por semana. Os participantes conseguiam se expor, experimentando uma vivência com os demais membros que também passavam por momento semelhante. Sousa & Endo (2009) citam Freud, sobre a importância da fala enquanto cura da dor, e aqui pôde-se constatar isso, os participantes falam sobre seu sofrimento em um espaço que é para eles, reconhecendo a sua dor e sua existência, tendo o testemunho dos demais membros. Dentre os resultados analisados, foi possível notar o papel da mulher ainda como cuidadora da família, sendo sempre a maioria, e também, certo estranhamento de alguns familiares quando eram convidados a falarem de si. Na experiência de estágio em um hospital pode-se perceber o quanto a família demanda da Psicologia, tornando-se então, também pacientes. De fato, a clínica psicanalítica, em que o instrumento de trabalho é a escuta, se diferencia da clínica médica pelo motivo de não tratar dos mesmos “doentes”, pois na escuta, trata-se do sujeito da fala, a fala que dá lugar à sua existência. Deste modo, nota-se que o trabalho realizado é de grande valor, pois no grupo é dada a oportunidade de o acompanhante falar, passando a existir não somente no papel de cuidador, e também por se tratar de uma camaradagem e solidariedade entre membros, em que se reconhece o outro (NARVAZ, 2010).
NARVAZ, M. G. Grupos Multifamiliares: história e conceitos. Contextos Clínicos, São Leopoldo, v.3, n.1, p.1-9, jun. 2010 Disponível em
SOUSA, E. & ENDO, P. Sigmund Freud: ciência, arte e política. Porto Alegre: Ed. L&PM, 2009
1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.7 Intervenções Individuais ou Grupais no HG
UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - Rio Grande do Sul - Brasil
ROSANE MASSENA DE AZEREDO