Título

Relato de Experiência: Estágio Supervisionado em Psicologia na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Adulto do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM).

Resumo

Introdução: O profissional de Psicologia tem como uma de suas funções a atuação no ambiente hospitalar, com foco na tríade pacientes, família e equipe de saúde¹. A UTI é um setor do hospital destinado a receber pacientes em estado crítico, na maioria das vezes com possibilidade de recuperação, oriundos de diferentes especialidades. As maiores fontes de estresse para pacientes internados em UTI´s são a ociosidade, a perda de autonomia, a sensação de abandono pela família e o risco de morte². A incerteza do prognóstico do paciente e o ambiente tecnológico são fatores que podem afetar psicologicamente os familiares³. Diante destas potenciais necessidades de atenção psicológica, uma das estratégias da atuação da Psicologia na UTI adulto do HC-UFTM é o Estágio Supervisionado para alunos do último ano do curso de Psicologia.
Objetivo: Descrever o Estágio Supervisionado em Psicologia na UTI e suas ações junto aos pacientes e familiares internados na UTI em questão.
Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, realizado em hospital escola de nível terciário em uma cidade do interior de Minas Gerais, no período de Agosto/2015 à Agosto/2016. Os atendimentos aos pacientes foram realizados por seis alunos do curso de Psicologia. As atividades foram supervisionadas por uma docente do curso, contando com 12 horas de atividades práticas e 4 horas de supervisão semanais. Os documentos institucionais, relacionados à proposta e planejamento do Estágio, assim como os registros das ações realizadas pelos alunos ao longo da realização do Estágio compuseram o material de análise. Tais dados foram analisados por meio da técnica de análise de conteúdo
Resultados e discussão: O trabalho psicológico na UTI tem por objetivo auxiliar pacientes e familiares na compreensão do diagnóstico e prognóstico dos casos em parceria com a equipe multiprofissional, proporcionar suporte para o enfrentamento do adoecimento grave, investigar e intervir sobre as reações emocionais de pacientes e familiares diante da internação e da doença, verificar o suporte social disponível para ambos, bem como a presença de necessidades psicológicas individuais, realizar psicoeducação sobre equipamentos e ambiente de terapia intensiva, oferecer informações sobre o serviço, disponibilizar atendimento psicológico individualizado de acordo com a necessidades apresentadas e orientar quanto a encaminhamentos necessários.
Conclusão: O acompanhamento dos pacientes e seus familiares junto à equipe mostra-se útil quanto ao esclarecimento de dúvidas, alívio de tensões e suporte para diálogos entre a equipe e familiares. Proporciona acolhimento e colabora para que pacientes e familiares estejam presentes e ativos no processo terapêutico. O Estágio de atuação Psicológica na UTI fornece benefícios para a comunidade usuária deste serviço por meio da articulação entre o ensino e a assistência em saúde, bem como uma oportunidade de treinamento de alunos e complementação da formação profissional.
Em vista da importância da sistematização dos trabalhos realizados pelos sujeitos do cuidado em saúde no âmbito hospitalar, observa-se a necessidade da utilização e desenvolvimento de instrumentos que avaliem os impactos da atuação sobre as pessoas assistidas, com o intuito de obter parâmetros quanto à eficácia das estratégias realizadas e favorecer o desenvolvimento de novas formas deabordagem.

Referências Bibliográficas

¹ Trucharte, F.A. R., Knijnik, R. B., Sebastiani, R. W., Angerami, A. C. (organizador). Psicologia hospitalar: teoria e prática. 2. ed. Revista a ampliada. São Paulo: Cengage Learning, 2010.
² Souza, L. M. & Sousa Filho, E. A. (2008). Percepções sociais de pacientes sobre profissionais da saúde e outros estressores no ambiente de unidade de terapia intensiva. Estudos de Psicologia (Campinas), 2(3). 333-342.
³ Martín Rodríguez, A. & Pérez San Gregorio, M. A. (2005). Psychosocial adaptation in relatives of critically injured patients admitted to an intensive care unit. The Spanish Journal of Critical Care, 18(3), 200-9.