Avaliação da resiliência em mulheres diagnosticadas com câncer e mastectomizadas atendidas no Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM)
Introdução: Saber do diagnóstico de uma doença oncológica não mobiliza apenas a pessoa acometida por esta doença, mas sim toda a sua família e as pessoas com as quais mantêm relações, constituindo momentos de intensa angústia, sofrimento e ansiedade (Bergamasco e Angelo, 2001; Venâncio, 2004). Isso porque o câncer ainda está associado a dor, sofrimento, angústia, afastamento das rotinas diárias e incerteza quanto ao futuro, além de seu diagnóstico trazer a ideia de uma “sentença de morte”, mutilações e dor ao imaginário daqueles que sofrem. (Kovács, 1998; Carvalho, 1998).
No Brasil, as taxas de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas, muito provavelmente porque a doença ainda é diagnosticada em estádios avançados. Em 2014, eram esperados 57.120 casos novos de câncer de mama, com um risco estimado de 56,09 casos a cada 100 mil mulheres (Brasil, 2014).
Em se tratando do câncer de mama, pode-se afirmar que ele representa o segundo tipo de câncer mais frequente no mundo e o mais comum entre as mulheres, sendo que seus fatores de risco estão relacionados à vida reprodutiva da mulher (menarca precoce, idade da primeira gestação a termo acima dos 30 anos, anticoncepcionais orais, menopausa tardia e terapia de reposição hormonal) e a fatores genéticos. Deve-se ressaltar que a amamentação, a prática de atividade física e a alimentação saudável com a manutenção do peso corporal estão atreladas a um menor risco de desenvolver esse tipo de câncer. (Brasil, 2014; Cantinelli et al, 2006). Objetivo: Avaliar a resiliência em mulheres diagnosticadas com câncer e mastectomizadas através da Escala dos Pilares da Resiliência (Vetor® Editora). Método: Foi realizado um estudo transversal com 63 pacientes do Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM). O instrumento utilizado foi a Escala dos Pilares da Resiliência (Vetor® Editora). A análise estatística escolhida foi o teste U de Mann-Whitney.Resultado: Na comparação das médias entre pacientes diagnosticadas e mastectomizadas, podemos afirmar o seguinte em relação as subescalas avaliadas: aceitação positiva de mudança, as amostras não têm diferenças significativas, ou seja, são consideradas iguais. O mesmo acontece com bom humor, orientação positiva para o futuro e valores positivos.
Em relação à autoconfiança, autoeficácia, empatia e independência, nas pacientes diagnosticadas temos uma média maior de incidência. Por fim, em controle emocional, reflexão e sociabilidade, as pacientes mastectomizadas tem maior incidência em relação às diagnosticadas. Conclusão: O impacto da do diagnóstico do câncer de mama e da mastectomia sobre a qualidade de vida, somado ao preconceito que a paciente enfrenta, pode ser minimizado por uma rede de apoio, que suscitará a capacidade de resiliência, a fim de minimizar efeitos adversos provocados pelo câncer e procedimento cirúrgico.
(1) Bergamasco,R. B. e Ângelo, M. (2001). O sofrimento de descobrir-se com câncer de mama: como o diagnóstico é experienciado pela mulher. Revista Brasileira de Cancerologia, 47 (3), 277-282.
(2) Brasil, Ministério da Saúde. (2014). Instituto Nacional do Câncer. Estimativa 2014: Incidência de câncer de mama no Brasil. Rio de Janeiro. Acessado em 06/03/2015: http://www.inca.gov.br/estimativa/2014/sintese-de-resultados-comentarios.asp
(3) Cantinelli, F.S., Camacho, R.S., Smaletz, O., Gonsales, B. K., Braguittoni, É., & Rennó Jr., J. (2006). A oncopsiquiatria no câncer de mama - considerações e respeito de questões do feminino. Rev. Psiq. Clín. 33 (3), 124-133.
(4) Carvalho, M.M (Org). (1998). Pisco-oncologia no Brasil:resgatando o viver. São Paulo:Summus.
Gomes, N.S e Silva, S. R. (2013). Avaliação da autoestima de mulheres submetidas a cirurgia oncológica mamária. Texto Contexto Enferm,22 (2), 509-516.
(4) Kovács, M. J. (1998). Avaliação da qualidade de vida em pacientes oncológicos em estado avançado da doença. In: Carvalho, Maria Margarida M. J. de (Org). Psico-oncologia no Brasil: Resgatando o Viver. São Paulo: Summus Editoria.
(5) Mezzomo, N. R. e Abaid, J.L.W. (2012). O câncer de Mama na Percepção de Mulheres Mastectomizadas. Psicologia em Pesquisa, 60 (1), 40-49.
(6) Santos, D. N. e Figueiredo, M. L. F. (2012). Resiliência de idosas portadoras do câncer de mama. Rev Enferm UFPI, 1 (2), 101-107
1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.4 Saúde do Homem e da Mulher
KELLY C. A. FRANÇA, MONALISA DE CÁSSIA FOGAÇA, BARBARA R.S. ALVES, CAMILA L. MARCIANO , DANIELA Z. TONIAL , ALAN L. SANTOS , DAVID P.M. SILVA