APOIO PSICOLÓGICO NA TERMINALIDADE: REFLEXÕES ACERCA DA ELABORAÇÃO DO LUTO EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA DE UM HOSPITAL GERAL
INTRODUÇÃO: A elaboração do luto, diante do diagnóstico da terminalidade, é permeada por diversos significados, podendo variar de acordo com a cultura e o contexto em que ocorre. Desde o início da humanidade, a morte traz inquietude e é um assunto temido, sendo frequentemente evitado. Referente ao contexto hospitalar, em que a finitude se mostra presente, a figura do psicólogo tornou-se importante e quando se fala em Unidade de Terapia Intensiva, os medos, temores e as fantasias se intensificam. OBJETIVOS: Diante do exposto, este trabalho tem como objetivo, refletir sobre o ambiente de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), como espaço de atuação também dos psicólogos e, sobretudo, do manejo com pacientes e familiares em situações de luto. É comum que pacientes e familiares se desorganizem emocionalmente em uma UTI; assim, o psicólogo atua com alguns fins específicos, como no auxílio da elaboração do processo de terminalidade, exercendo a escuta empática e ativa, e intervindo, tanto em benefício do paciente, quanto dos familiares. METODOLOGIA: A metodologia do presente estudo se desenvolveu a partir do relato de experiência em Psicologia Clínica, em uma UTI Adulto de um Hospital Geral de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. RESULTADOS: Como resultados, percebeu-se o quão frequente se manifestam mecanismos de defesa em um ambiente de UTI, principalmente a negação e a racionalização. A compreensão da utilização destes mecanismos, por parte do profissional de Psicologia, faz-se necessária para melhor planejar as intervenções a serem trabalhadas com o paciente e seus familiares, visando contribuir para uma elaboração adaptativa do luto e, consequentemente, um melhor enfrentamento das situações de terminalidade e de difícil manejo. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS: Desta forma, pode-se inferir que é necessário para o profissional de Psicologia o desenvolvimento de habilidades de escuta, assim como a percepção dos significados e interpretações do silêncio dos pacientes e familiares em situações de luto. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Entende-se assim, que é por meio da expressão (verbal e não-verbal) que pode emergir a subjetividade, não se limitando à realidade biológica ou ao campo do real, mas simbolizando o que é sentido, por meio das dores e sofrimentos vividos pelos pacientes e familiares. O atendimento psicológico em uma Unidade de Terapia Intensiva pode ser um espaço de encontro com a significação e ressignificação dos sentimentos, necessário para que se complete o ciclo vital, ante ao enigma e enfrentamento da morte.
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1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.3 Morte e Processo de Luto
Centro Clínico da PUCRS - Rio Grande do Sul - Brasil, Hospital São Lucas da PUCRS - Rio Grande do Sul - Brasil
Leci Maria Soriano Bobsin Corrêa, Luana Duarte Beck