PERCEPÇÃO DOS PAIS DE CRIANÇAS HOSPITALIZADAS SOBRE O TRABALHO DO PSICÓLOGO HOSPITALAR
Introdução: A experiência de ter uma criança hospitalizada comumente mobiliza sofrimento e angústia aos familiares que acompanham o processo de internamento. Frente a isso, faz-se importante estratégias que ofereçam escuta e apoio emocional aos envolvidos durante a hospitalização (Condes et al., 2012). Neste sentido a atuação do psicólogo hospitalar com familiares e acompanhantes é uma prática consolidada e, a partir da vivência em um hospital infantil, observou-se que são comuns percepções preconcebidas e/ou sem clareza sobre o trabalho do psicólogo.
Objetivo: Identificar a percepção dos pais de crianças hospitalizadas sobre o trabalho do psicólogo hospitalar.
Metodologia: O presente estudo foi desenvolvido a partir de pesquisa qualitativa de cunho exploratório, realizada com pais de crianças internadas em enfermaria pediátrica de um hospital da rede pública de saúde no estado do Paraná. Compuseram o estudo 11 familiares, sendo 10 mães e 1 pai. O critério de seleção destes pais foi a presença como acompanhante da criança no momento da coleta de dados. Fizeram parte da pesquisa aqueles que possuíam idade acima de 18 anos e que já haviam tido contato com o algum profissional do Serviço de Psicologia do Hospital. Além dos critérios de inclusão apontados, foram utilizados para a seleção da amostra critérios de saturação teórica. A coleta de dados ocorreu durante o mês de junho de 2016 e foi realizada por meio de uma entrevista semi-estruturada. Os dados levantados foram analisados com base na análise do conteúdo.
Resultados e Discussões: A partir dos dados obtidos, foram criadas duas categorias de análise: uma, referente a experiência do familiar com o atendimento psicológico realizado durante o internamento e, outra, a respeito do fazer do psicólogo no hospital. Sobre a experiência com o atendimento, todos os familiares atribuíram aspectos positivos, ressaltando como se sentiram após o contato com psicólogo. Questões como “eu me senti mais leve”, “desabafei”, são exemplos dos relatos produzidos. Em relação ao que o psicólogo faz no hospital, os participantes trouxeram atribuições como: apoio e suporte emocional, escuta e acolhimento. Também surgiram falas relacionadas a possíveis funções do profissional, como aconselhamento, orientação, esclarecimento de dúvidas e acalmar o familiar em sofrimento. A partir dos resultados observou-se que os pais se sentiram calmos, orientados e acolhidos após serem atendidos pelo Serviço de Psicologia e relacionaram estes sentimentos a função do profissional, ou seja, o resultado do atendimento possibilitou a criação de uma função do psicólogo no imaginário dos familiares.
Considerações Finais: A população pesquisada não apresentou clareza quanto ao papel do psicólogo hospitalar, pautando-se no senso comum e trazendo expectativas que não condizem a real função do trabalho deste profissional. É notado, portanto, que esta falta de clareza acerca do fazer do psicólogo hospitalar propicia com que sejam criadas fantasias sobre sua prática o que pode prejudicar as intervenções realizadas neste contexto. A partir disso observa-se a necessidade de ações informativas a respeito da atuação do psicólogo.
CONDES, Renata Pereira et al. Atendimento psicológico em unidades de terapia intensiva. In: BRUSCATO, Wilze Laura (Org.). A psicologia na saúde: da atenção primária à alta complexidade. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2012. p. 183-216.
1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.2 Saúde Mental do Paciente, Família e Equipe
FAE CENTRO UNIVERSITÁRIO - Paraná - Brasil, HOSPITAL INFANTIL WALDEMAR MONASTIER - Paraná - Brasil
FRANCISLEINE MOLETA, JULIANE GEQUELIN ROSA, DANIELA SCHMIDT DA NOVA ALVES