11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

ExpoGramado – Centro de Feiras e Eventos - Gramado /RS | 30 de agosto a 02 de setembro de 2017

Dados do Trabalho


Título

APOIO SOCIAL ENQUANTO ESTRATÉGIA DE ENFRENTAMENTO DOS CUIDADORES DE PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS

Resumo

Introdução: A atenção ao paciente oncológico engloba o entendimento de cuidados paliativos. Esses cuidados também são destinados ao cuidador, uma vez que este precisa ser visto como um indivíduo vulnerável frente ao adoecimento do familiar. Diante de eventos estressores, os cuidadores podem utilizar estratégias de enfrentamento, como a busca por recursos externos e apoio social. A maneira como cada um irá enfrentar uma situação estressora ocorre a partir de uma avaliação cognitiva dos recursos, crenças, habilidades de resolução de problemas, recursos sociais e materiais disponíveis. Objetivo: Compreender as estratégias de enfrentamento relacionadas ao apoio social dos cuidadores de pacientes em cuidados paliativos. Metodologia: Estudo qualitativo, descritivo, exploratório, com cuidadores familiares de pacientes oncológicos e em cuidados paliativos desenvolvido em um programa de internação domiciliar vinculado a um Hospital Escola na região sul do Brasil de agosto a outubro de 2016. Para a coleta das informações utilizou-se uma entrevista semiestruturada com questões sociodemográficas e um roteiro com eixos norteadores. Os dados foram gravados, transcritos e submetidos à análise de conteúdo de Bardin. Para finalizar a pesquisa foram respeitados os critérios de saturação. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Pelotas (parecer nº 1.558.688). Resultados e discussão: Foram entrevistados nove participantes, sendo oito do sexo feminino, com idades entre 49 e 72 anos, prevalecendo cuidadores casados, com ensino fundamental incompleto e com dedicação exclusiva ao paciente e as atividades da casa. O tempo de cuidado variou de 6 meses a 15 anos. Em relação ao grau de parentesco do cuidador, cinco destacaram-se como cônjuges, e os demais como mãe, irmã, sobrinha e cunhada. Foram evidenciadas quatro categorias: 1) A família como fonte de apoio: verificou-se a valorização do suporte da família, seja pela atenção as questões pessoais do próprio cuidador ou como forma de apoio no revezamento dos cuidados com o paciente. 2) A fé como apoio terapêutico: a fé e a busca por sentido diante da situação vivenciada, e o entendimento desta como vontade de Deus, pode proporcionar ao cuidador conforto e melhor aceitação frente a iminência da finitude da vida do paciente. 3) Suporte da equipe da atenção domiciliar: a presença da equipe domiciliar em cuidados paliativos constituiu importante apoio, permitindo maior segurança e confiança aos cuidadores, que também valorizaram o suporte emocional recebido. 4) Domicílio como cenário de cuidado: o domicílio foi apontado como o melhor local para prestar cuidados ao familiar, tendo como vantagens a maior autonomia, flexibilidade de horários, liberdade, conforto e melhor local para organização das atividades diárias do cuidador. Considerações finais: Destaca-se a importância da rede de apoio familiar, resultando no revezamento do cuidado e diminuição de níveis de sobrecarga e estresse no cuidador. É indispensável que a equipe domiciliar esteja atenta as necessidades do cuidador para fortalecer seus fatores protetivos e integrá-lo na assistência através da implementação de ações em saúde. Para tal, prioriza-se a atuação integral da equipe interdisciplinar. Reforça-se ainda a importância de grupos entre os cuidadores proporcionando um espaço de troca de experiência.

Referências Bibliográficas

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Área

1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.8 Cuidados Paliativos

Autores

Bruna Maffei, Isabel Cristina de Oliveira Arrieira, Renata Alexandre Ferreira, Daniela Habekost Cardoso