O Doente Renal Crônico e a Família: tramas e enredos
Há relevantes mudanças na conjuntura de vida de um indivíduo quando diagnosticado com Doença Renal Crônica (DRC). Sua rotina hospitalar tornar-se intensa, permeada por procedimentos médicos invasivos. Os impactos da DRC são inúmeros, e estes não acometem somente o paciente. As pessoas de seu convívio social, em especial seus familiares, vivenciam indiretamente este mesmo contexto. Surge então uma questão: como os familiares lidam com uma doença crônica? Visto que a doença crônica os mobilizam e os obrigam a fazerem uma reorganização familiar, visto que não haverá cura do membro familiar adoecido. Considerando a família como grupo social primário, é a partir dele que se constroem as primeiras redes de relações. Neste, pode-se obter a satisfação de necessidades básicas, como, conservação, manutenção e recuperação da saúde. As relações construídas entre seus membros podem proporcionar troca de informações e apoio mútuo. Pressupõe-se que nessa troca de relações vividas pelos membros de uma família, quando uma doença é instalada, todos estão sujeitos a vivenciarem o impacto que esta pode causar. Considerando as informações apresentadas, o objetivo deste trabalho foi investigar e compreender os impactos da DRC em familiares que acompanham o membro adoecido. Para alcançar tal propósito, este trabalho se configurou em uma pesquisa qualitativa, e empregou um roteiro de entrevistas com 14 perguntas, com intuído de coletar dados sobre como deu-se o processo de adoecimento do enfermo, a organização da família frente à doença e o impacto na vida do familiar entrevistado que o acompanha. Foram entrevistados 5 familiares que acompanhavam membros adoecidos que realizavam hemodiálise na Unidade de Hemodiálise de um Complexo Hospitalar privado conveniado ao SUS (Sistema Único de Saúde) localizado no sudoeste goiano. Tal pesquisa foi realizada no ano de 2016 e os participantes puderam responde-la individualmente no próprio complexo hospitalar mediante o consentimento por escrito dos mesmos. Para análise dos dados, utilizou-se dos recursos dispostos na análise de conteúdo. Com os dados colhidos, pode-se refletir sobre os impactos da DRC na vida dos familiares que acompanham toda a rotina de cuidado imposta pela doença. Os dados indicam que ambos, adoecido e familiares, estão sujeitos a vivenciarem de forma dolorosa este contexto. Todavia, a família apresenta um papel decisivo, além de reorganizar seu grupo e sua rotina frente ao adoecimento, assume o papel de cuidado, busca meios para auxiliar o membro doente. Os dados apontam que a família passa por um processo de reestruturação, e que o familiar diretamente envolvido com os cuidados do membro adoecido, assume o papel de cuidador, também vivenciando o sofrimento psíquico, bem como a necessidade de maior atenção e amparo. Por fim, houve dificuldade em encontrar material acadêmico que tratasse dos impactos que uma doença crônica gera em um grupo familiar, mais especificamente a DRC. Desta forma, este trabalho não esgota a temática, há muito que se compreender do contexto familiar permeado pelos impactos da DRC.
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1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.5 Doença Crônica e Dor ao longo do Ciclo da Vida
Universidade Federal de Goiás - Goiás - Brasil, Universidade Federal de Goiás - Goiás - Brasil
Aline Rosa Costa, Maurício Campos