11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

ExpoGramado – Centro de Feiras e Eventos - Gramado /RS | 30 de agosto a 02 de setembro de 2017

Dados do Trabalho


Título

O uso de histórias como intervenção psicoterapêutica com paciente hospitalizado

Resumo

O período de internação hospitalar é geralmente um período de crise, no qual as angústias tendem a se intensificar, sobretudo se a internação é cirúrgica. Além disso, o ambiente hospitalar coloca o paciente em situação favorável ao aparecimento dos mais diversos sentimentos, como o medo, a raiva, resistência, impotência e comportamentos regressivos. A permanência dos pacientes na internação é geralmente breve, exigindo do psicólogo uma maneira singular de atuação. O uso de histórias com pacientes adultos pode ser um disparador no processo de intervenção, permitindo que os aspectos mais primitivos possam ser revividos de forma não persecutória, pois passear pelo mundo de fantasias permite ao paciente experenciar, refletir, simbolizar e possibilitar a resolução de um conflito. O presente trabalho relata a experiência de um atendimento psicológico utilizando livros de histórias. O objetivo desta intervenção foi possibilitar ao paciente um movimento associativo e reestabelecer a comunicação com seu mundo interno. Percebeu-se na forma de comunicação do paciente a dificuldade de externalização de seus sentimentos e emoções, fixando-se nos aspectos de vida mais superficiais. Dessa forma, a fim de estabelecer um espaço de escuta psicoterapêutica onde o paciente fosse capaz de externalizar medos e angústias, bem como trabalhar suas resistências e ressignificar fatos marcantes de sua vida, foram selecionadas e disponibilizadas a leitura de histórias infantis de acordo com o conteúdo relacionado ao conflito do paciente. O primeiro livro escolhido pelo paciente foi “O Ratinho, o Morango Vermelho Maduro e o Grande Urso Esfomeado” – podendo ser interpretado em diferentes perspectivas; uma delas é a possibilidade de compartilhar com os outros sentimentos e afetos. O segundo livro optou pelo “Tatu balão” – podendo ser compreendido pelas alternativas de resolução de problemas a partir de estabelecimentos de vínculos. A partir da contação de histórias e a exploração destas com o terapeuta, o processo associativo foi estimulado, desencadeando uma liberação de conteúdos latentes e facilitando a comunicação entre paciente e terapeuta. Consequentemente, houve fortalecimento do vínculo, maior compreensão dos conflitos internos e participação do paciente em seu tratamento hospitalar. Percebeu-se, então que a partir das leituras houve diminuição das resistências, possibilitando ao paciente compartilhar sua história pregressa, percebendo a possibilidade de dividir com o terapeuta conteúdos que, por anos, lhe causavam sofrimento e que refletiam no momento atual de sua internação. As histórias, através de uma abordagem lúdica e indireta, proporcionaram ao paciente a descoberta de diferentes alternativas de enfrentamento dos conflitos e a compreensão do valor de sua participação no processo de tratamento, viabilizando sua recuperação.


Palavras-chave: Psicologia Hospitalar. Intervenção. Histórias.

Referências Bibliográficas

SATRAPA, Andréa. A utilização de histórias no manejo terapêutico de pacientes hospitalizados. Journal of Human Growth and Development, v. 12, n. 2, 2002.

TARABAL, Lilian Fabiana Soares; PORT, Ilvo Fernando. Potencial terapêutico dos contos de fadas: uma análise voltada ao público adulto. In: Congresso de Pesquisa e Extensão da Faculdade da Serra Gaúcha. 2015. p. 1067-1085.

Área

1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.7 Intervenções Individuais ou Grupais no HG

Instituições

Hospital Mãe de Deus - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Juliana Pinho Rêgo