Título

A comunicação de más notícias em UTI Adulto: o papel do psicólogo e a abordagem familiar com a equipe multiprofissional.

Resumo

A literatura aponta que a comunicação de más notícias é um conceito amplo, que abrange desde a informação de uma ameaça relacionada ao processo de atenção médica até uma mudança drástica e negativa no curso de vida do paciente (Victorino, Nisenbaum, Gibello, Bastos & Andreoli, 2007). Envolve, assim, não apenas a comunicação do diagnóstico, mas também a progressão da doença e as possibilidades de tratamento (Araujo & Leitão, 2012). Nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTI's), a internação de um paciente implica em uma ruptura em seu modo habitual de existir, podendo suscitar neste e em seus familiares, momentos de angústia e suspensão dos sentidos diante da possibilidade do encontro com a finitude. Sendo assim, as UTI's se caracterizam como o lugar do desamparo (Ferreira & Mendes, 2013), devendo o psicólogo facilitar a criação de canais de comunicação para que as disposições afetivas, vividas por pacientes, familiares e a equipe, circulem por meio da palavra. Este trabalho tem por objetivo compartilhar um relato de experiência a partir da prática de reuniões de gravidade e comunicação de óbito desenvolvidas em um hospital público de grande porte, na cidade de Curitiba - PR. Nestas reuniões, participam um profissional de medicina, acompanhado do psicólogo, fisioterapeuta, enfermeiro e técnico de enfermagem, além dos familiares que estão junto do paciente em sua internação. Foram realizadas 272 reuniões em 2016 e 72 reuniões até abril de 2017, totalizando 344 reuniões. Ainda que a comunicação da notícia em si seja uma tarefa atribuída a equipe médica, o papel do psicólogo neste espaço está em ocupar uma posição que se dá a partir de uma escuta peculiar que sustenta a angústia e abre espaço de tempo subjetivo diante da urgência. Deste modo, contribui para uma abordagem mais refinada da comunicação e uma leitura dos fenômenos psicológicos que ali aparecem, considerando este momento como um processo complexo, que não se limita a simples troca de informações (Araujo & Leitão, 2012).

Referências Bibliográficas

Araujo, J., & Leitão, E. M. (2012). A Comunicação de más notícias: mentira piedosa ou sinceridade cuidadosa. Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, 11(2).
Ferreira, P. D., & Mendes, T. N. (2013). Família em UTI: importância do suporte Psicológico diante da iminência de morte. Revista da SBPH, 16(1), 88-112.
Victorino, A. B., Nisenbaum, E. B., Gibello, J., Bastos, M. Z. N., & Andreoli, P. B. A. (2007). Como comunicar más notícias: revisão bibliográfica. Revista da SBPH, 10(1), 53-63.