Análise do projeto piloto de avaliação de risco psíquico em um hospital filantrópico da cidade de São Paulo
Introdução: O adoecimento e a hospitalização acometem a vida do indivíduo abrupta e disruptivamente, exigindo adaptação e ajustamento (BOTEGA, 2011). O psicólogo hospitalar dá suporte ao paciente e à família nesse período. A implementação do instrumento “Risco Psíquico” foi realizada há 6 anos e revisada há 8 meses, pelo Serviço de Psicologia de um hospital geral. A implantação surgiu como uma demanda dos processos de acreditação e politicas de segurança do paciente visando identificar precocemente dificuldades de adaptação ou transtornos prévios que prejudiquem o tratamento. Desde sua revisão, instaurou-se novo fluxo em que equipe de enfermagem deve acionar a psicologia, para casos classificados como moderado ou grave. Objetivo: Analisar retrospectivamente os dados de identificação e desfecho dos casos de risco psíquico classificados como moderado e grave. Metodologia: Através do sistema TASY, a equipe de enfermagem, durante a Avaliação Global do Paciente, assinala 8 critérios que geram pontuação, classificando assim os pacientes em risco não detectável, leve, moderado ou grave. Nos casos classificados com risco em que não houveram acionamento, realizou-se ação educativa junto ao profissional responsável a fim de educar para a nova política institucional. Foram computados o número de casos identificados como moderado ou grave e o número de acionamentos feitos pela equipe de enfermagem de janeiro a abril de 2017. Também analisou-se o desfecho das avaliações iniciais realizadas nestes casos. Resultados: Em janeiro, 45 pacientes foram identificados e houveram 15 acionamentos, sendo que dos avaliados, 67% deram seguimento. Em fevereiro, identificamos 30 pacientes, havendo apenas 7 acionamentos, desses 71% seguiram o acompanhamento. Em março, houveram 25 identificações e 10 acionamentos, com taxa de seguimento em 80% dos casos avaliados. Em abril, houveram 30 identificações e 10 acionamentos, com 70% de casos em seguimento. Os não acionamentos compreendiam casos em que constatou-se quadros orgânicos que impossibilitavam a avaliação ou quando a equipe não estava bem apropriada do fluxo de acionamento instituído pela nova politica institucional. Percebeu-se variância entre os andares de internação, com alguns parecendo mais resistentes à adesão do fluxo. Discussão dos Resultados: Nota-se uma flutuação nos dados relativos à proporção dos acionamentos em relação aos casos identificados. Isso mostra que a ação educativa tem um papel importante para sensibilizar e melhorar a adesão ao fluxo que ainda gera dúvidas e resistências. Trata-se de uma política interna recente que implica em mudanças de cultura e papéis institucionais, portanto, ainda requer adaptação. A proporção de avaliações que se desdobraram em acompanhamento tem sido alta e mais constante. Parece haver uma apreciação positiva por parte da enfermagem, mas o instrumento carece de sensibilidade para comportamentos disruptivos e é de análise subjetiva, portanto, faz-se necessário treinar e alinhar condutas e percepções. Considerações finais: Para que o instrumento sirva ao seu propósito, deve estar claro e uniforme para a equipe de enfermagem. O serviço de psicologia, junto à gerência de enfermagem, representantes do corpo clinico e diretoria notaram necessidade de nova revisão e treinamento institucional para a equipe multiprofissional, sendo o desdobramento a elaboração de ações estratégicas com este fim.
BOTEGA, N. J. Prática psiquiátrica no hospital geral: interconsulta e emergência. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.
1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.2 Saúde Mental do Paciente, Família e Equipe
Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital Sírio-Libanês - São Paulo - Brasil
Paula da Silva Kioroglo Reine, Caroline Dantas de Freitas, Gabriela Novello Ribeiro, Maria Lívia Leite de Abreu Gomes, Thaynan Ferreira Lopes