11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

ExpoGramado – Centro de Feiras e Eventos - Gramado /RS | 30 de agosto a 02 de setembro de 2017

Dados do Trabalho


Título

Caracterização das reações emocionais e modos de enfrentamento de pacientes cirúrgicas em tratamento de câncer de mama de um hospital filantrópico da cidade de São Paulo

Resumo

Introdução: O Ambulatório de Mastologia é vinculado a um hospital filantrópico da cidade de São Paulo e atende pacientes com câncer de mama, realizando o tratamento cirúrgico e de reconstrução mamária. O serviço de Psicologia está inserido desde a primeira consulta médica da paciente no ambulatório, além disso, realiza o atendimento ambulatorial e na internação. O foco deste estudo é compreender e avaliar o momento de internação, pré ou pós cirurgia. Este comumente é marcado por ansiedade, expectativa de cura, medo do desconhecido, da anestesia e pelo estranhamento com um corpo que já não será mais o mesmo (Alves et al, 2010). A avaliação permite apreender as reações emocionais e os mecanismos de enfrentamento destas pacientes. Objetivos: Caracterizar as reações emocionais e os modos de enfrentamento de pacientes atendidas pelo Ambulatório de Mastologia do hospital no momento da internação para tratamento cirúrgico. Metodologia: Trata-se de um estudo retrospectivo descritivo, utilizando-se como instrumento a ficha de “Avaliação Inicial de Psicologia Hospitalar”, elaborado pelas profissionais do Serviço de Psicologia com base em literatura da área. Este instrumento fica arquivado em prontuário e tendo a equipe multiprofissional acesso ao mesmo. O instrumento avalia a postura da paciente frente à doença e ao tratamento, os principais sentimentos e temores apresentados e os recursos de suporte utilizados. Levantamos as pacientes atendidas entre março de 2016 e abril de 2017. Resultados: Foram identificadas, via sistema, 92 pacientes cirúrgicas, entretanto, foram localizadas as fichas de 60 pacientes. Diante do processo de adoecimento, 46,88% assumem uma postura ativa e 32,81% reflexiva. Em relação aos recursos de enfrentamento, 78% utilizam mais de um recurso, destacando suporte familiar (41,18%), religioso (23,5%), e social (19,12%). Quanto aos sentimentos, 24,84% sentem medo, 19% apresentam ansiedade, 18% relatam insegurança e 9,55% possuem autoimagem prejudicada. Discussão dos resultados: Os sentimentos predominantes na amostra estão diretamente relacionados à etapa cirúrgica do tratamento e corroboram com a literatura que aponta que a eclosão do câncer de mama na vida da mulher acarreta efeitos traumáticos, para além da própria enfermidade (Soares, 2009). Acreditamos que a postura ativa encontrada é favorecida pela abordagem multidisciplinar que ocorre desde a comunicação diagnóstica até o preparo para a cirurgia. Informações através de consultas individuais e grupais ocorrem e promovem elaborações. Entretanto, apesar de boa compreensão e postura ativa, os sentimentos e os temores são frequentes. A maioria das mulheres da amostra utiliza mais de um recurso no momento cirúrgico. O uso de recursos de enfrentamento é fundamental para recuperar o equilíbrio psíquico (Costa & Leite, 2009) e elaborar o adoecimento e tratamento de câncer. Considerações finais: Estes dados nos auxiliam a elaborar projetos de intervenção que objetivem minimizar medo e estresse. No entanto, seria interessante ampliar esta avaliação através da implementação de um instrumento validado, tendo um olhar mais focalizado, podendo emergir resultados que apontem risco psicológico de adaptação ao quadro oncológico, identificando pacientes com maior demanda para seguimento ambulatorial. O instrumento validado associado à entrevista poderia favorecer o rastreamento de pacientes com maior risco.

Referências Bibliográficas

SOARES, P.B.M. et al. Características das mulheres com câncer de mama assistidas em serviços de referência do Norte de Minas Gerais. Rev Bras Epidemiol. 2012; vol. 15, n.3: 595-604

COSTA, P.; LEITE, R.C.B.O. Estratégias de enfrentamento utilizadas pelos pacientes oncológicos submetidos a cirurgias mutiladoras. Rev Bras Cancerologia, 2009, vol 55, n. 4, pp. 355-364

ALVES, P. C.; SILVA, A. P. S.; SANTOS, M.C.L.; FERNANDES, A.F.C. Conhecimento e expectativas de mulheres no pré-operatório da mastectomia. Rev Esc Enferm USP, 2010, vol 44, n. 4, pp. 989-95.

Área

1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.4 Saúde do Homem e da Mulher

Instituições

Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital Sírio-Libanês - São Paulo - Brasil

Autores

Paula da Silva Kioroglo Reine, Gabriela Novello Ribeiro, Caroline Dantas de Freitas, Maria Lívia Leite de Abreu Gomes, Thaynan Ferreira Lopes