11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

ExpoGramado – Centro de Feiras e Eventos - Gramado /RS | 30 de agosto a 02 de setembro de 2017

Dados do Trabalho


Título

CUIDADO PALIATIVO NEONATAL: O GRUPO DE PAIS ENLUTADOS COMO PROPOSTA DE CUIDADO AO LUTO FAMILIAR.

Resumo

INTRODUÇÃO: A morte de um filho é um fenômeno que é percebido como uma fatalidade contrária a natureza e que acaba por interromper com expectativas e sonhos do casal parental e de toda uma família, produzindo uma dor intolerável, que pode acarretar em um luto mal elaborado e influenciar o futuro desse casal. Segundo Freud (1917 [1915]), o luto é um trabalho psíquico, uma reação natural a perdas reais ou imaginadas que necessita de um reconhecimento social e de um espaço de expressão dos sentimentos para que o processo de elaboração seja bem-sucedido. Porém, o que se percebe na realidade é um silêncio em torno da perda e da dor desses pais, que ficam impedidos de expressarem seus sentimentos e isolados muitas vezes, em sua própria dor. OBJETIVO: O objetivo deste trabalho é o de compartilhar a experiência do Grupo de Cuidados Paliativos da unidade de Neonatologia do Hospital da Mulher Professor Doutor José Aristodemo Pinotti - CAISM/UNICAMP, formado há cerca de 14 anos e que desenvolveu durante este período o “Grupo de pais enlutados” que visa o cuidado ao luto parental. METODOLOGIA: O grupo de pais enlutados acontece mensalmente na instituição sendo composto pela equipe multiprofissional de cuidados paliativos (médico, duas psicólogas, fisioterapeuta, assistente social, técnica de enfermagem e enfermeira) e os pais que perderam seus filhos na unidade de Neonatologia. O grupo ocorre em um único encontro três meses após o óbito do bebê, por considerar que nesse momento os familiares encontram-se mais organizados emocionalmente para voltarem ao hospital e enfrentarem as questões que ficaram pendentes em relação a perda. A reunião acontece com um café da manhã de boas vindas e após a apresentação dos participantes e do objetivo do grupo, a circulação da palavra é colocada em movimento. RESULTADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS: A média de retorno das famílias enlutadas é em torno de 40%. Percebe-se que este momento, é uma oportunidade para que os pais possam compartilhar suas vivências, expressar e nomear seus sentimentos, esclarecer suas dúvidas e fantasias em relação a morte do filho, tornando-se um espaço de continência, troca e identificação entre os mesmos, auxiliando-os na construção de significações e representações que os ajudem a elaborar o vivido e a realidade da perda. É possível que a equipe identifique possíveis fatores de risco que impeçam a reorganização emocional para a retomada da vida e as redes de apoio (familiares, amigos, igrejas) que auxiliem o casal e ou família em seu processo de luto. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O trabalho com o grupo de pais enlutados ainda é pouco desenvolvido no Brasil e esta experiência vem demonstrando resultados positivos e integradores que podem estimular o desenvolvimento de ações terapêuticas voltadas ao luto nas instituições de saúde.

Referências Bibliográficas

SOUZA, J.L et al. A família, a morte e a equipe: acolhimento no cuidado com a criança. In: SANTOS, F.S (org). Cuidados Paliativos: Discutindo a Vida, a Morte e o Morrer. São Paulo: Atheneu; 2009. p.145-164.

FREUD, Sigmund. “Luto e melancolia” (1917 [1915]). ESB, v. XIV.

Área

1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.8 Cuidados Paliativos

Instituições

HOSPITALDA MULHER PROF.DR.JOSÉ ARISTODEMO PINOTTI - CAISM/UNICAMP - São Paulo - Brasil

Autores

Andreza Viviane Rubio, Jussara Lima Souza, Elisa Maria Perina, Fabiana Lima Carvalho, Priscila Paula Petreca, Cristiane Ferreira Sanches, Yolanda Maria Braga Freston