11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

ExpoGramado – Centro de Feiras e Eventos - Gramado /RS | 30 de agosto a 02 de setembro de 2017

Dados do Trabalho


Título

Avaliação de Qualidade de Vida e Funcionalidade: Subsídios para Reabilitação de Pacientes Amputados de Membros Inferiores

Resumo

Casos de amputação exigem cuidados organizados por equipes multiprofissionais de reabilitação. Especialmente no que concerne ao controle da dor e à reinserção psicossocial, é imprescindível oferecer um atendimento sistemático e contínuo, o qual deve ser periodicamente reavaliado. Tendo em vista tais pressupostos, realizou-se uma investigação com os seguintes objetivos: a) identificar os níveis de funcionalidade; b) estimar a qualidade de vida; e c) comparar tais medidas com parâmetros sociodemográficos e clínicos. A pesquisa foi previamente autorizada pelo Comitê de Ética institucional e todos os participantes manifestaram concordância por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Adotaram-se como critérios de inclusão: pacientes com mais de seis meses de amputação de membro inferior, em uso de próteses e idade mínima igual a 18 anos. Durante as consultas programadas para confecção ou ajuste de prótese, foi feita a coleta de dados por meio da aplicação do Questionário Genérico de Avaliação de Qualidade de Vida (SF-36) e do Questionário de Medida Funcional para Amputados (MFA). A caracterização sociodemográfica e o perfil clínico foram obtidos a partir das informações contidas no prontuário eletrônico. Para análise dos dados, empregaram-se o teste t de Student e o teste F, estabelecendo-se o nível de significância de 5%. No total, 49 pacientes integraram a amostra. A maioria foi constituída por pessoas com menos de 30 anos de idade (35%), sexo masculino (59,2%), nível de escolaridade superior (40%), com vínculo empregatício (71%) e amputação acima do joelho (69,4%). As amputações foram ocasionadas em razão da retirada de tumor (32,7%), acidente traumático (40,8%), deformidades congênitas (18,4%) e outras etiologias (8,1). A média diária de uso das próteses correspondeu a 13,1 horas (DP = 4,3), sendo que pacientes amputados por tumor relataram usar prótese por menos tempo do que os demais (p < 0,001). De acordo com os níveis de funcionalidade identificados pelo MFA, 67% da amostra não revelou restrição para marcha, 16,3% caminhava aproximadamente 100 passos e 45% retornou às atividades anteriores à amputação. Quanto à avaliação de qualidade de vida, os resultados mostraram que os domínios mais afetados pela experiência da amputação foram vitalidade (66,5) e capacidade funcional (64,8), respectivamente. Em contrapartida, o domínio social obteve a média mais elevada (80,5). No que se refere à variável sociodemográfica ‘gênero’, as mulheres apresentaram os piores indicadores em todos os domínios examinados. Não foram constatadas diferenças significativas em relação à causa ou ao tipo de amputação. Em suma, a presente pesquisa corrobora a literatura internacional especializada. Recomendam-se mais estudos nessa área específica para melhor nortear os programas de reabilitação no cenário brasileiro e assegurar satisfação e bem-estar aos usuários ao longo do seu desenvolvimento pessoal.

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Área

1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.5 Doença Crônica e Dor ao longo do Ciclo da Vida

Instituições

Hospital Sarah de Reabilitação - Distrito Federal - Brasil, Universidade de Brasilia - Distrito Federal - Brasil

Autores

Denise Regina Matos, Tereza Cristina Cavalcanti Ferreira Araujo