Grupos de integração e discussão: uma possibilidade de intervenção do psicólogo hospitalar junto à equipe de saúde de uma Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica
Ao longo dos anos, se estabeleceu que o psicólogo hospitalar focasse seu trabalho na assistência, no ensino e na pesquisa. Diante dos novos cenários de saúde, os hospitais vêm buscando adequação à era da gestão de qualidade, e o psicólogo vem sendo inserido neste contexto. Elaboração de documentos definindo seu papel e rotina, demonstração da capacidade no manejo de diversas situações, presença e participação nas discussões de casos tratam-se de investimento necessário para tornar-se um membro da equipe. Na medida em que a psicologia faz parte da equipe e participa da particularidade do ambiente assistencial de uma Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) observa-se um amplo campo de atuação. Desta forma, o presente trabalho trata-se de um relato de experiência sobre o desenvolvimento e organização de grupos de integração e discussão entre membros da equipe de saúde da UTIP de um hospital pediátrico integrado ao Sistema Único de Saúde (SUS), implantado pela psicóloga referência como uma de suas tarefas no hospital, instituída como procedimento operacional padrão. A intervenção proposta com os grupos constitui um espaço de interação entre os membros da equipe multiprofissional, de reflexão sobre o cotidiano da prática assistencial e discussão de temas desafiadores que impactam no exercício profissional, como por exemplo: importância do ambiente de trabalho; empatia e responsabilidade na assistência; a morte e o morrer; cuidados paliativos; cuidado ao paciente terminal; cuidado à família do paciente; comunicação no ambiente de trabalho; comunicação de más notícias, entre outros que estão em planejamento. Os grupos têm como objetivo melhorar a qualidade e o padrão na assistência, ampliar a visão psicossocial sobre o sujeito humano, instrumentalizar e orientar equipe, e por último fortalecer a humanização como eixo norteador das práticas de saúde, como propôs o Ministério da Saúde em 2003 ao instituir a Política Nacional de Humanização (PNH). Os grupos são realizados mensalmente, com duração de cerca de duas horas, sendo os participantes, profissionais (médicos, residentes, enfermeiros, técnicos, fisioterapeutas) da referida UTIP. Os grupos são coordenados e mediados pela psicóloga referência da unidade, que adota recursos didáticos, como apresentações em formato de power point, leitura de textos, vídeos e também método como role-playing. Observa-se adesão e participação ativa da maioria da equipe, solicitações e sugestões de novos temas, olhar mais amplo sobre assuntos tratados e sinais de mudança na prática assistencial. A fim de contribuir para humanização da assistência, a atenção da psicologia hospitalar também é voltada à equipe de saúde, através de intervenções como os grupos de integração e discussão apresentados acima. Por fazer parte da equipe de saúde da UTIP, a psicóloga está atenta às novas dinâmicas, às relações humanas e à imensa subjetividade que se revelam neste ambiente. Seu papel assistencial está bem claro, mas também há um movimento para ampliar suas possibilidades de atuação, sendo facilitadora no processo de mudança, na medida em que possa utilizar atividades reflexivas em grupo, construindo junto com a equipe ações que possam, dentro do contexto assistencial, atender às novas demandas do paciente, da família e da organização hospitalar.
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1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.7 Intervenções Individuais ou Grupais no HG
Valeska dos Santos Chester