11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

ExpoGramado – Centro de Feiras e Eventos - Gramado /RS | 30 de agosto a 02 de setembro de 2017

Dados do Trabalho


Título

O MANEJO PSICOLÓGICO DIANTE DA DOR DO PACIENTE ONCOLÓGICO

Resumo

Na oncologia, a dor constitui uma das queixas mais freqüentes dos pacientes, o que requer uma abordagem de tratamento especializada e multidisciplinar. Tal manejo se torna mais relevante à medida que os pacientes vivenciam o impacto emocional e desconfortos desde exames diagnósticos até os procedimentos terapêuticos convencionais. A demanda de pacientes com dor oncológica é expressiva e tende ao crescimento. Mesmo diante dos avanços tecnológicos na área da saúde, a equipe multidisciplinar ainda possui dificuldades no enfrentamento deste sintoma. Este estudo objetivou investigar o manejo psicológico diante da dor do paciente oncológico. A metodologia deste trabalho consistiu numa revisão integrativa de artigos localizados nas bases de dados: Scientific Electronic Library Online (SCIELO), PUBMED e Literatura Latino-Americana em Ciências de Saúde (LILACS), revistas eletrônicas, dissertação de mestrado e livros técnicos relacionados ao tema. Observou-se a importância da atenção psicológica ao paciente oncológico com dor, assim como o uso de recursos psicoterápicos e de técnicas de psicoterapia, representando um importante acréscimo ao tratamento. Constatou-se que a atuação do psicólogo diante da dor oncológica, seja de apoio, acolhimento, aconselhamento, reabilitação, psicoterapia individual ou grupal, objetiva manter o bem estar do paciente, compreendendo os fatores emocionais que interferem na sua saúde e realizando um trabalho de prevenção e diminuição dos sintomas emocionais e físicos ocasionados pelo câncer. O cuidar psicológico através da escuta terapêutica pode proporcionar ao paciente ressignificações desse processo da doença e melhor adesão ao tratamento. Os resultados evidenciaram que as estratégias psicológicas para o manejo da dor, tais como o uso de grupos educativos, programas cognitivo-comportamentais, técnicas de relaxamento (distração, imaginação dirigida e hipnose), representação gráfica da dor (técnica projetiva) e terapias integrativas possuem utilidade comprovada e podem auxiliar o trabalho do psicólogo para melhorar a qualidade de vida do paciente. O benefício do manejo psicológico mostrou-se efetivo, dentro de um contexto multidisciplinar. Observou-se que os profissionais precisam considerar a dor oncológica como dor total, avaliando tanto a dor física quanto a emocional, pois o paciente pode ter sua dor física influenciada por fatores emocionais, sociais e espirituais. Sendo assim, a abordagem multidisciplinar é fundamental como forma eficaz de obter sucesso no tratamento. O controle da dor oncológica é um desafio pela psicologia e equipe de saúde e quando desvalorizada pelos profissionais é um importante fator de risco para o tratamento deste sintoma. O adoecimento provoca alterações significativas na vida do paciente e seus familiares e a dor oncológica vivida pelo doente é um verdadeiro sofrimento e desmoronamento emocional experimentado por ele. O psicólogo e toda equipe de saúde necessitam constantes reflexões acerca das próprias frustrações, limites e possibilidades diante o tratamento do paciente com dor. Evidenciou-se a importância de investir em estudos utilizando os métodos de pesquisa aplicados à prática clínica, testando intervenções pouco utilizadas que podem agir como potencializadoras dos métodos farmacológicos. Espera-se que este estudo contribua para novas discussões acerca do manejo psicológico diante da dor oncológica e na construção de conhecimento, bem como na formação dos profissionais da saúde.

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Área

1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.5 Doença Crônica e Dor ao longo do Ciclo da Vida

Instituições

Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais - FELUMA - Minas Gerais - Brasil

Autores

Ângela Maria Diehl, Gláucia Rezende Tavares