Intervenções e estratégias em usuários de drogas
O uso de substâncias ilícitas é um dos maiores problemas enfrentados pela sociedade atual, atingindo todas as culturas em diferentes camadas sociais. O uso, por si só, causa grandes danos à comunidade, fortalecendo a criminalidade, a violência, a corrupção, o poder paralelo aos governos e outros tantos de gravidade próxima. O uso indevido tem contribuído para aumentar os gastos com tratamento médico, internação hospitalar, com o aumento dos índices de acidente de trabalho,
violência urbana, mortes prematuras e queda de produtividade dos trabalhadores. É fundamental, no início do tratamento, salientar ao usuário que o abuso de drogas é um problema de saúde, que apresenta uma série de prejuízos e comprometimentos devido ao seu consumo, sendo considerada como uma doença crônica, como diabetes, câncer, doença cardíaca e outras. A questão fundamental para discutirmos esse assunto é refletir e saber sobre as intervenções mais eficazes para esse problema multifatorial. O tratamento dos usuários de substâncias psicoativas ou ilícitas, como conhecemos hoje em dia, já possui um longo percurso, que foi da punição com agressões físicas ao entendimento de vários processos cognitivos da patologia. Os modelos antigos desse transtorno compreendiam os dependentes como sofrendo de uma doença, que limitava seu controle sobre suas próprias ações. Este modelo vem sendo estudado por intervenções de autocontrole, autoeficácia e assertividade dentre outros. Nossa proposta é avaliar as intervenções no treino das habilidades sociais (HS) e de enfrentamento, autoeficácia e a percepção de qualidade de vida (QV). As habilidades de enfrentamento são definidas como o repertório de um indivíduo para promover respostas alternativas a situações de alto risco de consumo de álcool e outras drogas. A autoeficácia para abstinência é a percepção do indivíduo sobre a sua capacidade de enfrentar uma situação de risco sem consumir álcool ou outras drogas. Para tanto, QV tem sido considerada como um possível parâmetro de avaliação do impacto da dependência química, bem como de intervenções diagnósticas e/ou terapêuticas e resultados de tratamento. A QV é a percepção de bem-estar, influenciada, de forma complexa, pela saúde física, estado psicológico, nível de independência, relações sociais, crenças pessoais, bem como a relação com ambiente, agregando as representações de doença-saúde, preconceitos, crenças, convicções pessoais, emoções, sintomas e tratamentos. Além disso, permite a sua mais eficiente monitorização e avaliação. É importante ressaltar que as taxas de comorbidade no uso ou dependência química e de outros transtornos mentais, têm se mostrado elevadas, sendo comumente diagnosticados nas instituições de tratamento. Características clínicas, como a depressão, podem estar relacionadas com baixas habilidades sociais na população em geral. A correta identificação dos problemas e a realização do diagnóstico multiaxial e ou multimodal dos pacientes representam, não só uma importante contribuição à nosografia do usuário e para o estudo, como também um elemento fundamental para a planificação de estratégias de intervenção preventivas, terapêuticas e reabilitadoras.
Eixo temático:
3. Intervenções Psicológicas na Rede de Atenção à Saúde - 3.5 Dependências de Álcool e Drogas
Nazaré Maria de Albuquerque Hayasida – UFAM. E-mail: hayasidanazare@hotmail.com.
Raquel Lira de Oliveira Targino – UFAM. E-mail: raquellira12@gmail.com
O que a internação contribui ou não na terapêutica da adicção no Amazonas?
Resumo
Qualidade de Vida (QV) é considerada como um possível parâmetro de avaliação do impacto da dependência química, e intervenções diagnósticas e/ou terapêuticas e resultados de tratamento. A QV é a percepção de bem-estar, influenciada, de forma complexa, pela saúde física, estado psicológico, nível de independência, relações sociais, crenças pessoais, bem como a relação com ambiente, agregando as representações de doença-saúde, preconceitos, crenças, convicções pessoais, emoções, sintomas e tratamentos. O objetivo foi avaliar a percepção da QV e seus domínios através do questionário SF-36 em dois momentos pré e pós internação nos usuários de drogas. Estudo de corte transversal, quantitativo-descritivo com 52 pacientes internados no Centro de Reabilitação em Dependência química. Instrumentos utilizados: Questionário sócio demográfico e SF-36 (Medical Outcomes Study 36 - Item Short - Form Health Survey). Os resultados apontaram como fatores de risco para consumo de drogas: ser homem, jovem (17 a 27 anos), solteiro, baixa renda e escolaridade, ter amigos e familiares que usam drogas e morar próximo ao sitio do tráfico. A QV no pré tratamento apresentou-se prejudicada, com baixos escores nos componentes físico (M=60) e mental (M=49). Após três meses de internação os escores desses domínios apresentaram melhora significativa, aumentando em (M=88,6) e (M=82,2), respectivamente. Destacaram-se os domínios capacidade funcional, com baixos escores no pré-tratamento (M=69) e vitalidade (M=58,8), com diferenças estatisticamente significativas no pós-tratamento, sendo (M=95,3) e (M=86,8), respectivamente. Concluiu-se que as intervenções terapêuticas realizadas pela equipe multiprofissional contribuíram para a melhora na percepção de QV dos pacientes, bem como na adesão ao tratamento.
Palavras-Chave: internação; terapêutica; qualidade de vida; adicção
Margareth da Silva Oliveira – PUCRS. E-mail: marga@pucrs.br.
Leda Rúbia Maurina Coelho - ULBRA. E-mail: ledarubia@yahoo.com.br.
Marina Alves Dornelles - PUCRS. E-mail: ma_alvesd@hotmail.com.
Efeitos de um programa de intervenção de habilidades de enfrentamento e autoeficácia para usuários de crack
Resumo
As habilidades de enfrentamento são definidas como o repertório de um indivíduo para promover respostas alternativas a situações de alto risco de consumo de álcool e outras drogas. A autoeficácia para abstinência é a percepção do indivíduo sobre a sua capacidade de enfrentar uma situação de risco sem consumir álcool ou outras drogas. O objetivo foi descrever se houveram mudanças no repertório de habilidades de enfrentamento e autoeficácia para abstinência de drogas após o termino do programa de treinamento e após três meses. O estudo é quase experimental com medidas pré e pós-intervenção. A amostra é composta por 32 participantes com Transtorno Relacionados a Estimulantes, internados em comunidades terapêuticas. Instrumentos utilizados: Inventário de Habilidades de Enfrentamento Antecipatório para a abstinência de Álcool e outras Drogas/IDHEA-AD; Escala de autoeficácia para abstinência de drogas/DASE. Os resultados do treinamento demonstraram que os escores total do IDHEA-AD (p<0,001) e dos Fatores 1 e 2, apresentaram-se médio inferiores antes do treinamento, repertório abaixo da média no término, e repertório elaborado acima da média após 3 meses. O Fator 3 apresentou bom repertório no pós-treinamento, se mantendo no follow-up. Houveram aumentos no escore total e nos fatores da DASE, destacando o Fator 3, indicando que a intervenção aumentou a autoeficácia para abstinência de drogas em seus participantes (p<0,001). Houve aumento significativo nos escores da autoeficácia para manutenção da abstinência e do autocontrole emocional. Pode-se dizer que a intervenção viabilizou o treino de habilidades enfocadas e auxiliou para a identificação das dificuldades dos participantes.
Palavras-chave: tratamento psicológico; crack; abstinência
Ilana Andretta. UNISINOS. E-mail: ilana.andretta@gmail.com
Jessica Limberger. UNISINOS. E-mail: jessica_limberger@gmail.com
Habilidades Sociais e Características Clínicas de Mulheres Usuárias de Crack
Resumo
Características clínicas, como a depressão, podem estar relacionadas com baixas habilidades sociais na população em geral. Entretanto, ainda há uma carência de estudos acerca de tal questão em mulheres usuárias de crack. Objetiva-se identificar associações entre comorbidades psiquiátricas e habilidades sociais de mulheres usuárias de crack em internação hospitalar. Trata-se de um estudo transversal, quantitativo e correlacional. Foram utilizados os instrumentos: Questionário sociodemográfico e de uso de drogas, MINI (Mini International Neuropsychiatric Interview) e Inventário de Habilidades Sociais. Utilizou-se o Screening Cognitivo do WAIS-III para identificar prejuízo cognitivo, sendo um critério de exclusão ao estudo. Participaram do estudo 62 mulheres em internação hospitalar, média de idade de 33,45 anos (DP=8,14). A avaliação a partir dos critérios diagnósticos do DSM-5 (APA, 2014) para Transtorno por Uso de Substâncias demonstrou que uso do Crack foi grave (74,2%; n=46) das mulheres, seguido de moderado (21,0%, n=13) e leve (4,8%; n=3). Na avaliação clínica, o risco de suicídio apontou 71% (n=44) dos casos. As principais comorbidades psiquiátricas identificadas foram: episódio depressivo maior atual (35,5%; n=22); episódio depressivo maior passado (21% n=13); transtorno de ansiedade generalizada (32,3%; n=20) e episódio maníaco atual (11,3%; n=7). Mulheres com Episódio Depressivo Maior tiveram médias significativamente menores na habilidade social de autocontrole da agressividade (t=2,395; p=0,020). Nesse sentido, há necessidade de intervenções, como o Treinamento em Habilidades Sociais, considerando as comorbidades psiquiátricas a serem trabalhadas no tratamento. Além disso, comorbidades devem ser observadas durante o período de internação hospitalar pois permitem um cuidado mais acurado neste período de tratamento.
Palavras-chave: mulheres; crack; habilidades sociais
3. Intervenções Psicológicas na Rede de Atenção à Saúde - 3.5 Dependências de Álcool e Drogas
Nazaré Maria Albuquerque Hayasida, Margareth da Silva Oliveira, Ilana Andreta