11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

ExpoGramado – Centro de Feiras e Eventos - Gramado /RS | 30 de agosto a 02 de setembro de 2017

Dados do Trabalho


Título

A PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM SOBRE A MORTE NO HOSPITAL GERAL

Resumo

A morte é caracterizada pela incerteza e pelo medo do desconhecido e tem sido objeto de estudo de diversas áreas do saber a fim de se buscar a compreensão e diminuir a angústia gerada pela finitude (SILVA JUNIOR et al, 2011). No cotidiano de trabalho de profissionais de enfermagem, deparar-se com a morte de pacientes se torna algo frequente, causando-lhes sobrecarga emocional, e, além disso, a convivência com a finitude da vida pode gerar sofrimento para estes profissionais. Em sua formação, a morte é vista como fracasso e um reflexo da vulnerabilidade pessoal e profissional (MOTA et al, 2011). O objetivo desta pesquisa foi avaliar a percepção que os profissionais de enfermagem possuem sobre a morte, caracterizar a população estudada e identificar variáveis que podem ter influencia nesta percepção. A amostra foi constituída por técnicos e auxiliares de enfermagem de um hospital geral em uma cidade no interior do Estado de São Paulo, de ambos os sexos, maiores de 18 anos, realizada nos meses de agosto e setembro de 2016. O estudo foi descritivo e quantitativo e os instrumentos utilizados foram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, as Escalas Breves sobre Diversas Perspectivas da Morte (BARROS-OLIVEIRA; NETO, 2004), questionário sociodemográfico e entrevista semiestruturada. O presente estudo foi submetido à aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa e seguiu os princípios éticos da resolução CNS 466/2012. Foram entrevistados 47 participantes e os resultados apresentaram predominância de profissionais do sexo feminino (83%), com faixa etária de 29 a 39 anos (62%) e trabalhando nesta mesma função dentre 5 e 10 anos (40%). Quanto a percepção de morte, a maior parte dos participantes apresentaram percepção da morte como fim natural, porém nas correlações entre tempo de trabalho e percepção de morte foram identificadas correlações estatísticas entre “tempo de trabalho” e “morte como abandono dos que dependem de nós com culpabilidade”, demonstrando que quanto maior o tempo de trabalho, maior percepção de morte como abandono e culpa. Segundo Kovács (2005), combater a morte pode dar a ideia de força e controle, entretanto, quando ocorrem perdas sem possibilidade de elaboração do luto, não há permissão para expressão da tristeza e da dor. Em relação à atitude diante da morte e do morrer, pesquisas evidenciam dificuldades encontradas pelos enfermeiros de se relacionarem com pacientes com prognóstico reservado e em fase terminal, uma vez que a proximidade da morte destes pode gerar sentimentos de impotência e culpa no profissional envolvido no cuidado (OLIVEIRA; BRETAS; YAMAGUTI, 2007). Quanto ao sentimento despertado frente à morte de um paciente, os participantes apresentaram com maior frequência o sentimento de tristeza. Segundo Taverna e Souza (2014), a tristeza faz parte do enlutado, uma vez que a não dissipação pode acarretar em um estado de melancolia profunda. Concluímos que o estudo evidenciou a importância de pesquisas sobre a percepção de morte em profissionais de saúde e de intervenções centradas na educação para a morte, de estratégias de resolução de problemas, e apoio emocional frente ao enfrentamento do luto do profissional de saúde.

Referências Bibliográficas

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TAVERNA, Gelson; SOUZA, Waldir. O Luto e suas Realidades Humanas Diante da Perda e do Sofrimento. Caderno Teológico da PUCPR, CURITIBA, v,2,n,1,P.38 – 55, 2014. Disponível em < http://www2.pucpr.br/reol/pb/index.php/teologico?dd1=14546&dd99=view&dd98=pb> Acesso em26 de janeiro, 2017.

Área

1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.3 Morte e Processo de Luto

Instituições

UNIVERSIDADE DE FRANCA - São Paulo - Brasil

Autores

JOÃO PEDRO RIBEIRO DE PAULA, JOICE ROBERTA MODESTO, LIGIA PERES TOZATI