A ESPIRITUALIDADE E A RELIGIOSIDADE COMO RECURSO DE ENFRENTAMENTO EM IDOSOS HOSPITALIZADOS COM DOENÇAS CRÔNICAS
O aumento da população idosa é hoje uma realidade brasileira. Associada a esta mudança, existe a elevada incidência de doenças crônicas nesta faixa etária, o que se torna um fator de risco para a hospitalização. Neste contexto, a religiosidade e a espiritualidade podem surgir ou fortificar-se na enfermidade, como um recurso interno que favorece a sua aceitação, o enfrentamento e até a própria reabilitação.
Os objetivos do presente estudo foram: correlacionar dados sociodemográficos com os resultados da escala aplicada; analisar se os indicadores mais presentes no enfrentamento das doenças pelos idosos são de ordem positiva ou negativa; e descrever os modelos de enfrentamento mais evidenciados na pesquisa (autodirigido, delegante ou colaborativo).
O estudo foi desenvolvido em um hospital referência no atendimento ao idoso, localizado na cidade de Curitiba (PR). Este teve início após a sua aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa, das Faculdades Pequeno Príncipe, sob o parecer de número 1.084.477, e do Centro de Educação em Saúde (CES), protocolo 67/2015. Respeitando desta forma os preceitos éticos, de acordo com a Resolução 466/2012, que se refere a pesquisas com seres humanos, do Conselho Nacional de Saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).
Trata-se de uma pesquisa descritiva e exploratória, com abordagem quantitativa. Participaram do estudo 50 idosos de ambos os sexos. Os casos foram selecionados com base em critérios de inclusão e exclusão estabelecidos com antecedência.
Os instrumentos empregados para a coleta de dados foram: um questionário geral (dados sociodemográficos, clínicos e religiosos) e a Escala de Coping Religioso Espiritual Breve, validada e adaptada no Brasil por Panzini (2005).
A partir dos resultados obtidos através da escala CRE- Breve, é possível afirmar que houve maior utilização de estratégias relacionadas aos fatores positivos do que negativos (CREP=3,62; DP=0,39) e (CREN=1,88; DP=0,55).
Além disso, foi possível evidenciar ainda que as mulheres apresentaram uma média mais elevada de CRE positivo, corroborando assim com estudos realizados no Brasil, onde essa tendência foi mais evidenciada no sexo feminino (MOREIRA-ALMEIDA et al. 2010; VALCANTI et al. 2012).
A partir do estudo exposto, pode-se concluir que os idosos hospitalizados apresentaram alta utilização de coping religioso espiritual para lidar com as consequências advindas das enfermidades. O emprego de estratégias positivas de coping também foram mais evidenciadas, quando comparadas com as negativas.
Referente aos estilos de enfrentamento, aquele mais utilizado pelos idosos pesquisados foi o colaborativo, seguido do delegante. O estilo autodirigido foi o menos observado na pesquisa. Tal resultado encontra-se de acordo com os aspectos culturais e ambientais nos quais os participantes estão inseridos. Em muitas situações, relacionadas principalmente à cronicidade de doenças, as pessoas não conseguem analisar alternativas de cura que não sejam através da intervenção divina. Por outro lado, a escala CRE-Breve possibilitou averiguar que grande parte da população pesquisada percebe a importância de não delegar todas as questões para Deus.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. (2012) Resolução n. 466/2012. Disponível em < http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2013/res0466_12_12_2012.html>. Acesso em 10 mai. 2015.
MOREIRA-ALMEIDA, A. et al. Envolvimento religioso e fatores sociodemográficos: resultados de um levantamento nacional no Brasil. Revista de Psiquiatria Clínica, São Paulo, v. 37, n. 1, p. 18- 21, 2010.
PANZINI, R. G.; BANDEIRA, D. R. Escala de Coping Religioso- Espiritual (Escala CRE): Elaboração e validação de construto. Psicologia em Estudo, Maringá, v.10, n.3, p. 507- 516, set./ dez. 2005.
VALCANTI, C.C. et al. (2012) Coping Religioso/ Espiritual em pessoas com doença renal crônica em tratamento hemodialítico. São Paulo: Revista da Escola de Enfermagem da USP. Disponível em:
3. Intervenções Psicológicas na Rede de Atenção à Saúde - 3.2 Espiritualidade na Saúde
Faculdades Pequeno Príncipe - Paraná - Brasil
Rosiane Almeida dos Santos, Denise Ribas Jamus