CONHECENDO A UTI: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UM GRUPO DE FAMILIARES DE PACIENTES INTERNADOS EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA DE UM HOSPITAL GERAL
Introdução: A internação hospitalar, normalmente, é algo inesperado e que gera um desequilíbrio na vida do sujeito. Quando ela ocorre em uma UTI, pode causar impacto em toda a sua rede de relações, principalmente no âmbito familiar, visto que o individuo é retirado de seu cotidiano. A brusca interrupção gera não só mudanças na vida do doente, mas também impactos significativos nas pessoas mais próximas do mesmo, o que é causador de diversos sentimentos, como insegurança, medo e incerteza. Desta forma, a equipe multiprofissional necessita ir além do cuidado exclusivo ao paciente (Oliveira & Sommerman, 2008; Reis, Gabarra & Moré, 2016). Cabe em especial ao psicólogo, a tarefa de facilitar a comunicação entre equipe, família e enfermo, uma vez que o entendimento dos profissionais acerca do sentimento dos familiares os oportuniza um cuidado mais humanizado (Romano, 1999). Concomitantemente, a compreensão das informações e rotinas, assim como a satisfação com o cuidado, por parte dos indivíduos vinculados ao doente, são capazes de minimizar os efeitos estressores da internação hospitalar e intensiva (Nelson et al., 2010). Objetivos: Este trabalho tem como objetivo descrever a criação de um espaço informativo, para esclarecimento do ambiente de terapia intensiva aos familiares de pacientes, orientando e fornecendo subsídios para a melhor compreensão e decorrente acolhimento. Método: Trata-se do relato de experiência de um grupo informativo realizado em um hospital filantrópico, equipado com três unidades de terapia intensiva, sendo duas delas destinadas ao sistema único de saúde e uma destinada a internações particulares ou via convênios privados, totalizando trinta leitos. Optou-se em um primeiro momento, por implementar um grupo piloto destinado à unidade privada, após estendeu-se às demais unidades. Resultados e Discussão: Semanalmente, foram realizadas triagens verificando pacientes que deram entrada na unidade piloto em tal período, convidando seus respectivos familiares para que estivessem presentes trinta minutos antes da próxima visita, com a finalidade de receberem as informações. Observou-se, já nos primeiros encontros, dúvidas especialmente quanto à interação com o paciente, que, interpelada por equipamentos desconhecidos, originaram ansiedade nos familiares. Além disso, foi possível identificar demandas para acompanhamento psicológico individual específico a cada caso, destinando-as para atendimento. Isso porque se oportunizou, de forma grupal e abrangente, ultrapassar os aspectos relativos aos desconhecidos ambientes e rotinas da UTI, gerando um momento não só informativo, mas também de acolhimento e escuta. Percebeu-se também a possibilidade de minimização do medo, da angústia e da ansiedade e promoção de maior adesão da família com os cuidados e recuperação do paciente. Considerações finais: Diante disso, evidencia-se a importância de transmitir informações acerca do ambiente de cuidados intensivos e da equipe que nele trabalham assim como o acolhimento as famílias. É um local associado à morte, portanto, cabe destacar o papel do psicólogo, através de diversas modalidades, como facilitador da comunicação em tal contexto, proporcionando suporte psíquico e afetivo. Elenca-se ainda, a percepção de maior interação do psicólogo na equipe multiprofissional, proporcionando maior benefício para a recuperação do paciente e acolhimento da família.
Nelson, J. E., Puntillo, K. A., Pronovost, P. J., Walker, A. S., McAdam, J. L., Ilaoa, D., & Penrod, J. (2010). In their own words: Patients and families define high-quality palliative care in the intensive care unit [Versão Eletrônica]. Critical Care Medicine, 38 (3), 808–818.
Oliveira E.B, Sommerman R.D. (2008) A família hospitalizada. In: B.W. Romano (org.) Manual de Psicologia Clínica para Hospitais (pp. 217-223). São Paulo: Casa do Psicólogo.
Reis, L. C. C., Gabarra, L. M. & Moré, C. L. O. O. (2016). As repercussões do processo de internação em UTI adulto na perspectiva de familiares [Versão Eletrônica]. Temas em Psicologia, 24 (3), 815-828.
Romano B.W. (1999). Princípios para a prática da psicologia clínica em hospitais. São Paulo: Casa do Psicólogo.
1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.7 Intervenções Individuais ou Grupais no HG
Hospital Nossa Senhora de Pompéia - Rio Grande do Sul - Brasil
Gabriela Novello Ribeiro, Débora Nicolao Cavali, Patrícia Silva Camassola