PRÁTICAS DISCURSIVAS DA RESIDÊNCIA MÉDICA E MODOS DE SUBJETIVAÇÃO NA PRODUÇÃO DO CUIDADO EM SAÚDE
Há uma extensa discussão no campo da saúde coletiva acerca do modelo biomédico praticado pela medicina nas instituições de saúde. Este debate é justificado pela necessidade de buscar um novo sentido para as práticas assistenciais na produção de um cuidado integralizado, capaz de corresponder às necessidades da qualidade dos vínculos (a)efetivos entre usuários e profissionais de saúde. O modelo biomédico da residência médica, constitui-se como uma modalidade de ensino de pós-graduação sob a forma de especialização e um treinamento em serviço, sob a supervisão de profissionais experientes. As práticas discursivas da residência baseiam-se na valorização do discurso científico fragmentado e especializado, baseado no naturalismo médico e na medicalização do espaço social. O debate de tais práticas considera os modos de subjetivação que produzem, ao articularem saberes e práticas institucionalizadas que repercutem na construção do processo de produção do cuidado em saúde. Verificou-se que a potência das práticas discursivas postas em circulação e construídas em bases científicas com seus saberes aparentemente incontestáveis, influenciaram o modo como os residentes definiram e qualificaram suas práticas. Esta pesquisa foi realizada a partir da perspectiva e das contribuições do campo da saúde coletiva e da Psicologia Social. Visamos compreender através da pesquisa no cotidiano hospitalar de uma instituição universitária, quais os repertórios dos residentes sobre a construção da experiência da residência, e quais os principais códigos postos em circulação no hospital, através deste conjunto articulado de saberes e práticas. A partir disto, foi possível visualizar diversos modos de subjetivação diferentes e mutantes, através da invenção de diferentes formas de relação consigo e com o outro social. Curiosamente, a importância primordial dada à técnica, nos apontou a porta de entrada para a subjetividade. Os residentes, ao atravessarem esta experiência, puderam encontrar-se com o que há de mais subjetivo em si. Por fim, concluímos que a possibilidade de mudança na produção do cuidado é marcada por novas subjetividades e pela necessidade contínua de desconstrução do modelo médico hegemônico produtor de procedimentos. As discussões feitas a partir das construções dos residentes não puderam por si só esgotar as questões levantadas.
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2. Universalidade, Equidade e Integralidade em Saúde - 2.2 Interdisciplinaridade na Formação e Atuação Profissional
Universidade Federal do Pará - Pará - Brasil
Carolina de Sousa Malcher, Pedro Paulo Freire Piani