Título

Relato de experiência: atendimento ao idoso em pronto atendimento de hospital geral

Resumo

INTRODUÇÃO: Apresenta-se relato de experiência de estágio curricular em psicologia, destacando resultados obtidos no atendimento a idosos e seus acompanhantes em pronto atendimento de um hospital geral privado. Este setor funciona como porta de entrada e recebe pessoas em situações de emergência, com frequência vivenciando sofrimento e angústia pela dúvida quanto ao seu estado de saúde. OBJETIVOS: As atividades objetivaram oferecer suporte emocional e orientações para ampliação das capacidades de idosos e acompanhantes no enfrentamento dos processos de adoecimento, tratamento e reabilitação. METODOLOGIA: A intervenção configurou-se como acolhimento, tendo como foco o investimento na construção de vínculo entre idosos e acompanhantes com instituição e equipe, bem como estímulo à promoção de relações de cuidado. Utilizou-se um protocolo com perguntas que serviram como disparadores do diálogo, relacionadas ao histórico clínico e social, relação do paciente com o adoecimento, hospitalização, tratamento e equipe de saúde. O protocolo serviu também para registro de dados e identificação de demandas para acompanhamento psicológico na internação. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Ao longo de oito meses, foram atendidos 220 idosos entre 60 e 100 anos, sendo 63% deles mulheres e 3% na faixa de 91 a 100 anos, com diferentes problemas relacionados à saúde orgânica, entre eles câncer, problemas cardíacos, demências, entre outros. Os idosos apresentaram, em sua maioria, processos crônicos de adoecimento, experimentando há algum tempo (dias, meses ou anos) a dependência ou necessidade de cuidados no domicílio. Sempre acompanhados, os idosos muitas vezes eram cuidados por filhos ou companheiros também idosos e, com frequência, esgotados diante das rotinas de atenção ao paciente. Com frequência, foi observado que os idosos referiam dúvidas sobre os motivos da internação e sobre as condutas adotadas, o que gerava receios quanto à perda de autonomia no processo de hospitalização – autonomia muitas vezes já fragilizada diante da condição de “ser idoso” e de “ser cuidado”. Também foi observado que a espiritualidade, vinculada ou não a uma religião, constituiu-se como importante estratégia de enfrentamento ao adoecimento, bem como ao envelhecimento. Sempre que os pacientes idosos estavam em condições para o diálogo, incluindo os casos de diagnóstico de demência, observou-se intenso interesse dos mesmos em realizar a entrevista com as estagiárias, sendo este um momento em que se sentiam ouvidos, considerados e recebendo um lugar de autonomia e reconhecimento de suas identidades e experiências. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Foi observado que o encontro com as estagiárias ofereceu alívio para o sofrimento experimentado neste espaço, em especial em relação à perda da autonomia frente aos processos institucionais, bem como frente à perda de identidade vivida no processo de hospitalização. Dando espaço para que a subjetividade dos idosos tivesse lugar, oferecendo escuta e valorizando a história de cada sujeito, possibilitou-se a elaboração das vivências e contribuiu para a construção de estratégias para enfrentar a condição de adoecimento e hospitalização. Por fim, a prática do acolhimento em pronto atendimento fortaleceu o cuidado humanizado e a qualidade da relação entre idosos, acompanhantes, equipes e instituição de saúde.

Referências Bibliográficas

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