11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

ExpoGramado – Centro de Feiras e Eventos - Gramado /RS | 30 de agosto a 02 de setembro de 2017

Dados do Trabalho


Título

Uma análise dos significados atribuídos pelos pacientes ao diagnóstico de HIV e suas implicações para com a adesão ao tratamento.

Resumo

Introdução: Esta pesquisa nasceu da experiência clínica (psicológica), por mais de dez anos, com pacientes soropositivos para Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), ocorrida no Instituto Nacional de Infectologia da Fundação Oswaldo Cruz (INI/FIOCRUZ), no que tange a problematização sobre a adesão à Terapia Antirretroviral Combinada (TARV) e suas consequências para o portador do vírus, ponderando também os impasses gerados junto a Saúde Pública. Para tanto, considerou-se a existência secular das relações entre os seres humanos e os agentes patogênicos, destacando a entrada do vírus HIV e sua repercussão nos estudos sobre as doenças infecciosas. Objetivo: Analisar os significados atribuídos pelos pacientes ao diagnóstico de HIV e sua implicação para com a adesão ao tratamento. Metodologia: O estudo constou de uma investigação de campo através de pesquisa clínico-qualitativa, com a utilização de entrevistas abertas e um diário de campo, tendo como participantes os pacientes atendidos no INI/FIOCRUZ, que fazem adesão à TARV e os que não o fazem. Buscou-se verificar, por intermédio da Análise do Conteúdo, a relação entre os significados atribuídos por estes pacientes ao diagnóstico de HIV e a adesão ao tratamento. Para tanto foram elencadas as seguintes categorias: punição, preconceito, finitude e adesão, designadas a partir dos referencias teóricos da pesquisa e da análise prévia das entrevistas. Resultados: Associados ao diagnóstico HIV aparecem em todas as entrevistas os conceitos de punição, temendo o preconceito, e adesão, relacionada com saber biomédico e sua influência no imaginário social sobre o controle da finitude. Discussão dos Resultados: A relação secular entre o homem e os agentes infecciosos é marcada pela busca de controle ou erradicação das patologias, mas também por significados simbólicos e sociais construídos em torno dos temores de se deparar com a doença e a finitude humana, inscrevendo-se na história subjetiva daquele que recebe o diagnóstico da doença infecciosa (HIV), ganhando um significado singular, mesmo compartilhando as noções culturais de punição, preconceito, adesão e finitude. A adesão surge neste quadro como importante resposta da ciência biomédica para o controle da infecção pelo vírus HIV, todavia diversos fatores atravessam esta ação, entre eles o significado atribuído a este diagnóstico, podendo levar a dificuldades dos pacientes seguirem as prescrições medicamentosas, mesmo tendo o conhecimento dos riscos para sua saúde, inclusive a possibilidade de óbito. Considerações Finais: Os protocolos de saúde para os portadores do vírus HIV devem atender à singularidade de cada indivíduo infectado, pois ainda que tenha bases culturais comuns a seu grupo social sobre a infecção e, com a introdução do discurso biomédico a respeito da doença e do tratamento em sua linguagem, os significados do diagnóstico passarão pelo crivo da subjetividade. Ganham um significado pessoal, atualizado nos diferentes momentos da vida. Assim, as ações para com a adesão à TARV, visando o controle do HIV, devem ser embasadas no lado humano de cada indivíduo, que transcende à sua racionalidade. Não são suficientes as explicações sobre a dinâmica da patologia e os benefícios da medicação, mas sim a consideração de como é vivenciado este processo por parte do paciente.



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Área

3. Intervenções Psicológicas na Rede de Atenção à Saúde - 3.4 Epidemias e Saúde Pública

Autores

Eunes de Castro Milhomem