11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

ExpoGramado – Centro de Feiras e Eventos - Gramado /RS | 30 de agosto a 02 de setembro de 2017

Dados do Trabalho


Título do Simpósio

Visitas à pacientes em UTIs: neonatal, pediátrica e adulto

Resumo Geral do Simpósio

A internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) gera uma série de modificações comportamentais e psicológicas; um ambiente desconhecido, com uso de aparelhos, além de surgirem dúvidas relacionadas à doença e prognóstico. Considerando que o adoecimento e a hospitalização causam ansiedade e estresse, esses sentimentos tendem a se exacerbar diante de uma internação em UTI, associando a piora clínica e possibilidade de morte. Em geral, as UTIs possuem rotinas diferenciadas de outros setores podendo ser rígidas e inflexíveis, o que pode gerar o afastamento do paciente de seus familiares e do seu ambiente, despertando sensações de solidão e desamparo em um lugar desconhecido. O paciente, portanto, poderá ter acesso aos seus entes queridos somente no “horario de visita”, no período, tempo e quantidade de pessoas previstos pela Instituição. Neste contexto, a visita é uma extensão do paciente e cuidar dele requer cuidar das pessoas que lhe visitam. Os visitantes sofrem das mesmas crises que os pacientes (adulto, criança, neonato), podendo provocar uma desestruturação pessoal e na dinâmica familiar. As visitas, por sua vez, se sentem desamparados em suas capacidades de intervir e ajudar o paciente; sofrem a separação imposta, o risco de perda, a incerteza sobre o futuro. Na discussão do tema das novas demandas e novos caminhos na Psicologia da Saúde, a partir da perspectiva da abordagem integral e multidimensional em saúde, mostra-se de extrema importância a consideração da complexidade que envolve o conjunto das experiências humanas. Aqui, se considera, então, que o paciente seja um segmento dos seus visitantes e que estes são de extrema importância para a recuperação da pessoa hospitalizada. Tais visitantes precisam ser cuidados pela equipe, a fim de melhor administrar e compreender a hospitalização do paciente. Entretanto, alguns profissionais tem dificuldade para reconhecer o visitante como cliente; principalmente pela complexidade de lidar com os sofrimento destes. O aspecto supracitado vai ao encontro dos objetivos da Política Nacional de Humanização (PNH), criada em 2003 a fim de resgatar os valores e princípios do Sistema Único de Saúde Brasileiro (SUS). Destaca-se o objetivo de reverter o distanciamento entre profissionais e usuários, decorrente da intensa burocratização e tecnicismo comuns no contexto da saúde, bem como atentar para as dimensões social e subjetiva inerentes aos seres humanos. A PNH entende por humanização a “valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde: usuários, trabalhadores e gestores” (Brasil, 2010, p.4) e, aqui se pode ampliar a concepção de usuários para além do paciente internado, mas àqueles que lhes são caros e os acompanham: os seus visitantes. A partir do exposto, este simpósio pretende dialogar sobre as visitas nas UTIs neonatal, pediátrica e adulto, buscando ampliar a compreensão das implicações e dificuldades desta prática a partir da concepção da atenção à saúde integral, a qual valoriza a subjetividade e os modos com que as pessoas se relacionam com os eventos na vida. Da mesma forma, refletir esta ação como uma possibilidade de prevenção e promoção da saúde no contexto

Nome do Autor 1 e Moderador / Título da Fala / Resumo (mínimo 100 palavras – máximo 250 palavras)

Nome do Autor 1: Zaira Aparecida de Oliveira Custódio
Título da Fala: Visitas na UTI Neonatal: humanizando a assistência ao recém-nascido e sua família
A internação de um recém-nascido (RN) em uma Unidade Neonatal (UN) representa, para ele e sua família, uma situação de crise, repercutindo em suas interações. Esta separação imposta pela internação não deve, impedir proximidade e continuidade dos cuidados familiares, especialmente os parentais. O acolhimento ofertado ao RN deve ser estendido aos seus pais, sua família e/ou rede de apoio, que, necessitam também de cuidados. Considera-se que os pais não são visitas, mas acompanhantes de seus filhos, devendo ter acesso e permanência livres na UN, configurando, então, como visita a família ampliada e/ou rede de apoio dos pais. O acesso dos pais e das visitas tem uma ação profilática e terapêutica, quanto ao desenvolvimento das relações desse grupo familiar, além de minimizar o sofrimento daqueles que têm um RN internado, cabendo à equipe favorecer que estas ações realmente possam ocorrer. Quando os pais dispõem de uma rede de apoio para eles, o RN, além de não perder os pais, agrega para si outras pessoas que poderão lhe oferecer cuidados. Estas preocupações tem como base o reconhecimento de que um bebê sozinho não existe, ele surge acompanhado de sua mãe, seu pai, seus irmãos e de sua história familiar. Zelar pela preservação dos vínculos afetivos familiares, por meio do acesso à família ampliada na UN é cuidar da saúde de todos os integrantes desse grupo, além de colaborar para o desenvolvimento do RN. Isso pode ocorrer por meio de vivências afetivas seguras e estáveis entre família, RN e equipe de saúde neonatal.

Nome do Autor 2 / Título da Fala / Resumo (mínimo 100 palavras – máximo 250 palavras)

Nome do Autor 2: Dnyelle Souza silva
Título da Fala: Integração da Psicologia na UTI Geral Pediátrica – buscando promoção de saúde e humanização
A Política Nacional de Humanização propõe que os espaços hospitalares deixem de ser condicionados ao olhar meramente curativo, presente na urgência e emergência do cuidado. A Psicologia neste espaço exige um olhar ampliado capaz de reconhecer na subjetividade o contexto de realidade integral do que se considera, hoje, o conceito de saúde. A UTI pediátrica é um espaço em que emergem diversas demandas, algumas delas familiares ao discurso psicológico, outras muito desafiadoras que não estão em manuais. A interdisciplinaridade parece ser o caminho mais coerente para atuação neste campo que integra as humanidades do profissional de saúde, da criança e dos familiares. O psicólogo torna-se interlocutor destas relações ao priorizar a humanização dos processos e sua implicação permite que o mesmo também se reconheça humano. Ao utilizar técnicas para atender às demandas recorre à empatia para suportar e se posicionar frente aos conflitos éticos que atravessam sua permanência neste ambiente. Compreender que a cronicidade dos casos tem sido cada vez mais presente no atual contexto da medicina moderna é um desafio atual para profissionais de saúde que atuam em UTI. Pensar em humanização é resgatar conceitos de qualidade de vida e propor uma relação médico-paciente mais próxima menos mecânica e automatizada. É incitar o luto antecipatório e a revisão de conceitos, como cuidados paliativos, para que nossa presença fortaleça o diálogo e a comunicação como resgate da possibilidade de escolha diante da dor e do medo da morte. É dar voz ao inaudível e não silenciar o sofrimento.

Nome do Autor 3 / Título da Fala / Resumo (mínimo 100 palavras – máximo 250 palavras)

Nome do Autor 3 Letícia Macedo Gabarra
Título da Fala: Atuação da Psicologia na UTI Adulto como ferramenta para prevenção de saúde mental para os pacientes e familiares.
A internação na UTI proporciona uma mudança na vida do paciente e seus familiares, com impacto emocional que pode durar meses após a alta hospitalar. A literatura indica que pessoas que vivenciaram essa situação de estresse estão susceptíveis a desenvolver psicopatologias (Transtorno de Estresse Pós Traumático, Depressão, Ansiedade). Nesse sentido, o presente trabalho objetiva refletir sobre a atuação da psicologia no contexto das visitas em UTI Adulto, com intuito de explicitar os fatores protetivos para a saúde mental dos pacientes e familiares. A visitação em UTI Adulto geralmente é restrita em curtos períodos; entretanto, a proposta da Política Nacional de Humanização enfatiza a implementação da visita aberta e o direito a acompanhante. Entende-se que a família possui um papel importante no tratamento, podendo contribuir na adaptação do paciente, reassegurando a identidade do mesmo e representando um elo com o mundo externo ao hospital, desde que seja acolhida e cuidada. O familiar pode proporcionar segurança ao paciente, fornecendo informações, tornando-se ativo no processo de comunicação com a equipe e participativo nas decisões sobre o cuidado, fortalecendo o vínculo paciente-família-equipe. As reflexões do psicólogo com a equipe sobre a visita, a proposta de visitação ampliada, acompanhante contínuo e visitação de crianças, possibilita a flexibilização de condutas e a criação de ferramentas para avaliação individualizada dos casos, com mudança de postura da equipe e sensibilização para as demandas. Constata-se que o cuidado prestado com qualidade e empatia pela equipe pode ser fator protetivo para a saúde mental do paciente e família.

Área

4. Modelos de Prevenção e Promoção da Saúde em Diferentes Contextos - 4.3. Humanização

Instituições

HOSPITAL INFANTIL JOANA DE GUSMÃO - Santa Catarina - Brasil, HOSPITAL UNIVESITÁRIO UFSC - Santa Catarina - Brasil

Autores

Zaira Aparecida de Oliveira Custódio, Dnyelle Souza Silva, LETICIA MACEDO GABARRA