Estratégias de enfrentamento e apoio social em pacientes adultos em unidade de terapia intensiva
Introdução: A Unidade de Terapia Intensiva é um setor que objetiva recuperar ou fornecer suporte às funções vitais dos pacientes enquanto se recuperam. Dessa forma, é possível que ocorram mecanismos psicológicos que demandem do paciente modos de enfrentar determinada situação estressora. Além das estratégias de enfrentamento, é importante considerar ainda a influência do apoio social nos pacientes que se encontram internados na unidade intensivista. Objetivo: Investigar o apoio social e as estratégias de enfrentamento utilizadas pelos pacientes adultos na unidade de terapia intensiva. Metodologia: Pesquisa quantitativa, transversal e correlacional. Serão entrevistados 126 pacientes nas unidades de terapia intensiva de dois hospitais públicos de referência do estado do Rio Grande do Norte. Os participantes serão selecionados por conveniência e devem seguir os seguintes critérios de inclusão: a) pacientes entre 20 e 59 anos de idade; b) pacientes que apresentem nível de consciência preservado e orientação auto e alopsíquica; c) aceitar participar da pesquisa, mediante a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido; d) internação por mais de 24 horas na UTI. Os pacientes irão responder aos seguintes instrumentos: Questionário sóciodemográfico; Escala de apoio social e escala modos de enfrentamento de problemas. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, com base na resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, CAAE nº 56194616.7.0000.5537. Resultados: Até o momento foram realizadas 113 entrevistas, promovendo uma análise de relevância para amostragem, permitindo inferir a partir desses dados considerações necessárias para o campo de atuação. Foi observado que os participantes exibiram um perfil específico: 66,4% do sexo masculino, 31,9% em união estável, 86% com filhos, apresentando uma média de idade de 44,67 anos. Em relação aos aspectos relativos à experiência do paciente no setor intensivista, os respondentes consideraram que enfrentam a internação de forma boa (36,3%) e que avaliam o seu estado atual de saúde entre bom (34,5%) e regular (33,6%). Discussão dos resultados: A literatura internacional demonstra que a maioria dos pacientes que receberam alta continuaram a sofrer de sintomas psicológicos importantes – tais como depressão, ansiedade e estresse pós-traumático. Diante disso, é possível considerar que a melhoria desses sintomas em decorrência da internação pode estar relacionada com a recuperação física, como também a determinadas estratégias de enfrentamento utilizadas pelos pacientes. Entre os vários recursos disponíveis para lidar com a internação, a espiritualidade apareceu nas respostas como um fator de proteção e de superação para o momento vivenciado. Também foi possível constatar o nível de dependência que a doença ocasiona como sendo fator desencadeador de pensamentos negativos em relação ao enfrentamento da internação. Em consonância com dados da literatura, os pacientes entrevistados demonstraram o apoio social como apaziguador de sofrimento e angústia. Conclusões: Desse modo, busca-se através desse estudo evidenciar dados que possam aperfeiçoar a assistência voltada para esses pacientes, de modo fortalecer o trabalho da psicologia nesse campo, como também produzir melhoria de bem-estar psíquico e emocional aos pacientes internados nesta unidade.
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1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.2 Saúde Mental do Paciente, Família e Equipe
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Rio Grande do Norte - Brasil
Alessandra do Nascimento Cavalcanti, Karina Danielly Cavalcanti Pinto, Eulália Maria Chaves Maia