11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

ExpoGramado – Centro de Feiras e Eventos - Gramado /RS | 30 de agosto a 02 de setembro de 2017

Dados do Trabalho


Título do Simpósio

A interação mãe-bebê em condições adversas

Resumo Geral do Simpósio

O desenvolvimento infantil é um processo dinâmico, que inicia na vida intra-uterina, mas não termina na infância; ao contrário, perdura por toda a vida do sujeito. São englobados, nesse processo, o crescimento físico, a maturação neurológica, comportamental, cognitiva, social e afetiva da criança. Contudo, não é apenas o ciclo biológico que influencia o curso do desenvolvimento do bebê; o ambiente é um elemento-chave, pois é através das experiências interativas com o meio, que o organismo da criança vai se estruturando. Nos últimos anos, a psicanálise tem realçado a relevância das interações precoces mãe-bebê na formação da personalidade infantil, quando atuam duas partes: as potencialidades do bebê, que com um psiquismo incipiente, se depara com estímulos obscuros e depende do outro para crescer; e o psiquismo materno, que precisará de recursos adaptativos intensos para a formação da identidade materna e do vínculo com sua criança. Estudos demonstram que estas relações são essenciais à sobrevivência psíquica da criança influenciando na formação da base de sua identidade, na capacidade para a confiança básica e para estabelecer relações sociais. Para tanto, a vivência mútua de uma relação prazerosa, calorosa, íntima e contínua, e que desperte no bebê a sensação de ser objeto de prazer e orgulho da mãe, são determinantes para a saúde mental da criança. Assim, é importante que o bebê tenha relacionamentos sustentadores, além de lhe ser provido segurança física, proteção contra doenças, suprimento das necessidades básicas, experiências estimulantes e diversificadas. Estudos trazem como alguns dos mais importantes fatores de risco na fase pré, peri e pós-natal a prematuridade, a relação negativa entre mãe e bebê e o período de aleitamento materno menor que seis meses. Pensando nisso, a seguinte mesa busca trazer conhecimentos teóricos e aplicados, através de estudos empíricos realizados, que abordam a interação mãe-bebê, quando esta ocorre em condições adversas como a prematuridade, dificuldades alimentares e alexitimia materna. Pensou-se nesse foco, já que nos primeiros meses de vida, os sujeitos de maior importância para o bebê são os pais, ou aqueles que ocupam as funções parentais, em especial a mãe, ou aquela que exerce a função materna. Isso porque o papel do cuidado materno vai muito além da satisfação das necessidades fisiológicas do bebê, incluindo a função de holding, um conceito winnicottiano utilizado para definir uma espécie de provisão ambiental total, que envolve o segurar físico e a elaboração de experiências inerentes à existência do bebê, aparentemente puramente fisiológicas, como respirar, se alimentar, regular o processo digestivo e os ciclos do sono, mas que fazem parte da psicologia da criança e ocorrem em um campo psicológico complexo, determinado pela empatia e pela percepção da mãe. A compreensão desses fenômenos é importante a fim de investigar como as interações mãe-bebê iniciais estão se dando, pois é um momento em que a estruturação psíquica ainda se encontra em formação e a detecção de riscos ao desenvolvimento global do bebê nesse período pode favorecer a prevenção e a intervenção precoce, o que promove melhores possibilidades prognósticas para a criança.

Nome do Autor 1 e Moderador / Título da Fala / Resumo (mínimo 100 palavras – máximo 250 palavras)

Márcia Pinheiro Schaefer
Interação mãe-bebê no contexto de prematuridade:uma proposta de intervenção

O aumento da incidência de transtornos afetivos e dificuldades psicossociais tem preocupado profissionais das ciências humanas, especialmente com as evidências da íntima ligação entre as experiências afetivas dos anos iniciais e distúrbios biopsicossociais. Neste sentido, o estudo das interações precoces e suas repercussões na constituição do psiquismo infantil, tem ampliado as possibilidades de intervenções voltadas à avaliação, orientação e tratamento, centrando-se principalmente na díade mãe-bebê, na relação pais-filhos e na análise de fatores associados ao vínculo afetivo. As intervenções precoces surgiram como importantes estratégias destinadas a tratar estes distúrbios, intervindo antes do estabelecimento de patologias e atuando em um período de maior sensibilidade, cessando uma sequência de riscos mentais e sociais transgeracionalmente transmitidos. Quando as interações mãe-bebê iniciam a partir da prematuridade e o bebê permanece em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), emergem na mãe sentimentos de fracasso e incertezas que, aliados às vivências do bebê, podem afetar a construção do vínculo primário, justificando a necessidade de intervenções voltadas à facilitação do desenvolvimento destes laços afetivos. Assim, o objetivo deste trabalho é apresentar uma intervenção psicoterápica realizada com duplas mãe-bebê prematuro, durante a internação em UTIN, compreendendo sua repercussão na interação mãe-bebê. Os resultados desta pesquisa, pertencente à dissertação de mestrado intitulada “Psicoterapia mãe-bebê: uma intervenção no contexto da prematuridade”, apontaram que a mesma gerou mudanças na interação mãe-bebê que favoreceram a compreensão das comunicações interativas entre a díade e o estabelecimento de vínculos favoráveis ao desenvolvimento do bebê.

Nome do Autor 2 / Título da Fala / Resumo (mínimo 100 palavras – máximo 250 palavras)

Patrícia Wolff Müller
A interação mãe- bebê com dificuldades alimentares

A alimentação é um dos cuidados primordiais com o bebê. As primeiras experiências nesse contexto são organizadoras da estruturação da personalidade do sujeito que está em formação e diz respeito à relação da mãe com o seu filho, onde se põe em prática o sentimento de amor. Fatores como desconhecimento do comportamento da criança durante a alimentação e a dificuldade para diferenciar o desconforto sentido por ela em decorrência da sensação de fome e de saciedade, por exemplo, podem fazer com que mães/pais interfiram no autocontrole da criança pela demanda por alimentos. Assim, considera-se que o ato de alimentar tem alta carga emocional para a mãe, cuja responsabilidade, aos olhos da família, da sociedade e da cultura, é garantir o crescimento e o bem-estar de seu bebê. Será apresentado um estudo de caso de três duplas de mães e seus bebês. Neles, analisou-se a experiência de ser mãe, aleitamento materno, a transição dos alimentos líquidos para sólidos, as dificuldades em relação à alimentação e a relação mãe-bebê. Conclui-se que a introdução da alimentação complementar pode ser sentida como uma interferência na interação mãe-bebê, representando o fim da amamentação, um momento exclusivo da dupla, e apontando a necessidade de ajustes na relação da dupla.

Nome do Autor 3 / Título da Fala / Resumo (mínimo 100 palavras – máximo 250 palavras)

Viviane Salazar
Interação mãe-bebê no contexto da alexitimia materna

No primeiro ano de vida, a relação de maior prevalência e importância para a criança é com seus pais, em especial a mãe, pois ela fornece os cuidados básicos de sobrevivência do bebê, além de um suporte afetivo que possibilita a ele desenvolver seu psiquismo. Entretanto, há condições que podem impossibilitar a mãe de cumprir essa função de forma suficientemente boa. Uma dessas possibilidades é quando ela possui funcionamento alexitímico, condição em que o sujeito apresenta: a) dificuldades para descrever e identificar sentimentos; b) dificuldade em distinguir emoções de sensações físicas; c) dificuldade de simbolização; e d) raciocínio concreto e objetivo. Essa condição pode ser gerada de forma tanto orgânica quanto evolutiva, ou seja, oriunda de aspectos do desenvolvimento do sujeito. Os relacionamentos de um alexitímico podem ser permeados por muitos conflitos, pois a capacidade simbólica para compreender as questões do outro é muito superficial e até mesmo escassa, além de que sua capacidade empática é muito pequena. Assim, pensa-se que mães com funcionamento alexitímico, além de não conseguirem simbolizar, muito menos identificar e descrever seus próprios sentimentos, podem ter dificuldades de exercer sua função materna com qualidade. O objetivo dessa fala, portanto, é refletir e tecer considerações sobre como o funcionamento alexitímico da mãe incide sobre a sua relação e interação com o bebê, trazendo como ilustração uma pesquisa, atualmente em andamento, com duplas de mães e bebês que pretende compreender como se dá a interação entre mães alexitímicas e seus filhos.

Área

1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.1 Atenção Integral à Criança e ao Adolescente no Contexto de Saúde e Doença

Instituições

UNISINOS - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Márcia Pinheiro Schaefer, Patrícia Wolff Müller, Viviane Salazar