11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

ExpoGramado – Centro de Feiras e Eventos - Gramado /RS | 30 de agosto a 02 de setembro de 2017

Dados do Trabalho


Título

O Papel do Psicólogo no processo de Captação e Doação de Órgãos e Tecidos junto à família do potencial doador

Resumo

INTRODUÇÃO: O processo de captação de órgãos e tecidos resume-se em uma prática complexa atrelada a questões que envolvem a equipe multidisciplinar e a família do potencial doador.
A doação de órgãos é um assunto complexo na sociedade, pois lida com a morte encefálica, as fantasias e os receios que essa condição causa.
Caberá ao psicólogo hospitalar abordar a família, acolher as demandas, auxiliar na compreensão e estabelecer uma relação de confiança. Este momento é intrínseco, subjetivo, introspectivo e singular.
OBJETIVOS: Este trabalho possui o objetivo de compreender o processo de captação de órgãos e tecidos, o papel do psicólogo dentro da equipe multidisciplinar e sua atuação junto à família.
METODOLOGIA: A metodologia utilizada foi uma pesquisa bibliográfica. As palavras de busca foram: “doação”, “transplante de órgãos e tecidos”, “Psicologia Hospitalar”, “família”, “captação de órgãos e tecidos” e “morte encefálica”.
DISCUSSÃO: O primeiro transplante de um órgão vital não regenerativo foi um transplante de rim em 1951. Em 1967 na África do Sul, foi realizado o primeiro transplante de coração. (LAMB, 2000). No Brasil, as atividades de transplantes se iniciaram em 1964 e atualmente é o país com o maior programa público de transplante de órgãos e tecidos do mundo.
O processo de captação e doação de órgãos e tecidos, conforme as Diretrizes (2009, p. 20), iniciam-se com “a identificação de um paciente com critérios clínicos de morte encefálica” após a confirmação diagnóstica é providenciado a entrevista familiar.
Essa entrevista deve ser feita de forma ética e humana. É preciso estabelecer sintonia com a família e desenvolver um elo de confiança. Para que essa comunicação seja efetiva, é primordial explicar as informações e promover a compreensão da família, pois só ela é responsável pela permissão. (LIMA, 2012).
Roza citado por Kioroglo (2005) aponta que “a família necessita de informação e suporte emocional desde o momento da internação do familiar”. Ladessa, Silva e Oliveira (2015) afirmam que o “acolhimento familiar é uma etapa essencial frente a notícia do diagnóstico de ME, para auxiliar a família a vivenciar o luto e para que o assunto sobre a doação seja introduzido”.
CONCLUSÃO: A Atuação do psicólogo durante todo o processo, desde a internação, durante o diagnóstico de ME, até o momento da entrevista sobre a doação, estima-se que criará um vínculo afetivo e assim irá possibilitar um elo de confiança e suporte, que poderá ajudar essa família durante a fragilidade da situação e nesse processo de luto. É imprescindível que a abordagem do psicólogo seja de forma ética, respeitosa e sensível para que a família compreenda tanto a morte encefálica quanto o processo de captação e doação em sua totalidade.
Não é papel do psicólogo e nem da comissão intra-hospitalar, convencer ou reverter a escolha, e sim fornecer informações e principalmente acolher e fortalecer recursos de enfrentamento da família nesse momento. A psicologia possui um papel mediador e de acolhimento, pautado em princípios éticos, técnicos e de empatia que podem de fato colaborar para família e equipe.

Referências Bibliográficas

Diretrizes Básicas para Captação e Retirada de Múltiplos Órgãos e Tecidos da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos. [coordenação executiva: Roni de Carvalho Fernandes, Wangles de Vasconcelos Soler: coordenação geral Walter Antônio Pereira]. – São Paulo: Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos, 2009.

KIOROGLO, P.S. Doação de órgãos e tecidos: a influência do luto neste processo. São Paulo, 2005. Monografia apresentada no Curso de Especialização em Psicologia Hospitalar da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo

LADESSA, L. E. C. L.; SILVA, S. C.; OLIVEIRA, P. C. de. Reflexões sobre o trabalho do psicólogo no processo de doação de órgãos. In: Anais da V Jornada de Psicologia no Hospital Municipal do Campo Limpo [Blucher Medical Proceedings, vol.1,num.6]. São Paulo: Editora Blucher, 2015. Disponível em: . Acesso em: 12 nov. 2016.

LAMB, David. Transplantes de órgãos e ética. – São Paulo: Sociedade Brasileira de Vigilância de Medicamentos (Sobravime)/ Editora Hucitec, 2000.

LIMA, Adriana A. F. Doação de órgãos para transplante: conflitos éticos na percepção do profissional.– São Paulo: O Mundo da Saúde, 2012.



Área

1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.7 Intervenções Individuais ou Grupais no HG

Autores

Nathália Castro Neves, Talia Armani Delalibera