A implementação de uma Equipe de Cuidados Paliativos em um Hospital Geral de Porto Alegre
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) (2002), define-se Cuidados Paliativos como uma abordagem que promove qualidade de vida, através da prevenção e alívio do sofrimento de pacientes sem prognóstico de cura. Essa forma de tratamento busca proporcionar cuidado humanizado seguindo os princípios da bioética, no qual se respeita a autonomia e o desejo do paciente frente a sua condição. O foco da atenção passa a ser o doente e não mais a cura da doença, configurando esse como um sujeito integral, que vai além do sintoma. Este trabalho tem como objetivo analisar o processo de implementação de uma Equipe de Cuidados Paliativos para pacientes oncológicos em um hospital geral de Porto Alegre. Além disso, tem como propósito investigar seu desenvolvimento e funcionamento enquanto equipe multidisciplinar, dando ênfase para o serviço de Psicologia e suas intervenções neste contexto. Trata-se de um relato de experiência realizado durante período de estágio, o qual visa propor uma reflexão entre a literatura existente sobre o tema e a prática cotidiana do serviço. Como resultados parciais, encontrou-se que o grupo multidisciplinar realiza encontros semanais com apresentação e discussão dos casos clínicos bem como aspectos do funcionamento da equipe. O grupo é composto por: um médico oncologista, dois residentes de oncologia, duas enfermeiras, uma nutricionista, uma fisioterapeuta, equipe de psicologia (composta por uma psicóloga e dois estagiários), um médico psiquiatra e uma assistente social. O encontro é conduzido pelo médico oncologista, o qual indica novos pacientes de cuidados paliativos internados. Concomitante a isto, a equipe recebe encaminhamentos através do sistema de comunicação interno. Como parte da equipe, a Psicologia deve estar atenta aos conteúdos envolvidos na busca de estratégias para ajudar no enfrentamento do adoecimento no que tange aos aspectos emocionais. Em relação aos atendimentos, visa-se proporcionar um espaço de escuta ativa, bem como um suporte emocional, e quando necessário, trabalhar o luto antecipatório tanto de pacientes, quanto de familiares. O serviço ainda disponibiliza um acompanhamento psicológico pós óbito para familiares. Dessa forma, pode-se identificar que, pelo fato da equipe estar em processo de implementação, há muitos pontos a serem desenvolvidos e aprimorados. Apresenta-se como limitações a falta de uma unidade específica para pacientes em cuidados paliativos e uma carência de conhecimento sobre a filosofia desse tipo de cuidado por grande parte dos médicos. Quanto aos aspectos positivos, aponta-se o caráter multidisciplinar da equipe e a difusão de conhecimento sobre o tema. Ademais, nota-se uma responsabilidade ética por parte dos profissionais em investir na continuidade do cuidado para quem não têm perspectiva de cura. Deste modo, prioriza-se uma valorização do cuidado humanizado e da singularidade do paciente, visando maior qualidade de vida a estes e seus familiares.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Programas nacionais de controle do câncer: políticas e diretrizes gerenciais. Ed. Geneva, 2002.
1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.8 Cuidados Paliativos
Hospital Ernesto Dornelles - Rio Grande do Sul - Brasil
Guilherme Severo Ferreira, Cinthia Aranovich, Patrícia Blochtein Lembert, Tatiana Cristina Galli