11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

ExpoGramado – Centro de Feiras e Eventos - Gramado /RS | 30 de agosto a 02 de setembro de 2017

Dados do Trabalho


Título

Considerações acerca da vivência em entrevistar homens e mulheres diagnosticados com câncer: relato de experiência.

Resumo

O presente trabalho visa apresentar um relato de experiência de acadêmicas do curso de Psicologia da Universidade Federal de Goiás, Regional Jataí, em entrevistar mulheres com diagnóstico de câncer de mama e homens com diagnóstico de próstata, para um projeto de pesquisa submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob protocolo n.120/13. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) o câncer é um problema de saúde pública, sobretudo nos países em desenvolvimento, onde anualmente ocorrem mais de seis milhões de óbitos, representando 12% das causas de morte no mundo. Historicamente o câncer é associado à vergonha, falta de higiene física e impureza espiritual, que são aspectos frequentemente promotores de culpabilização do sujeito por seu sofrimento, por isso, afirma-se que o acometimento pelo câncer gera desafios psicológicos. Para a realização da pesquisa, estabeleceu-se contato com um Núcleo Regional de Combate ao Câncer sediado no município onde os dados foram coletados e, posteriormente foram convidados para participar do estudo as mulheres cadastradas, com câncer de mama, entre janeiro de 2014 e março de 2015 e, os homens cadastrados com câncer de próstata, no mesmo período citado. Esta escolha deu-se a partir da perspectiva de que as conversas sobre o diagnóstico do câncer seriam muito mais presentes nas entrevistas quanto mais próximas as mesmas fossem realizadas da data de recebimento da notícia sobre a confirmação da doença. Participaram da pesquisa 8 homens e 8 mulheres. Utilizaram-se entrevistas semiestruturadas, gravadas, que foram transcritas cuidadosamente. Quanto à idade dos participantes da pesquisa, a faixa etária das mulheres encontra-se na média de 59 anos e dos homens na média de 69,3±8,5 anos. Especificamente sobre a oportunidade de estar com os entrevistados, foi possível identificar temas como: o significado do processo saúde-doença-cuidado; o diagnóstico e, o tratamento e suas implicações. Tais temáticas proporcionaram a descoberta da reconstrução da identidade feminina e da identidade masculina após o diagnóstico, as dificuldades e o medo enfrentados por ambos, bem como, proporcionou reflexões do que venha a ser conviver com a doença e, por fim, as implicações do tratamento. O diagnóstico despertou nos entrevistados sentimentos de angústia, raiva, ansiedade, tristeza, medo da morte e questionamentos principalmente relacionados ao trabalho e à identidade pessoal. As pesquisadoras concluíram que estar com os participantes deste estudo promoveu também uma significativa aproximação aos sentimentos de mulheres e homens que adoecem de câncer, que muitas vezes têm seus sofrimentos socialmente desconsiderados, auxiliando o trabalho das pesquisadoras no campo da saúde, que obtiveram através das entrevistas uma maior compreensão do que vem a ser descobrir e conviver com o câncer, ampliando o entendimento dos sofrimentos, medos e limitações que a doença pode acarretar. Além de perceber a importância em desenvolver mais estudos desta natureza e investir na construção de propostas de prevenção e cuidado em oncologia, potencializando assim qualidade de vida para os sujeitos acometidos pelo câncer.

Referências Bibliográficas

Guerra, M. R, Gallo, C. V. de, & Mendonça, G. A. E. S. (2005). Risco de câncer no Brasil: tendências e estudos epidemiológicos mais recentes. Revista Brasileira de Cancerologia, 51(3), 227–234.

Sant’anna, B. D. (1997). A mulher e o câncer na história. In: M. G. G., Gimenez (Org.), A mulher e o câncer (pp.43-70). Campinas: Psy.

Área

1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.4 Saúde do Homem e da Mulher

Autores

Gabriela Borges Carvalho, Maira Julyê Mota Fernandes, Cintia Bragheto Ferreira