11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

ExpoGramado – Centro de Feiras e Eventos - Gramado /RS | 30 de agosto a 02 de setembro de 2017

Dados do Trabalho


Título

CONVERSANDO SOBRE A MORTE

Resumo

Geralmente a forma adotada pelo hospital para tratar a Morte é colocá-la num lugar de exclusão e silêncio. Entretanto, sabe-se que ela permeia cotidianamente o processo de trabalho hospitalar. Logo, é premente que se propicie a abertura de um espaço de conversa e movimento de inclusão, expressão, reflexão e ressignificação da Morte, envolvendo os colaboradores dessa instituição. Neste sentido, foi elaborado esse projeto com o objetivo de refletir acerca da Morte e do Morrer, conversando sobre seus significados, imagens, crenças e sentimentos envolvidos, ressignificando a experiência com a Morte. O “Conversando sobre a Morte” foi estruturado em dezembro de 2015, a partir de questionário dirigido a colaboradores do Hospital de Urgência de Sergipe (HUSE), a fim de se obter um levantamento de como eles são afetados pela Morte e abertura para o tema com vistas a proposição de atividades. Na ocasião, foram distribuídos 100 questionários, sendo 45% destes para técnicos de enfermagem. Dessa amostra, 91% reconheceram a importância de se conversar sobre a temática e 49% afirmaram ter vivenciado dificuldades ao lidar com a Morte no hospital, principalmente em virtude das reações emocionais dos familiares. Esses dados ratificaram a pertinência e potencialidade de se desenvolver intervenção dentro do contexto hospitalar, trazendo a Morte para o centro da discussão. Assim, o projeto foi organizado em encontros quinzenais, no formato de roda de conversa com duração média de 1 hora. Os encontros foram realizados na sala do Núcleo de Cuidados Prolongados do HUSE, sob a coordenação da psicóloga e apoio das médicas deste serviço, e eventual contribuição de convidados, no sentido de facilitar a abordagem de aspectos atrelados ao fenômeno da Morte. Em 2016 foram contemplados os seguintes aspectos: a Morte em nossa cultura; a Morte nas diferentes fases do desenvolvimento; tipos de Morte; suicídio; cuidados paliativos; sinais da Morte e possibilidades de conforto; a simbologia do corpo; a questão da comunicação diante da Morte; abordagem a familiares diante da perda; vivência do luto; ética no fim da vida; Morte e espiritualidade; influência da mídia na percepção da Morte. Nesses encontros, além dos depoimentos e reflexões, utilizaram-se textos, vídeos, dinâmicas, músicas, entre outros recursos possíveis. Foi constatado o quanto a temática mobiliza questões pessoais (laços afetivos, sentimentos, valores, crenças) e a relação direta dessas com o modo de se encarar a morte no exercício profissional. Ademais, falar sobre a Morte e temas relacionados propicia a análise e atende a princípios e diretrizes traçados pela Política Nacional de Humanização, os quais apontam para a valorização do trabalhador, reconhecimento das suas experiências, percepções e apreciação da sua palavra. Promover o diálogo e permitir que a palavra circule é um meio de dar visibilidade ao colaborador e torná-lo ativo no processo de produção de saúde. Assim, a execução desse projeto, até então, trouxe reflexões sobre um tema ainda negado e expôs sentimentos sobre o que é mais humano e que pode despertar para uma consciência mais plena da vida.

Referências Bibliográficas

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Área

1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.3 Morte e Processo de Luto

Autores

MARCIA MELO DE OLIVEIRA SANTOS