11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

11º Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar

ExpoGramado – Centro de Feiras e Eventos - Gramado /RS | 30 de agosto a 02 de setembro de 2017

Dados do Trabalho


Título

Pacientes oncológicos em contato com o morrer: Atuação do psicólogo

Resumo

A morte e o morrer continuam se revelando ao ser humano como um dos principais eventos causadores de sofrimento e angústia. Aprender a conviver com a consciência da finitude de maneira saudável envolve esforço técnico, científico e emocional, por parte da equipe de saúde, dos pacientes e dos familiares. Uma das atuações do psicólogo no ambiente hospitalar está diretamente associada ao acompanhamento e acolhimento de familiares no momento do recebimento da notícia do óbito de um paciente ou do agravamento da condição de saúde. Cada vez mais este profissional vem trabalhando diretamente com o paciente, acolhendo os sentimentos frente à terminalidade e favorecendo uma possível preparação para a morte. Na área da Oncologia o medo da morte acompanha o paciente desde o momento do diagnóstico, por isso, a atuação da Psicologia deve envolver o significado da morte para cada paciente e a forma como cada um enfrenta este momento. Cabe ao psicólogo auxiliar também a equipe de saúde, oferecendo um suporte para o contato com os pacientes terminais e ainda atentando para a forma como esses profissionais lidam a questão da finitude. O objetivo do presente trabalho é apresentar a experiência de atendimento a pacientes oncológicos em estado avançado da doença, a fim de contribuir para a discussão sobre formas de acolhimento e acompanhamento aos pacientes, familiares e profissionais. Trata-se de um relato de experiência que tomou forma a partir da atuação da primeira autora como psicóloga residente em um hospital universitário com pacientes oncológicos. Algumas pessoas, cientes da gravidade de seu caso, relatam tranquilidade, medo, raiva, aceitação e esperança de continuar vivendo. É possível perceber que o contato com a terminalidade acontece de maneira muito particular, influenciado por diversos elementos que compõem a história de vida de cada paciente. Dentre tais elementos, destacam-se as experiências anteriores de perdas, o significado religioso atribuído à morte e as condições do estado físico de cada paciente. As dores intensas que acompanham o avanço da doença culminam na manifestação verbal do desejo pela morte. Por outro lado, a religiosidade parece auxiliar no enfrentamento da morte com mais naturalidade e tranquilidade. A atuação da Psicologia com esses pacientes envolve desde um acolhimento às demandas emocionais, o estímulo à recordação de vivências significativas durante sua vida, a auto avaliação frente ao adoecimento, a manifestação de desejos e expectativas e o apoio aos familiares após o óbito. Visto a forma particular de cada paciente e familiar de enfrentar o agravamento da doença e proximidade do óbito, conclui-se que a atuação da Psicologia precisa ser compartilhada com toda equipe de saúde a fim de que os significados associados ao momento facilitem o processo de humanização, bem como a comunicação com familiares e pacientes. Considera-se que, quando há um acolhimento do paciente e sua família, a morte consegue ser vista como um processo natural, a limitação do tratamento é encarada de forma realística, com diminuição das respostas de negação. Falando sobre a morte aprende-se a viver de maneira mais plena.

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Área

1. Cuidados em Saúde nos Ciclos da Vida - 1.3 Morte e Processo de Luto

Instituições

Hospital e Maternidade Celso Pierro- PUC Campinas - São Paulo - Brasil

Autores

Luana Maria de Oliveira, Andreia Elisa Garcia de Oliveira, Thais de Lima Bezerra