11º Congresso Brasileiro de Mastozoologia e 11º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros

Dados do Trabalho


Título:

USO DE ARMADILHAMENTO FOTOGRAFICO ARBOREO NA CAATINGA PARA ESTUDOS ECOLOGICOS E COMPORTAMENTAIS DE MAMIFEROS

Resumo:

O uso de tecnologias emergentes e não invasivas têm se mostrado eficientes para obtenção de informações sobre riqueza de espécies, estimativas de densidade populacional, estudos ecológicos e comportamentais. Há décadas as armadilhas fotográficas são utilizadas para estudos de mamíferos terrestres em todo o mundo. Contudo, nos últimos anos, estes equipamentos estão cada vez mais sendo utilizados no dossel florestal, possibilitando o estudo de mamíferos arbóreos ou escansoriais. A instalação das armadilhas fotográficas arbóreas varia bastante consoante a estrutura florestal. Em algumas áreas de Mata Atlântica bem preservada, por exemplo, são utilizadas técnicas de rapel. Diante disso, nesse estudo pretendemos demonstrar o método que utilizamos para registrar os mamíferos arbóreos ou escansoriais por meio de armadilhas fotográficas arbóreas em uma área de Caatinga, fornecer a lista de mamíferos registrados e aspectos comportamentais registrados. O estudo foi desenvolvido na RPPN Serra das Almas, município de Crateús, Ceará, Brasil. Uma área de caatinga arbórea, também conhecido como “mata seca”, com dossel variando entre 10 e 20 metros. Entre outubro de 2019 e fevereiro de 2021, nós instalamos por meio de uma escada alumínio de 10 metros cinco armadilhas fotográficas arbóreas. A escada sempre serviu de apoio para o pesquisador subir na árvore e fixar a armadilha fotográfica nos galhos da árvore. Buscamos galhos mais grossos e com menos folhas (verdadeiras “janelas de passagem” no dossel) para diminuir o número de disparos estimulado pelo movimento das folhas. O nosso esforço amostral foi de 2.300 câmeras-dias. A mastoauna registrada foi composta por sete espécies de mamíferos arbóreos ou escansoriais de pequeno e médio porte, representadas por quatro ordens e distribuídas em sete famílias, sendo Rodentia e Primates as com maiores taxas de detecção. Macaco-prego (Sapajus libidinosus), sagui-de-tufo-branco (Callithrix jacchus), guariba-da-caatinga (Alouatta ululata), Tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla), Rabudo (Thrichomys laurentius), catita (Gracilinanus sp.), mocó (Kerodon rupestris). Das espécies de mamíferos registradas uma está categorizada como em perigo (EN) A. ululata e outra como vulnerável (VU) K. rupestris no Brasil. Dentre os comportamentos registrados, nós evidenciamos atividades noturnas de A. ululata (locomoção e defecação). Única espécie de primata que apresentou esse tipo de atividade neste período do dia, forte indicio de um ajuste comportamental especifico dessa espécie para o clima da Caatinga. O método de armadilhamento fotográfico arbóreo se mostrou eficaz para registrar espécies de mamíferos que utilizam totalmente ou parcialmente o dossel das árvores, principalmente os animais que utilizam as árvores e vivem em grupos. Além disso, foi possível obter dados comportamentais e ecológicos das espécies desconhecidos. Assim, a utilização deste método para registrar a fauna arbórea em áreas pouco estudadas da Caatinga pode ser uma alternativa importante para o monitoramento de fauna.

Financiamento:

RUFFORD FOUNDATION, FACEPE, CAPES, CNPQ

Área

Ecologia

Autores

Robério Freire Filho, Tatiana Isabel Braga Lopes, Bruna M T Andrade, Bruna Bezerra